Economia

Entidades afirmam que momento é de planejamento para evitar caos econômico

Representantes de setores produtivos acreditam que a hora é de analisar fatos e dados de quem já passou pela pandemia e criar um protocolo de ação

Foto: Divulgação/Pexels
Construção civil: cada empresa definiu parada ou não em função da pandemia de Coronavírus

Em tempos de pandemia do Novo Coronavírus uma discussão ganhou cores políticas e vem polarizando, mais uma vez, a população de todo o País. Afinal de contas, o isolamento deve continuar ou não? Cada um dos lados defende uma série de ideias e o embate continua. O empresariado acredita que é preciso começar a pensar, agora, na retomada da economia e se isso não acontecer o colapso é o cenário mais provável.

“O que temos que fazer é aproveitar o momento que o País vive. Estamos no começo da pandemia por aqui e vários países já passaram por ela. Então, temos que aprender com eles e começar a tomar as decisões agora, com base em dados e fatos. O que Japão, China, Coreia fizeram e que deu resultado? Como podemos fazer aqui adaptando à nossa realidade? Precisamos criar um protocolo de ação agora”. A afirmação é do presidente do movimento empresarial Espírito Santo em Ação e coordenador do Fórum de Entidades Federativas, Fábio Brasileiro.

Brasileiro não questiona a decisão do governo estadual de decretar 15 dias de confinamento. Segundo ele, foi uma medida necessária no momento. No entanto, é importante pensar o que vem depois e as consequências para a força produtiva do Estado. “Países ricos como os Estados Unidos e o Reino Unidos têm planos para injetar muito dinheiro na economia. Mas, não somos um país rico e precisamos planejar, pensar como fazer para evitar o caos”.

O presidente do Espírito Santo em Ação também chamou a atenção para medidas que alcancem os pequenos e médios empresários, que devem ser os mais afetados com a estagnação da economia. “Eles são mais de 80% do empresariado do Estado. E se eles não tiverem condição de empregar, de pagar impostos, o reflexo vai ser dentro das casas dos trabalhadores da iniciativa privada. Se o sujeito estiver dentro de casa, com fome, ele vai ter que ir para a rua, conseguir comida para sua família de alguma forma. Aí que o caos toma conta.”

O setor da construção civil, com destaque para o mercado imobiliário, vinha ganhando fôlego com juros baixos, inflação em queda e linhas de financiamento mais acessíveis. Mas, nos últimos 15 dias, o cenário mudou. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon-ES), Paulo Baraona, o foco das empresas está na prevenção do contágio da covid-19.

“O governador não fez restrição à continuidade das obras da construção civil, mas ressaltou que o setor deve assumir todas as formas de prevenção no canteiro, entre os trabalhadores. Sabemos que algumas empresas pararam e outras continuam. Isso depende muito do tipo de empreendimento, do setor em que a empresa atua e da capacidade financeira que a empresa tem”, afirmou Baraona.

O presidente do Sinduscon alertou para os danos que virão com a interrupção das atividades na economia. “Sabemos também que essa nova crise vai pegar as empresas mais fragilizadas, pois elas vinham em processo de recuperação. Entendemos que vamos precisar de medidas governamentais para amenizar os impactos trabalhistas e tributários. É um momento que trará perda para todos: governo, empregadores e empregados.”

O presidente da Federação do Comércio do Estado (Fecomércio), José Lino Sepulcri, disse que a entidade busca soluções para o fechamento do lojas e a paradeira da atividade comercial.

“Estamos em contato direto com as autoridades par avaliarmos o impacto causado com o fechamento das lojas, que a nosso ver foi muito assertiva por parte do governador. Penso que, a nível de Espírito Santo, a epidemia está estagnada. Persistindo isso, o governo deverá antecipar a abertura do comércio. Estamos ansiosos para evitar que o caos aumente ainda mais para a economia”, afirmou José Lino.

A Federação das Indústrias do Estado (Findes) informou que instituiu um comitê de crise para deliberar sobre medidas de controle do Coronavírus e orientações às empresas. A entidade observou as normas adotadas pelo governo estadual e prefeituras e as recomendações das autoridades de saúde pública, para conter a disseminação do vírus e regular a operação das atividades empresariais.

“Acreditamos na liderança do governo estadual, que está se organizando para enfrentar essa crise. Avaliamos que as decisões devem ser tomadas com base em fatos e dados. Mas avaliamos também que o governo precisa, com urgência, adotar as medidas para preservar os empregos e mitigar os impactos negativos na atividade econômica", disse o presidente da Findes, Léo de Castro.

Entre as medidas que podem ser adotadas, de acordo com a Findes, estão a prorrogação do pagamento de impostos e linhas de crédito especiais. A entidade também acredita que o governo federal precisa assumir parte dos salários, em caso de suspensão de contratos, para evitar demissões, como tem ocorrido em outros países.

A Findes informou ainda que encaminhou, junto com o Fórum de Entidades e Federações (FEF) e com a Confederação Nacional da Indústria, uma série de pleitos aos governos federal e estadual e às prefeituras. “Alguns foram atendidos parcial ou integralmente, mas precisamos de velocidade na avaliação desses pleitos, para preservar os empregos e para que as empresas possam atravessar este momento de crise”. 

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