Economia

PT pode ter fatia na ‘Nova Oi’reduzida à metade

Redação Folha Vitória

Rio - A Portugal Telecom corre o risco de ver sua participação cair quase pela metade na CorpCo, empresa que surgirá da fusão com a Oi, caso não consiga um desfecho positivo para o imbróglio que se tornou o investimento de 897 milhões de euros (cerca de R$ 2,7 bilhões) feito em títulos da Rioforte, empresa que controla o Banco Espírito Santo (BES).

Os próximos dias serão decisivos para saber se o episódio irá contaminar ou não a fusão das duas empresas. Pelo desenho inicial, a operadora portuguesa teria 38% da CorpCo ao final do processo, previsto para outubro. O Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou que a fatia portuguesa pode baixar para 20% no pior cenário.

Os executivos da PT ainda correm contra o tempo para tentar montar uma engenharia financeira, que evite um calote da Rioforte, empresa com problemas de caixa. Entre os sócios brasileiros da Oi, o pagamento dentro do prazo seria a melhor solução, pois não atingiria os negócios fora de Portugal.

No próximo dia 15, vence a maior parte da aplicação (847 milhões de euros) e, dois dias depois, os demais 50 milhões de euros. Os sócios brasileiros não cogitam arcar com o prejuízo e a redução da participação da portuguesa na nova companhia é vista como a única solução em caso de calote.

Mesmo que ele não aconteça, o Broadcast apurou que já houve um forte desgaste nas relações entre os sócios brasileiros e a PT. Há uma preocupação com a imagem de governança corporativa da nova empresa, que poderá ser abalada pelo episódio.

Na fusão com a Oi, foi feito um aumento de capital de R$ 13,96 bilhões, sendo que a PT entrou com os seus ativos, avaliados em R$ 5,7 bilhões pelo banco Santander Brasil. O laudo foi elaborado em fevereiro, sendo que a operação da PT na Rioforte teria ocorrido em meados de abril - a data não foi informada pela empresa portuguesa em esclarecimento sobre a operação.

A aplicação de tesouraria da operadora portuguesa, feita em papéis comerciais da Rioforte, tem remuneração média anual de 3,6%. A operadora justificou que a escolha do título da Rioforte ocorreu devido à "atratividade da remuneração oferecida".

Após dias de desvalorização, as ações ordinárias da Oi fecharam em alta hoje, de 1,07%, negociadas a R$ 1,89. Já os papéis preferenciais seguiram em baixa, com queda de 1,12%, aos R$ 1,76. No ano, acumulam perdas de 47,65% (ordinárias) e de 50,97% (preferenciais). Em 5 de junho a Oi S.A chegou a ser notificada pela New York Stock Exchange (Nyse), onde é listada, por estar fora do padrão da bolsa em que a cotação média dos papéis de uma companhia não pode ficar abaixo de US$ 1 pelo período consecutivo de 30 dias.

Minoritários

Os acionistas minoritários da Oi estão avaliando os detalhes do caso para definir se irão tomar alguma ação contra a empresa, o que pode incluir reclamação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na SEC (a xerife do mercado norte-americano). Os eventuais questionamentos deverão recair sobre a relação de troca de ações entre as companhias.

Desde o início do processo, os minoritários questionaram os termos do acordo de fusão entre a Oi e a PT, considerado prejudicial para eles. No entanto, ainda não se posicionaram formalmente sobre o caso recente. (Colaborou Mariana Durão)