Em meio à pandemia, preços de produtos nos supermercados disparam no ES
Alguns importados estão mais caros por causa da alta do dólar, mas outros produtos não possuem relação com a moeda americana e, mesmo assim, vêm apresentando altas significativas, de até 50%
Com a pandemia do Novo Coronavírus, os preços de vários produtos nos supermercados do Espírito Santo ficaram mais elevados. Alguns deles estão mais caros por causa da alta do dólar. No entanto, com relação aos produtos que não são importados, na grande maioria dos casos não existe uma justificativa para a alta.
É o caso, por exemplo, do açúcar. Em alguns estabelecimentos, o pacote de 5 kg do produto, que era achado, em média, por R$ 9, agora está custando R$ 15. Também subiram de preço o leite, feijão, arroz e o óleo de soja, entre outros.
Já produtos importados ou que são fabricados a partir de insumos que vêm de fora do país até têm justificativa para a alta nos preços, devido à alta do dólar. É o caso, por exemplo, do trigo, usado para a fabricação de pães, bolos e biscoitos. Metade do trigo consumido no Brasil é importada.
O superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, destaca que, se o preço do produto não for influenciado pelo dólar, não há motivo nenhum para subir.
"O alho, o trigo. Você vê às vezes as massas, os biscoitos subirem, mas são justificáveis até certo ponto. Não exageradamente, porque há pouco tempo nós estávamos com o dólar a R$ 3,70, R$ 3,80. Hoje está mais de R$ 5, então justifica. O que nós não concordamos é com produtos que o aumento é injustificável: o leite, o açúcar. Ovos, por exemplo, deu uma disparada violenta. Então eu acho que às vezes pode até ter um aumento, mas não nessa ordem", afirmou.
O superintendente diz ainda que a própria Acaps já verificou que, em alguns casos, produtos fabricados no Brasil, sem relação com o valor do dólar, já estão até 50% mais caros. Ele afirma que os fornecedores da indústria alimentícia foram os que aumentaram os preços.
"Eu posso garantir que não é o supermercadista. E se for ele, que se justifique. Eu acho que os órgãos competentes têm autonomia para averiguar. É inadmissível uma alta de 50%. Isso historicamente não aconteceu".
O comerciante Ricardo Mota, dono de um supermercado na Grande Vitória, alega que outros fatores, além do aumento do dólar, influenciam no aumento do preço dos produtos.
"Como supermercadista, estou sofrendo com o aumento de algumas mercadorias que são sazonais, como ovos e como o açúcar, que está no final da safra. Com o aumento do dólar, muita coisa foi repassada. E ainda temos alguma dificuldade referente ao frete. Muitas mercadorias saem do sul do país e vêm até aqui, e o motorista voltava com outra mercadoria, que agora não tem mais, porque as indústrias estão paradas. Então acabamos tendo que arcar com o frete de vinda e de retorno para esses estados, o que acaba onerando o valor do custo da mercadoria", explicou.
Os aumentos não passaram despercebidos pela recepcionista Krisna Gomes, que afirma que tem pesquisado os preços em diferentes estabelecimentos, a fim de economizar mais nas compras.
"Eu passei em mais dois supermercados, esse é o terceiro que eu venho. O preço subiu bastante. Eu acho que eles estão abusando um pouquinho, para não falar bastante. A diferença está muito grande de um supermercado para outro", afirmou.
Termo de compromisso
Para coibir a prática de preços abusivos, a Acaps firmou, na última sexta-feira (03), um termo de compromisso com o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e o Procon Estadual. Segundo a associação, a orientação é para que os lojistas informem qualquer ocorrência de elevação de preços sem justa causa, por parte dos fornecedores, para que, dessa forma, possa acionar os órgãos responsáveis, que adotarão as medidas cabíveis.
O diretor-presidente do Procon-ES, Rogério Athayde, ressalta que a fiscalização não vai se limitar à Grande Vitória. "Estamos fiscalizando os comércios através das últimas cinco notas fiscais de compras desses estabelecimentos. Junto com a Secretaria da Fazenda, nós estamos fazendo essa fiscalização. Também hoje o Procon Estadual tem fiscais no interior do estado para ajudar a população. Se você tiver alguma dúvida, ligue para o 151 ou faça sua reclamação através do aplicativo, que nós vamos apurar a denúncia", orientou.
O superintendente da Acaps também recomenda aos supermercadistas que não pratiquem aumento fora da realidade. "A gente sabe que todas as empresas têm que ser autossustentáveis, mas temos que dosar para depois não sofrer mais. Acredito eu que, com pouco tempo, o que pode acontecer é ter o produto abaixo do custo e não ter quem consuma", frisou.
Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV