Carreiras e habilidades transversais são tendências no mercado de trabalho
Trata-se de habilidades e atividades que, aliadas aos conhecimentos da área em que se atua, conseguem dar autonomia ao profissional no mercado
O mercado de trabalho mudou e muito nos últimos anos. E fazem parte dessas grandes mudanças as carreiras múltiplas e as competências transversais. Se antes uma profissão tinha que ser escolhida pelas pessoas ainda jovens, prestes a entrarem na faculdade, esses termos aparecem para desconstruir esse estigma.
Carreiras múltiplas e competências transversais são habilidades e atividades que, quando aliadas aos conhecimentos da área em que se atua, conseguem dar mais autonomia a um profissional no mercado de trabalho.
Há quem use competências transversais em prol de uma mesma área, para migrar para uma outra ou, até mesmo, para prosseguir com duas atividades de diferentes áreas, nas quais aparecem as chamadas carreiras transversais. Algumas dessas competências são: relacionamento com o cliente, inteligência emocional, autoconhecimento, aptidão para gerir e liderar, dentre outras.
A pedagoga Silvana Padovani é um bom exemplo. Ela concilia as habilidades de relacionamento com pessoas e aptidão para liderar e gerir, com o trabalho na escola e também na gestão de seu material de construção. "Na pedagogia a gente evolui muito a questão de relacionamento com o próximo e, no cargo que ocupo, também trabalho com gestão. Essas duas habilidades somadas a uma terceira que tenho, que é vender, são fundamentais para tocar o meu próprio negócio. Eu amo fazer as duas coisas", diz.
Já Albaly Mendes, chegou a buscar advocacia para a formação, mas decidiu por um reposicionamento de carreira e está fazendo uma pós-graduação em comunicação e marketing em mídias digitais na Faculdade Estácio em Vitória. Ela já atua nesta área e utiliza sua habilidade de se relacionar com o cliente, adquirida também durante sua presença na área do direito, na sua nova profissão.
"Eu queria muito ser advogada, mas fui trabalhar literalmente com público. Advogado também tem muito relacionamento com o público, mas eu fugi um pouco para a área de comunicação digital. É bom quando você se sente bem atendendo um cliente, é bom quando você resolve o problema do cliente. Eu me encontrei na área do direito, mas eu quis mudar. Eu gosto de aprender. Nada me impede de um dia voltar, mas hoje estou mais focada para a área digital mesmo", fala.
Segundo Roberta Kato, diretora executiva da Kato Consultoria & Treinamento, as carreiras múltiplas, ou carreiras transversais, vêm justamente quando o profissional percebe que tem competências e conhecimentos que podem ser aplicados a uma outra atividade. "Essas habilidades podem ser colocadas à disposição de maneira remunerada ou não remunerada. Elas também podem ter ou não uma relação com o que eu já faço na minha profissão estabelecida", explica.
Roberta revela que a sociedade já teve um certo preconceito com quem decidia reposicionar a carreira. "Na maioria das vezes as pessoas escolhiam suas profissões com 17 anos e isso é muito pesado para a idade. A sociedade também via a mudança de carreira com maus olhos. Hoje, isso mudou e não é visto mais como uma 'falha de escolha de profissão'. Eu posso, por exemplo, pela manhã trabalhar aplicando uma consultoria e durante a noite dar aula de balé. Ou seja, não há uma relação direta entre as atividades, mas em ambas eu utilizo uma habilidade, que é se relacionar com pessoas, ensinar...", comenta.
Neidy Christo, vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Espírito Santo (ABRH-ES), cita que dentro dessas carreiras múltiplas, o profissional também pode escolher carreiras complementares. "Por exemplo: o profissional como um médico, atendendo clinicamente, também pode ser um professor - ensinando medicina -, e também pode dar palestra dentro de organizações para ensinar bons hábitos, por exemplo. Então esse profissional está focando dentro de uma carreira, mas abrindo horizontes para várias outras atividades", revela.
A especialista em Recursos Humanos diz ainda que carreiras transversais é positiva também pelo fato de remover o estigma, principalmente de jovens, de, aos 17 anos, ter de escolher uma carreira para a vida. "Eu adoro falar sobre carreiras múltiplas, porque tira um pouco da responsabilidade que temos, tanto jovens quanto adultos, de escolher uma carreira para sempre. Antigamente, chamávamos isso de carreira linear, na qual tínhamos que escolher lá no início da vida uma carreira e precisava dar conta dela o resto da vida. Hoje em dia essas carreiras transversais abrem um horizonte enorme, porque eu posso ter dentro dessas carreiras múltiplas tanto uma carreira tradicional quanto uma totalmente disruptiva", finaliza Neidy.
Assista ao vídeo abaixo:
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