Economia

Abelhas sem ferrão produzem no Estado o chamado "mel gourmet"

O Espírito Santo tem a maior produção desse tipo de mel em comunidades indígenas da América do Sul

Foto: Divulgação

Você já ouviu falar em abelhas sem ferrão? Tem muita gente descobrindo as vantagens de se tornar um criador dessas espécies, ou seja, um meliponicultor. Uma dos benefícios é que não precisa de equipamento especial de proteção para evitar as ferroadas nem fumaça para acalmar as abelhas. E mais, o espaço para a criação é pequeno. E o mel especial, produzido por essas abelhas, é quatro vezes mais caro que o mel convencional.

Produção em aldeia indígena

A criação das abelhas sem ferrão tem se destacado nas aldeias indígenas de Aracruz, no norte do Estado. Esse ano foram produzidos 460 quilos de mel. É a maior produção em comunidades indígenas da América do Sul. 

Cinquenta e quatro famílias de doze aldeias já são adeptas da meliponicultura. Cada família produz, em média, dois quilos de mel por ano. Uma delas é a da dona Regina Célia. Ela mora na aldeia indígena Córrego do Ouro. Quando recebeu o convite para criar abelhas sem ferrão no quintal de casa, ela aceitou na mesma hora.

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Regina Célia cria abelhas sem ferrão 

"Meu avô criava abelhas lá no Ceará e lembrei da minha infância. Eu recebi o curso, comecei com 5 caixas de abelhas e agora tenho 37. Estou gostando muito porque aumentou a renda da minha família", conta Regina Célia Maciel da Costa.

A meliponicultura nas aldeias foi incentivado por meio do programa de sustentabilidade tupi-guarani, da Suzano Papel e Celulose - maior produtora global de celulose de eucalipto.

"A Suzano promove desde a formação dessas famílias para fazer o manejo das colmeias, a´té a assistência técnica, e também apoiamos a comercialização. Além disso, ajudamos na construção da marca e das embalagens.  Em breve, além do mel, as famílias vão vender também o pólen e a cera", explica a consultora de desenvolvimento social da Suzano, Cláudia Belchior.

No quintal de casa

A Associação dos Meliponicultores do Espírito Santo (AMES-Es) estima que atualmente 600 pessoas se dedicam a criação dessa espécie, muitas na Grande Vitória mesmo. Outras utilizam um pequeno espaço da propriedade que possuem, como explica um dos fundadores  e  diretores da AMES- ES,  Adailton Gonçalves Pinheiro: 

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Abelhas sem ferrão produzem mel de alto valor comercial e nutritivo

"Alguns criadores mantêm a colmeia em quintais e sítios. Em uma área de 300 metros quadrados é possível ter até 100 colmeias. Quem começa nessa atividade se apaixona, por causa do baixo custo, pela facilidade com os cuidados e pela qualidade do mel que é produzido", afirma.

Mel Gourmet

Mas qual a diferença afinal entre o mel tradicional e o mel das abelhas sem ferrão?

O mel convencional é produzido por abelhas que vieram de fora do Brasil, como as africanas e europeias, por exemplo. É mais doce, consistente e mais barato. O litro custa em média R$ 30,00.

Já o chamado "mel gourmet" é feito por abelhas nativas do Brasil. O mel não é produzido em favas, mas sim em "potes", tem 10% menos de açúcar, mais líquido e também mais ácido. A produtividade é menor que o tradicional, mas o preço maior: o litro gira em torno de R$150,00.

Esse vídeo mostra as abelhas da espécie uruçu-capixaba, produzindo mel verde. Veja que o mel é feito em "potes" não em favos, como as abelhas tradicionais. 


Espécie capixaba

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Uruçu-capixaba

Existe uma abelha sem ferrão que só é encontrada no Espírito Santo. A espécie melipona capixaba é conhecida como  “uruçu negra”, “uruçu preta” ou “uruçu-capixaba”. Ela é uma excelente polinizadora, encontrada na região de Domingos Martins e corre o risco de extinção.




Onde é vendido

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Mel "gourmet" é menos consistente e menos doce

Ficou curioso para experimentar o mel gourmet? Aqui no Estado, a maioria dos criadores vende o mel em feiras orgânicas. Já os meliponicultores de Aracruz conseguem vender para casas de produtos naturais e restaurantes sofisticados de São Paulo, que usam na produção de alguns pratos.

Abelhas mordem intrusos

Não pense que por não ter ferrão, as abelhas nativas não sabem se defender. Estudos mostram que elas tem um mecanismo de defesa suicida. É que se elas identificarem algum animal intruso nos ninhos-colônia, algumas espécies "mordem". E elas ficam tanto tempo presas ao alvo que acabam morrendo.

Curiosidades do "mel gourmet"

O mel das abelhas nativas tem mais umidade, então fica mais aquoso e claro. E tem aromas, sabores e colorações diferentes. Por ter menos açúcar é ideal para culinária.

Ele é adoçado pela frutose, diferente do tradicional, que tem sacarose. Tem propriedades antibacterianas e é tradicionalmente usado contra doenças pulmonares, resfriado, gripe, fraqueza e infecções de olhos, em várias regiões do país.

O meliponicultor, Tiago Barros dos Santos, fala um pouco mais sobre as características do mel gourmet.


















entre meio litro de mel a 5, 6 litros por colméia.- 2 floradas no ano

mel gourmet, tem propriedades medicinais altas, antiinflamatórios, antibactericidas


de um enxame elas multiplicam para 2 ou 3 por ano

99% dos meliponicultores vendem nas feiras orgânicas

1 cooperativa dos indios de aracruz, apoiado pela Suzano- no caso deles 90% vai para São Paulo.

existe uma lei para tentar regulamentar a venda desses produtos

precisava da aprovação da lei para conseguir essa

ainda é artesanal

Muito menos glicose, sabor especial, mais claros.- produz própolis de alta qualidade

os indios já criavam essas abelhas, mas n

aqui no es, temos catalogadas 46 espécies- sociais e não  diferentes das abelhas nativas, dentre elas uma recebeu o nome de urussucapixaba- porque só tem aqui no ES, vem da regiao serrana, domingos martins, paraju- 20 de agosto - dia da criação da associação.

no Brasil estima-se que tenha 2000 especies. 600 sociais, e não sociais


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