Economia

"Imposto rosa": mulheres pagam até o dobro do que homens em produtos; entenda

Custo maior em produtos pensados para a ala feminina, além de carga de Imposto de Renda mais elevada para elas, faz reduzir poder de compra

Redação Folha Vitória

Foto: Reprodução/ Alobras

As mulheres pagam mais caro em produtos do que os homens. É o que constatou uma pesquisa que comparou itens produzidos pelo mercado para os diferentes nichos. Alguns deles, como a lâmina de barbear, chegam a custar o dobro para as mulheres.

A pesquisa da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) revelou que produtos pensados para mulheres, com embalagens rosas ou com personagens femininos são, em média, 12,3% mais caros. No caso da lâmina de barbear, a diferença chega a 100%.

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A diferença de preço não se restringe a produtos com embalagens. No caso do  vestuário, por exemplo, um modelo básico de calça jeans podem ter um custo 23% maior nos modelos femininos do que nos masculinos.

Para especialistas, a chamada “tarifa rosa”, que incide em itens pensados para a ala feminina, amplia a desigualdade de gênero no Brasil. Isso porque a taxação afeta diretamente o poder de compra da mulher.

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O advogado tributarista Samir Nemer explica que a taxa rosa onera principalmente cosméticos, produtos de higiene pessoal ou itens do consumo feminino como barbeadores ou panelas de cores associadas a mulheres.

Outros itens básicos que chamam a atenção são os relacionados à prevenção de doenças sexuais e gravidez: os preservativos, por exemplo, têm 9,25% de tributos em seu preço final. Já o DIU hormonal ou pílulas anticoncepcionais têm 30% de impostos”, ressaltou Nemer.

O especialista explica que essa diferença de valores e percentuais ocorre com a justificativa de fabricantes de terem modificado os produtos para elas. 

“É preciso que as consumidoras também avaliem se aquela diferenciação entre o item masculino e o feminino só ocorre por conta da cor ou se realmente há uma real justificativa para um custo maior, com mais benefícios para elas”.

Outro estudo que chama a atenção é o elaborado pela Macfor. A estratégia de elevar os preços de produtos e serviços específicos para mulheres é desconhecida para 56% de consumidores brasileiros, de 18 a 44 anos, das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.

Para 98,3% dos entrevistados, a taxa rosa é mais evidente em produtos e serviços ligados ao setor de beleza e perfumaria. Já para 89,7%, a indústria de moda tem mais incidência de “Pink Tax”.

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Samir Nemer cita ainda um relatório do Ministério da Fazenda baseado nas declarações do Imposto de Renda de 2021 e 2022, divulgado recentemente. 

O levantamento aponta que mulheres enfrentam maior carga de tributação do Imposto de Renda em comparação aos homens, sendo que o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) acaba atuando como um “amplificador da desigualdade de gênero”.

“No IRPF, isso ocorre porque a cobrança é feita sobre o ganho com salários, que é a maior parte da renda feminina, e não incide sobre lucros e dividendos pagos por empresas, que compõem a principal renda masculina. Com o Imposto de Renda e a taxa rosa, esse custo a mais para as mulheres impacta o orçamento das famílias, principalmente em casas sustentadas por elas”.

O problema não para por aí: a tributação sobre o consumo no Brasil prejudica também mais as mulheres, que comprometem uma parte maior de sua renda consumindo. “Como elas ganham menos, os impostos pesam mais para elas mesmo quando gastam o mesmo que os homens”, explicou Nemer.

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