Economia

Queda de 0,5% no varejo em 12 meses é a primeira desde março de 2004, diz IBGE

Redação Folha Vitória

Rio - A queda de 0,5% acumulada em 12 meses até maio pelo varejo restrito é a primeira registrada desde março de 2004 (-0,6%), informou nesta terça-feira, 14, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "A conjuntura desfavorável, a restrição orçamentária e a confiança baixa afetam o consumo das famílias", afirmou Juliana Paiva Vasconcellos, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do órgão.

Ao todo, cinco dos oito segmentos investigados já apresentam queda nesse horizonte, segundo o IBGE. "Sobrevivem", destacou Juliana, os equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, os outros artigos de uso pessoal e doméstico e os artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria.

Mesmo assim, o desempenho desses setores também vem perdendo fôlego, entre eles o farmacêutico. "Realmente tem uma diferença, estamos consumindo o mais essencial mesmo. As coisas que não são essenciais podem estar sendo cortadas", afirmou a gerente.

"Este ano, as vendas estão batendo vários recordes negativos", acrescentou Juliana, comentando que houve deterioração grande ao longo deste ano. "Já estamos com queda em 12 meses", reforçou.

Em maio, a massa de rendimento habitual dos trabalhadores, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), recuou 5,0% ante maio de 2014. As operações de crédito livre para pessoa física, segundo o Banco Central, também está crescendo menos, comentou Juliana. "O consumo das famílias é afetado por renda, preço e expectativa do consumo", explicou.

Quando considerado o varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, a queda de 5,0% acumulada em 12 meses até maio é espalhada por sete dos dez setores investigados, puxada por veículos e motos, partes e peças (-13,9%).

Móveis e eletrodomésticos

A queda de 18,5% nas vendas de móveis e eletrodomésticos em maio ante igual mês de 2014 foi a maior já observada na série da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), iniciada em 2000, apontou o IBGE. O desempenho é tão ruim que até a receita nominal do setor também está encolhendo, ou seja, nem o efeito de alta de preços é suficiente para que as vendas cresçam em valor.

O setor de móveis e eletrodomésticos costumava ser beneficiado pelo Dia das Mães. Em 2015, porém, a restrição de crédito e de renda dos brasileiros não favoreceu a data. "Neste ano, os presentes foram mais uma lembrancinha, um bombonzinho", exemplificou Juliana.

"No Dia das Mães, em comparação com outros anos, as atividades geralmente impactadas positivamente tiveram um desempenho muito abaixo", acrescentou. Neste ano, ainda pesou o fato de maio de 2015 ter um dia útil a menos do que em igual período do ano passado.

Vendas de combustíveis

As vendas de combustíveis têm sido afetadas pelo preço, que está subindo acima da inflação média, afirmou Juliana. Em maio, o setor teve retração de 4,2% em relação a igual período de 2014. Em 12 meses, as vendas já encolheram 1,1%. "Os combustíveis estão sendo afetados pelo preço", apontou Juliana. Segundo ela, a alta em 12 meses até maio é de 9,2%, contra 8,5% na média do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Nos alimentos, por outro lado, a inflação tem sido um pouco mais benigna. A alta de 7,9% acumulada em 12 meses até maio, apontou Juliana, ficou abaixo da média. "Mesmo com preços abaixo da inflação geral, o setor tem desempenho negativo por conta da perda do poder de compra. As pessoas acabam cortando o que não é essencial", disse a gerente.

Em maio, o setor de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo registrou queda de 2,1% nas vendas em relação a maio do ano passado. Em 12 meses, o segmento já acumula recuo de 0,9% nas vendas.