Economia

Dia do empreendedor: conheça capixabas que driblaram a crise e se reinventaram

No Dia do Empreendedor, comemorado nesta quarta-feira (5), o Folha Vitória traz histórias de empreendedoras que conseguiram superar os obstáculos, se fortaleceram e, hoje, colhem os frutos de todo esforço e dedicação


Foto: Montagem Folha Vitória

Empreender não é fácil. É necessário ter persistência, coragem e força de vontade para fazer dar certo e não desistir no meio do caminho. Além dos obstáculos do que surgem no caminho do empreendedorismo, a pandemia do novo coronavírus trouxe muitos outros desafios para os empreendedores, que precisaram trabalhar em dobro e se reinventar.

No Dia do Empreendedor, comemorado nesta quarta-feira (5), o Folha Vitória traz histórias de empreendedores que conseguiram superar os obstáculos, se fortaleceram e, hoje, colhem os frutos de muito trabalho, esforço e dedicação.

Aos 25 anos, a capixaba Gabriela da Silva Maioli já é dona da própria marca de roupas. Ela criou a Violeta há pouco mais de 2 anos, no auge da pandemia, e conta que tudo começou em junho de 2020 quando, ainda sem pretensão de empreender, decidiu confeccionar um cropped com a mãe. 

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
"Assim que a peça ficou pronta, resolvi postar em uma rede social, sem pretensão de venda. Muitas pessoas responderam que a peça era muito bonita e perguntaram se eu poderia fazer para vender. Vi a oportunidade de conseguir uma renda extra", explicou a empreendedora. 

Com a repercussão nas redes sociais, ela decidiu então começar o próprio negócio. O primeiro passo, além da confecção, foi criar um perfil para a loja nas redes sociais, que na época, era a melhor forma de divulgar seu trabalho.  

"Sempre mexi com tecidos acetinados e brilhosos, e isso foi trazendo uma identidade para a marca. Fiz diversas vendas e decidi criar novos modelos para ir ampliando o negócio", contou Gabriela. 

Em quatro meses, a loja virtual ganhou mais de 4 mil seguidores nas redes sociais e Gabriela decidiu formalizar o negócio, abrindo um CNPJ e criando o próprio site.

No final de 2020, ela estava vendendo cerca de 15 peças por dia virtualmente. Agora, a média de vendas diárias subiu e ela já acumula mais de 20 mil seguidores no Instagram. 

Vendo o sucesso da marca, no final do ano passado ela decidiu ampliar o negócio  e criou uma loja física, com a fábrica de confecção das peças. Com ajuda de uma costureira e um motoboy para fazer entregas na região, ela alavanca o negócio a cada dia e espalha a sua marca também todo o Brasil. 

Irmãs "poderosas" e empreendedoras

Outra história de empreendedorismo inspiradora é a da capixaba Maria Aparecida Gomes Vieira, de 29 anos, que abriu o seu próprio negócio no mercado de moda feminina em 2017. Ela é de Sooretama, no Norte do Estado, e  decidiu empreender, principalmente, por conta do índice de empregos, que é menor na região.

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Maria tem como sócia na Poderosas do Brasil a irmã, Rayane Gomes, que participa dos negócios desde o começo da loja física. As duas sofreram todas as consequências da pandemia e isolamento social e, inclusive, precisaram suspender as vendas por algumas semanas, durante o fechamento do comércio. 

"Suspendemos as vendas por algumas semanas, mas a todo o momento pensamos em algo que poderíamos fazer para não sermos afetadas de forma brusca nos negócios, fortalecendo as vendas online que, de certa forma, ganhou mais visibilidade", conta Maria. 

As irmãs, que já tinham o desejo de confeccionar as próprias peças e criar a própria marca, viram no momento difícil uma oportunidade. Sem poder viajar para comprar novas peças, elas iniciaram a produção com o que tinham. 

"Naquele momento era algo muito pequeno, pois nossas máquinas eram simples e  caseiras, então a fabricação era uma alternativa que tínhamos", disse. 

Depois, no entanto, as peças de fabricação própria viraram prioridade. Assim, as irmãs começaram a investir em máquinas novas que poderiam atender uma demanda maior e, consequentemente, oferecer melhor acabamento às peças.

Enquanto a loja funcionava virtualmente, as sócias começaram a trabalhar em casa e se dividiram em diferentes funções. Maria ficou responsável pelas vendas e a Rayane começou a se dedicar à confecção das peças. 

Durante a pandemia, segundo Maria, a maior dificuldade foi a elevação dos preços dos fornecedores, que tinham reajustes constantes. Apesar disso, ela destaca que o período foi de muito crescimento, pois foi quando direcionou todas as forças com a sua irmã e focou na produção das roupas. 

"Hoje conseguimos respirar de forma mais tranquila, as vendas aumentaram, produção engrenou e conseguimos fazer as coisas acontecerem", explicou. 


Com todo o sucesso da marca, as irmãs, que hoje enviam suas peças para todo o Brasil, têm  grandes planos para o futuro. O principal, é abrir uma fábrica de roupas, com cursos especializados na cidade em que moram. 

Amizade que virou sociedade

Enquanto alguns setores registraram queda nas vendas durante a pandemia, outros tiveram um desempenho melhor e viram o faturamento crescer, mesmo com o isolamento social. Esse é o caso, por exemplo, do mercado de bebidas alcoólicas. 

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Há oito anos, os sócios Anderson Dazílio e Celso Júnior enxergaram no setor uma oportunidade de conquistar a liberdade financeira e decidiram empreender na área. Juntos, eles montaram uma distribuidora de bebidas em Cariacica, conquistaram clientes e hoje se tornaram referência na região. 

"Decidimos empreender, a princípio, pelo fato de querer conquistar nossa liberdade financeira. Na época, enxergamos que essa área tinha potencial, arriscamos e, graças a Deus, acertamos. A ideia de criar a Empório das Bebidas foi do Anderson. Eu já tinha experiência na área e ele estava motivado pelo fato de ter seu próprio negócio, então conversamos e decidimos, juntos fazer, um empréstimo. Durou 4 anos para ser pago, foi um perrengue, mas graças a Deus deu certo e hoje estamos bem", conta Celso Júnior.

Embora as vendas tenham sido boas na pandemia, os empreendedores enfrentaram uma outra dificuldade: manter a distribuidora aberta e continuar trabalhando, mesmo com os decretos de fechamento do comércio. 

"As vendas no nosso segmento melhoraram, pois as pessoas estavam em casa e acabaram consumindo mais. Por outro lado, tivemos dificuldade para trabalhar durante o isolamento, quando pediram para fechar o comércio. Só podíamos trabalhar em horário reduzido, às vezes com meia porta aberta e chegamos ao ponto de ter que trabalhar escondido. Tínhamos acabado de fazer um investimento alto e não podíamos ficar fechados, então tivemos que dar um jeito de continuar trabalhando. Se não tivéssemos feito isso, certamente teríamos quebrado", afirma Anderson. 

Em oito anos, a distribuidora passou por duas reformas, além de outros investimentos. A mudança mais recente aconteceu em janeiro deste ano, quando Anderson e Celso decidiram modernizar a fachada no estabelecimento. Agora, no cenário pós-pandemia, as expectativas são as melhores.  

Reprodução/Arquivo Pessoal
Reprodução/Arquivo Pessoal

"Nós conseguimos arcar com as contas e com os investimentos, então o nosso negócio melhorou bastante. Não quer dizer que estamos lucrando mais, e sim, que estamos conseguindo atender melhor nossos clientes. Nosso plano é continuar nossa trajetória. Nossa meta é se manter no mercado, ganhando o pão de cada dia, que não é fácil. Mas temos uma clientela fiel que, na verdade, são também amigos. Estamos buscando sempre melhorar a qualidade e nosso atendimento para conquistar muito mais clientes", destacam os sócios.

*Texto da estagiária Gabriela Vasconcellos, com supervisão da editora Thaiz Blunck.