Economia

Países da América Latina precisam ampliar integração financeira, diz FMI

Redação Folha Vitória

Nova York - Os governos de países da América Latina devem buscar ampliar a integração financeira da região, afirma um estudo de economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado nesta quinta-feira, 31, e que avalia sete países da região, incluindo Brasil, México e Panamá. A região é menos integrada que outras áreas do planeta e, entre medidas sugeridas pelo relatório, o Brasil deveria permitir a venda de bônus de empresas da região e de países vizinhos em seu mercado doméstico.

A avaliação do FMI é que o fim do superciclo das commodities e o rebalanceamento da economia chinesa "produziram uma forte desaceleração do crescimento na maior parte da América Latina" nos últimos anos, além de problemas domésticos de alguns mercados. Essa mudança mostra a necessidade de "identificar caminhos novos e alternativos para o crescimento". Isso exige capital novo e mercados financeiros profundos, ressalta o documento.

"É evidente que os países latino-americanos terão de estudar uma mudança de estratégia para continuar a desenvolver seus mercados financeiros", afirmam os autores do estudo, Charles Enoch, Mohamed Norat e Diva Singh, destacando que pode ter chegado a hora de os governos repensarem a estratégia regional de integração.

Uma maior integração financeira na região seria positiva por diversos fatores, afirma o estudo, incluindo o aumento da diversificação do risco e maior concorrência em países onde a saída de bancos estrangeiros levou à ampliação da concentração bancária.

O FMI cita que há algumas iniciativas para aumentar a integração, mas é preciso avançar mais. Entre estas medidas, os países da Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, México e Peru) lançaram o Mercado Integrado Latino-americano (Mila), com o objetivo final de unificar seus mercados de valores mobiliários. O relatório ressalta ainda que seria o momento oportuno para reanimar a antiga aliança do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela) para a criação de um mercado comum entre seus membros, sobretudo agora que a Argentina tem um presidente que sinaliza disposição de mudanças.

No setor privado, o documento menciona que a BM&FBovespa tem procurado se integrar mais com as bolsas da região e comprou uma participação na Bolsa de Santiago, no Chile. Entre os bancos, instituições financeiras de países como Brasil e Colômbia têm procurado ampliar a atuação além de seus mercados. Mesmo assim, a região segue menos integradas de que a média de outras partes do planeta. Para o FMI, um histórico de várias crises financeiras e questões regulatórias podem explicar a baixa integração dos países latinos.

O estudo sugere uma série de medidas para facilitar a ampliação da integração financeira da região. No caso brasileiro, além de permitir que empresas e países da região vendam bônus no mercado local, o relatório sugere que o governo amplie a possibilidade de investidores institucionais do País investirem em outros mercados e reduza a fragmentação do mercado de bônus públicos.