Economia

Moeda única do Mercosul: ideia de Haddad é criticada por especialistas

O bloco econômico é formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A medida, no entanto, é criticada por especialistas, que temem prejuízos ao Brasil

Foto: Agência Brasil

Após visita de cortesia ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, disse nesta terça-feira (03), que os dois governos seguirão trabalhando para a criação de uma moeda comum no âmbito do Mercosul.

O bloco econômico é formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A medida, no entanto, é criticada por especialistas, que temem prejuízos ao Brasil.

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"Haddad é uma pessoa com muita experiência e um grande compromisso com a integração e seu maior objetivo, que é a moeda comum. Isso não significa que cada país não terá sua própria moeda, significa uma unidade para a integração e as trocas comerciais dentro do bloco", afirmou o embaixador, que foi vice-presidente da Argentina entre 2003 e 2007, no governo de Néstor Kirchner - que coincidiu com o primeiro mandato de Lula no Brasil.

Scioli lembrou que o Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina e destacou a importância de fortalecer a região em um contexto que chamou de "crise da globalização". "Foi um bom encontro com o ministro Haddad para falar sobre as políticas acordadas pelo presidente Lula e o presidente Alberto Fernández sobre integração energética e financeira, além do aumento do comércio entre os nossos países", completou.

Scioli foi acompanhado pelo chefe do Departamento Econômico e Comercial da Embaixada da Argentina, Rodrigo Bardoneschi.

Proposta é criticada por especialistas

Para especialistas, a implementação da medida, porém, esbarraria em um processo lento e complexo. Outros obstáculos seriam as disparidades entre as economias dos países que fazem parte do território.

O especialista em finanças Marcos Sarmento acredita que a adoção de uma moeda única não seria uma proposta viável para os próximos quatro anos, já que depende da definição de diversos parâmetros "objetivos e rigorosos" dos países da região que queiram aderir à ideia.

"Apostaria que não vai acontecer. É um processo muito demorado e complexo. Talvez possa haver algum tipo de facilitação de troca entre esses países, mas uma mudança assim demoraria anos", afirmou.

Especialista em direito econômico e finanças, o advogado Fabiano Jantalia explica que a medida traria muito mais riscos do que benefícios ao Brasil.

"Há o risco de [o país] se tornar o grande amparo econômico das demais nações do Mercosul. Hoje já respondemos por grande parte do volume de negócios em comércio exterior firmados pelos países do bloco. É preciso considerar também que estamos em um estágio de gestão fiscal muito mais avançado e temos uma pauta de exportações que nos coloca como pouco dependentes dos demais países", explicou.

*Com informações do Estadão e do Portal R7