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Sabatina: Coser promete criar Patrulha do Transporte Público em Vitória

Candidato a prefeito disse que “quem está aprontando não entrará no ônibus se souber que poderá ser abordado”. Leia a entrevista completa

O candidato do PT à Prefeitura de Vitória, João Coser, foi o segundo entrevistado na série de sabatinas promovidas pela Rede Vitória com os principais postulantes a prefeito da cidade. Por 30 minutos, nesta quinta-feira (03), ele respondeu a perguntas e apresentou suas propostas para o município.

As entrevistas, realizadas pela Rádio Pan News Vitória (90.5 FM), são transmitidas simultaneamente pelo jornal online Folha Vitória e começam sempre às 11h30, de segunda a sexta-feira.

João Carlos Coser (PT) tem Priscila Manso como candidata a vice . Na sabatina, ele foi questionado sobre patrulha do transporte público, pó preto, educação, entre outros temas.

O candidato disse que pretende abrir mais escolas em tempo integral, além das obrigatórias, principalmente nas áreas periféricas, para ajudar as mães que não têm com quem deixar seus filhos “As áreas mais periféricas têm que ter escola em tempo integral”, afirmou.

A ordem das sabatinas com os candidatos foi definida por sorteiosendo elaborada a partir dos cinco candidatos com melhor pontuação no cenário estimulado da pesquisa Futura. Nesta sexta-feira (04) será a vez de Lorenzo Pazolini (Republicanos).

Abaixo, confira a transcrição completa da sabatina com João Coser:

Candidato, na eleição para presidente a maioria dos eleitores de Vitória votou em Jair Bolsonaro. Diante do histórico negativo do PT, tivemos escândalos de corrupção, prisões. Como é que o senhor pretende convencer o eleitor da Capital de que não faz parte desse jogo político?

Eu já sou um político de sete mandatos, já fui prefeito da cidade por dois mandatos, sempre pelo Partido dos Trabalhadores, mas depois que você se elege, você não tem mais partido. Você tem que cuidar de todo cidadão, rico, pobre, branco, negro, religioso, católico, evangélico. Você deixa a questão partidária de lado, se articula com todos. Pelo menos é o desejo que a gente tem, que é a sociedade tem que ser da gente.

Eu cuido disso com muita tranquilidade. Nunca levei em consideração a questão partidária para me relacionar com outro político. No governo de Fernando Henrique Cardoso, fui relator do Orçamento Geral da União e trabalhei muito bem. E eu era um deputado de oposição.

Eu sei fazer isso. Lula teve 42% aqui. Nós estamos com expectativa de ir para o segundo turno, no segundo turno com uma aliança muito maior, incluindo aí o governador Renato Casagrande.

Com outros candidatos fazendo uma disputa de projeto comparando tudo o que eu fiz no meu período de prefeito e, principalmente, tudo que eu posso fazer sendo eleito pela minha experiência e pelo nosso programa de governo.

Estou muito tranquilo, não é um problema para mim ser do partido. Pelo contrário, a vida inteira sou. Sou o quinto filiado aqui e toco isso na paz.

Candidato, o senhor citou o governador, mas não está sentindo falta dele no seu palanque?

Sinto, lógico. Quem não sente a ausência do governador? Mas o PSB foi para a campanha do Luiz Paulo e ele não tem condições de vir no meu palanque, a legislação nem permite.

Ele é um amigo, declarou que teria dois candidatos: Luiz Paulo e João Coser. Mas eu sei que o partido dele está na campanha de Luiz Paulo.

Faz falta? Com certeza. É uma liderança importante. É o maior eleitor de vitória, com quase 70% aqui. Mas isso nós vamos fazer no segundo turno.

A intenção agora é ir para o segundo turno e aí, no segundo turno, tentar com muito carinho, com muita atenção, compreender os programas diferentes, projetos diferentes e trazer muitos bons projetos. Minha expectativa é presidente Lula no palanque e o governador Casagrande no palanque.

A ONG Juntos S.O.S. Espírito Santo Ambiental afirma que, entre novembro de 2022 em novembro de 2023, algumas estações de monitoramento da qualidade do ar da Grande Vitória registraram aumento do pó preto. Seu plano de governo fala em adotar ações para controle de agentes poluidores. Como o senhor pretende fazer isso se for eleito?

Essa questão é antiga aqui na cidade de Vitória. É um desafio grande porque a cidade foi construída em torno de uma siderúrgica e infelizmente nós estamos pagando preço por alto por isso. Não só pela questão do incômodo do pó preto na questão da limpeza, mas também da saúde das pessoas. Muita doença pulmonar.

Nós temos no mundo ações muito mais inteligentes, muito mais avançadas do que no Espírito Santo. O prefeito tem que ser o líder de um projeto, junto com o governador, com o setor empresarial, com as ONGs, fazer um movimento para trazermos para cá o que já tem no Brasil de mais moderno, que evita realmente a poluição.

Então já existe. Infelizmente, no Brasil as pessoas fazem de qualquer jeito. Aqui não tinha nada, depois foi feito os wind fences, mas muito insuficientes para o desafio que nós temos aqui. Com a seca sempre agrava o problema da poluição, isso é normal. Nesse caso Vitória está sofrendo muito.

O senhor propõe esse diálogo, mas, de fato, dá para fazer alguma coisa só por parte do município?

Não é uma ação só do município, é uma ação que tem que ser construída coletivamente. O governo federal, governo estadual e municipal. O prefeito tem que ser o líder porque é uma ação gigantesca. Ela não é uma ação simples.

Eu falo sempre que o fácil já foi feito. Se está incomodando até hoje, e incomoda todo mundo, rico, pobre, que mora em qualquer parte de Vitória, é porque é um grande desafio.

Nós temos condições de corrigir se nós tivermos a capacidade de fazer essa grande articulação e convencer investimentos nessa área por parte das empresas.

Candidato, o senhor já foi o prefeito de Vitória por dois mandatos. Esse problema do pó preto é um problema bastante antigo. Por que o senhor não começou a articular lá atrás?

Nós fizemos muita coisa, inclusive esse trabalho foi feito no meu período de prefeito, mas a ação nem foi da prefeitura. Foi articulado no Ministério Público Estadual com a Prefeitura de Vitória, com o governo estadual. Foi um sucesso, um sucesso limitado, porque a ação já era limitada.

Nós tínhamos de repetir aquilo com uma força muito maior agora, muito mais do que nós fizemos lá atrás. Então nós já fizemos bastante coisa, mas ainda temos que fazer mais.

O seu projeto de governo prevê a criação da patrulha do transporte público. Você vai colocar guardas dentro dos coletivos? Como é que isso vai funcionar?

A intenção é fazer por amostragem. Hoje, a segurança na cidade de Vitória é o maior dilema. Todas as pesquisas indicam a insegurança como maior problema, maior desafio da cidade.

Nós queremos aumentar a Guarda Municipal. Desde que eu saí, o Luciano fez um concurso que eu havia deixado preparado. Eu fiz 150 e deixou mais 150. Não foi feito mais nada. Se o maior problema é segurança, você tem que aportar recursos, aportar mais guardas.

A ideia é você ter alguém – já tem a patrulha escolar e até a patrulha comunitária – que de tempo em tempo entre no ônibus para o cidadão que vem de Cariacica, da Serra, de Vila Velha, saber que ele está seguro quando ele passa na cidade de Vitória. É guarda comunitária, não estou falando em policiamento armado, estou só falando de uma coisa mais social.

O cidadão que está aprontando ele não entrará no ônibus se souber que aqui dentro de Vitória vai ser abordado, poderá ser abordado. A ideia é o caráter preventivo. A nossa guarda sempre tem o caráter de prevenir os problemas.

O senhor fala de guarda. Vai ter concurso?

Lógico. A ideia é fazer um concurso, o número pode ser 150, 250, mas tem que aumentar muito. Outra coisa: ficam falando que a prefeitura tem muito recurso. Parece que tem, porque só no asfalto foram R$ 220 milhões. Se você pegar 20 desse, você coloca muita gente por muitos anos como agente da guarda comunitária.

Nós precisamos fazer assim: aplicação do recurso melhor. Dinheiro a prefeitura tem, o problema é como se aplica. O nosso problema maior aqui não era assalto, o nosso problema aqui era segurança, qualidade na saúde, na educação. Isso vale também para uma família, se você tem desafios, comprar uma casa é mais inteligente do que comprar um carro.

Essas coisas fazem parte da cabeça do gestor. O gestor tem que ter cabeça aberta, ouvir, dialogar muito. De certa forma eu quero fazer isso pensando com a comunidade.

Inclusive, uma outra questão: política sociais também subindo o morro. Não pode subir o morro só a polícia, tem que subir políticas sociais. Qualificação de mão de obra, emprego, política de esporte, de cultura. Nós temos que mudar o investimento, não pode ficar só na parte baixa de Vitória. Tem que subir os morros. Esse é o nosso grande desafio.

Vamos falar sobre saúde agora. O senhor fala na construção de uma UPA em Vitória, mas o problema de quem depende da saúde pública no município é a questão dos exames complementares, das consultas com especialistas. Como é que o senhor consegue resolver esse problema logo no início da sua gestão, se for eleito?

O nosso programa propõe assumirmos a média complexidade. A prefeitura vai assumir a média complexidade. Todos os exames, na parte de hospital e cirurgia, passa a ser do Estado.

Como é que nós vamos fazer? O município de Vitória não tem até agora uma UPA vinculada ao Ministério da Saúde? Estamos perdendo recurso porque o governo federal dá o recurso para fazer a obra e depois dá o recurso para manter uma boa parte.

Nós podemos fazer duas, uma na área continental, que já tem mais de 106 mil habitantes. E fazer uma nova na Praia do Suá em algum lugar, porque a Praia do Suá já tem uma limitação física. É um prédio que não foi feito para isso. Então é melhorar o prédio.

Mas, o mais importante, você falou: colocar especialista no centro de especialidade. Eu fiz um centro de especialidades que atendia 140 mil exames, 250 mil consultas, a gente fazia muita coisa e ele não está sendo usado plenamente.

Nós queremos atuar na saúde mental. Não tem assistência, não tem psicólogo, psiquiatra. Nós precisamos dar atenção a essas pessoas.

As mães de autistas e de pessoas que têm dificuldades sofrem muito porque é uma humilhação para a mãe e todos que têm algum nível de necessidade. Nós temos essa urgência.

Então, esse é o objetivo: médico na unidade de Saúde Especial, especialista no centro de especialidade, saúde mental e, depois, naturalmente, a média complexidade.

Precisamo acabar com as filas. No meu período, no final, não tinha fila. Agora nós temos fila. Esse ano passado ele contratou serviço terceirizado, mas isso não resolve o problema. Isso é pontual. O ideal é o município ter um sistema de segurança que garanta permanentemente os exames e as consultas rapidamente.

Uma pessoa tem um problema, identifica e vai ficar seis meses para ser atendido. O problema agrava. Então a prevenção é muito mais fácil e mais eficiente do que o tratamento da doença.

Essa UPA vai ser construída onde?

O bairro nós não sabemos. Nós falamos da área continental porque de Jardim da Penha para lá, concentrar em Bairro República, Maria Ortiz ou próprio Jardim Camburi, você passa a ter um acesso mais rápido e você passa a aliviar o lado de cá. As pessoas não precisam ir para a Praia do Suá ou para São Pedro. Melhora a da Praia do Suá e dá uma condição melhor também para a de São Pedro. Aí você passaria a ter um sistema eficiente.

E o centro de especialidades no Tancredão. Colocar médico especialista lá porque está faltando tudo, até exames mais simples estão faltando. Tem que contratar médicos porque é serviço continuado. Um engenheiro para fazer um projeto é serviço rápido, mas o médico vai sempre precisar.

O professor tem que ser concursado. No nosso período para cá já tem 2 mil servidores a menos concursados. Eles ficam colocando DT, mas não resolve. Tem que contratar, tem que preparar e tem que fazer um trabalho bem dirigido.

Candidato, o senhor fala em construir, contratar, em mais médicos, mais guardas municipais. Mas a gente sabe que tem um processo burocrático para isso. Leva tempo. Vai dar tempo de fazer isso tudo? E outra coisa, de onde o senhor vai tirar dinheiro para fazer tudo?

É muito barato perto do que a gente tem. Quando eu fui prefeito, nós fizemos obras caras, a Fernando Ferrari e a Ponte da Passagem foram R$ 250 milhões. Fizemos a urbanização de Camburi, a ampliação da Ponte Camburi, a drenagem do bairro Jardim Camburi, Bairro República e toda drenagem de Maruípe foram mais de R$ 250 milhões.

Lá naquele tempo nós fizemos as grandes obras: Tancredão, Praça do Papa, 15 escolas, oito unidades de saúde e o centro de especialidades. As obras caras eu fiz.

Mas ainda tem duas para fazer. Tem que ligar Jardim Camburi para Bairro de Fátima, para a gente aliviar a Norte-Sul, para ela ficar à disposição do bairro Jardim Camburi. Jardim Camburi merece uma via própria porque é o maior bairro de Vitória e é maior que 66 cidades capixabas. Tem que ter um tratamento diferenciado, uma via expressa.

E também passando por debaixo da Ponte da Passagem, em Andorinhas, para sair lá na região da Pedreira para a gente facilitar quem vem de São Pedro naquela região do Quartel, porque ali interrompe muito trânsito, engarrafa muito.

A ideia é essa. Tem recurso porque para as UPAs o governo federal aporta o recurso para construção e uma parte para manutenção. Mas ela tem que ser vinculada ao Ministério da Saúde, coisa que Vitória não tem nenhuma.

A nossa intenção é pelo menos colocar duas e deixar São Pedro um pouco mais à frente, comporta pela quantidade de moradores duas UPAs nível três, que é o maior nível.

Candidato, o senhor disse que não conseguiu realizar o metrô de superfície lá atrás porque seria uma obra metropolitana, precisava de articulação com o governo federal, articulação política aqui no Estado também. Agora o senhor promete escadas rolantes em Vitória, com dinheiro próprio. De onde vai sair recurso para essa obra que parece muito grandiosa?

Os elevados não são tão caros assim. Quando eu saí da prefeitura, deixei recurso para três. Infelizmente o prefeito Luciano não conseguiu cumprir, não conseguiu executar, o dinheiro voltou para o governo federal.

Tem dezenas deles, centenas deles espalhados pelo Brasil. O plano do elevado é muito simples. É um elevador que sobe, não no sentido tão na vertical.

E é um projeto muito sensível, porque quem está aqui embaixo não percebe o sofrimento das pessoas que sobem 200, 300 degraus todo dia para levar um filho na escola, para comprar alguma coisa, para levar materiais, é um horror. A nossa cidade é completamente injusta. Aqui embaixo a gente tem tudo. Lá em cima não tem quase nada.

Quem está aqui embaixo precisa de sensibilidade humana para pensar em quem está lá. O que está faltando em Vitória é pensar um pouquinho no que tem mais dificuldade. Nós temos uma parte de Vitória com muita dificuldade.

Eu subi agora na Piedade e Fonte Grande. Metade das pessoas que estavam comigo não conseguiu subir a segunda arrancada porque não aguentou. Transporte de uma pessoa idosa, transporte de um doente, transporte material de construção, é caríssimo. É mais uma coisa de humanidade, e não é caro. Vou afirmar, não é caro, comparado com o que nós fizemos. Não é caro.

O metrô de fato não foi feito pela questão de articulação política. A dificuldade foi aqui no Estado, não foi nem nacional porque o presidente Lula falou que ajudaria e não foi feito por isso.

Ele era caro, era mais de R$ 2 bilhões, hoje vai ser uns R$ 4 bilhões. Mesmo assim, das cinco cidades que apresentaram o projeto, só Vitória que não executou. Quatro cidades executaram o VLT e estão hoje funcionando. Você imagina sair da Serra e chegar em Vila Velha ou em Cariacica com 30 minutos? É muito bacana.

Um dia vai chegar um governador e vai fazer um projeto assim. Tem que sair do asfalto e passar por uma coisa que humaniza. Uma mãe poderia ficar mais 1 hora em casa com filho, na igreja ou vendo televisão descansando.

Mas, candidato, no caso do metrô de superfície, à época da Operação Lava Jato, essa obra foi citada em delações, que seriam mais ou menos R$ 3,5 bilhões por uma construtora que foi envolvida em casos de corrupção. Inclusive entrou em delação e teve que devolver dinheiro. Isso não geraria uma certa desconfiança por parte da população em relação ao uso desse dinheiro público?

Nós não chegamos nesse estágio porque nós sequer contratamos obra. Então não pode falar de empresa que ganhou obra por causa de obra contratada. Nós desenvolvemos um projeto, nós cuidamos de recursos federal, estadual e municipal para fazer a contratação.

Então não teve contato com nenhuma empresa. Não sei do que você está falando e não existe contato porque essas coisas acontecem quando se tem uma contratação de um serviço. Nós não tivemos sequer a contratação de serviços.

Candidato, vamos falar agora de educação. No seu plano de governo, o senhor fala em desenvolver iniciativas visando elevar a proficiência média dos alunos da rede municipal. Que iniciativas seriam essas?

Nós temos dois grande desafios. O primeiro é elevar o Ideb da escola inteira, o segundo é elevar nas partes mais periféricas. As áreas mais periféricas têm que ter escola em tempo integral, ampliados com várias atividades com reforço escolar para que o jovem que mora na periferia possa ter um desempenho melhor para passar no concurso, numa prova, para se formar.

Por que eu falo isso? Porque o jovem que mora na área melhor ele tem um quarto para estudar, uma mesa, tem um computador. A periferia não tem nada. A criança não tem nenhuma sala para estudar, não tem nenhum quarto individual. É tudo coletivo. É muito difícil.

Então, para isso é importante que ele fique dentro da escola, Se possível, de manhã, até as 18 horas. Porque as mães também não estão conseguindo pegar os filhos às 16h porque elas estão trabalhando. Nós vamos elevar até 18 horas para as mães pegarem o filho no horário normal e vamos qualificar a educação.

Naturalmente, você tem que fazer uma avaliação. É igual quando você tem cinco filhos, tem um que tem um desempenho menor, você coloca um reforço para ele para que um professor de inglês, português, espanhol possa melhorar seu filho, mas principalmente matemática em todas as áreas.

Eu fiz isso com meu filho. Ele ia fazer vestibular, ele precisava de reforço, estudava na melhor escola do Estado, mas ele não conseguiu sozinho. Nós contratamos profissionais, mas eu podia pagar. Então, o meu objetivo é que o município cuide disso. O meu objetivo é que o município, a prefeitura, cuide disso e se coloque ao lado da comunidade, dos pais, para que a educação tenha um desenvolvimento melhor.

E a educação infantil? A gente tem metade das crianças de zero três anos na capital que não tem vaga em creche.

Eu nem o que eu falo para você. O pessoal fala que eu critico o governo atual. Imagina, R$ 220 milhões dá para fazer 15 creches. Eu já calculei isso, seriam 15 creches. Nós erramos, a aplicação está errada. O que o Pazolini está fazendo agora são as obras que eu deixei. Eu fiz um plano: construir 15, deixei oito e Luciano concluiu quatro e ele está concluindo quatro.

Não tem nada dos dois prefeitos, não tem nenhuma obra nova do governo de Pazolini. Tabuazeiro fui eu que deixei, São Benedito eu deixei… Todas as obras ainda fazem parte do meu projeto de educação. Então tem que ter um projeto novo, tem que ter um novo plano.

Qual o plano do senhor?

O nosso plano é colocar todas as crianças na escola, fazendo unidades. No caso agora o Luciano fez um financiamento que até deixou dinheiro para fazer algumas escolas pelo BID. Está sendo feito agora, inclusive recurso do BID.

Nós podemos pegar um financiamento para fazer 10, 15 unidades, mas o mais importante é você investir na área, segurança, assistência, saúde e educação. Isso é importante.

Então nós vamos deixar de fazer obra grande, obras que jogam dinheiro fora, para fazer as que são necessárias, as unidades para acolher todas as crianças. O ensino infantil é necessário. Nós vamos cumprir e também cumprir a meta de colocar 50% em tempo integral, mas não só por decreto. Fazer escolas melhores, fazer espaços alternativos.

Porque se você muda o perfil da escola, mas não muda o espaço para pessoa, passa a ser a mesma escola com amontoado de criança. Então acaba piorando.

Tudo isso é difícil fazer em quatro anos, mas dá para fazer um grande projeto. Dá para começar porque tem que ter plano. Tudo tem que ter plano, plano de mobilidade, plano de habitação, plano de drenagem. Faz um plano e depois você executa o que vai podendo.

Você não consegue fazer? Outro prefeito vem e faz. A cidade não é do prefeito e nem começou comigo nem com ele. A cidade vem se formando. Então eu acho que falta essa compreensão de que o prefeito é apenas um gestor do recurso dos outros. É gestor e tem que aplicar bem o dinheiro.

Candidato, o seu plano de governo não cita medidas para lidar com a reforma tributária que vai interferir na arrecadação dos municípios. O que o senhor vê de alternativa para poder compensar essa perda nos próximos anos?

Eu trato de forma talvez até diferente, porque eu considero esse um dos grandes desafios de Vitória, talvez o maior. Nós estamos falando de segurança.

O desafio da nossa sustentabilidade como cidade qualificada, pensando na reforma tributária, que foi boa para o Brasil, mas não foi tão boa assim para nós, é um grande desafio. Porque a cidade de Vitória não tem um projeto de desenvolvimento econômico, o prefeito não cuida disso.

A primeira coisa, quando eu deixei a prefeitura, deixei 100 mil metros quadrados para um centro de convenções na área do aeroporto, mas perderam esse terreno. Tem que fazer um centro de convenções para trazer turista. Luiz Paulo chegou a 1 milhão de turistas. Não sei se chega o milhão, mas tem que trazer gente para gastar aqui.

Nós temos uma cidade linda, linda em qualquer canto. Nós podemos fazer pousada nos bairros populares, como Jesus Nazaré, porque tudo aqui é bonito. O que não tem é uma política para o desenvolvimento. Vitória não tem como trazer grande empresa, Vitória não tem como fazer industrial, talvez a área de ciência e tecnologia, mas o foco é o turismo.

Então eu apresento um centro de convenções. Nós estamos fora do Circuito Nacional de Turismo, fora do Circuito Nacional de Esporte, fora do Circuito Nacional de Cultura, porque o prefeito fez questão de brigar, brigou com a vice governadora e não fala com Casagrande. Vitória está fora, literalmente. Hoje nós somos uma ilha, totalmente ilhado. Assim não vai dar certo.

Nós vamos pagar um preço alto, se não agora, mas no futuro. Um preço altíssimo pelas nossas faltas de inciativas mais corretas.

Candidato, o senhor fala em novas obras, construções. Os dois mandatos do senhor foram marcados por pelo uma polêmica que foi a construção dos quiosques de Camburi. O preço inicial de construção de cada um, com contrato assinado em 2007, foi de R$ 1 milhão, prazo de entrega de 12 meses. A obra só começou em 2010, teve quiosques, só foi entregue depois que o senhor saiu da prefeitura. O Ministério Público investigou, o valor caiu para R$ 642 mil. Mesmo assim, o MP apontou superfaturamento de R$ 1.200.000 em todos os quiosques lá da praia de Camburi. Em 2013, foi fechado um valor individual acima de R$ 1.200.000. Com tantas idas e vindas e questionamentos, como é que o eleitor pode acreditar que o senhor vai entregar essas obras todas que está falando: posto de saúde, UPA, contratação de médicos?

Eu gostaria muito que as pessoas considerassem comparar o que eu fiz e o que eu posso fazer e o que está sendo feito hoje. Você está falando dos quiosques que eu fiz. Eu fiz reurbanização da Praia de Camburi. Foi uma grande obra, muito importante. Nós mudamos o perfil dos quiosques, Vitória tinha autorização para 32 quiosques, ia ser um botecão a praia de Camburi.

Nós paramos, quebramos uma parte, voltamos com projeto novo. Não foi o que a gente queria porque não autorizaram. Os quiosques foram feitos com custo de engenharia. Eu não boto preço em obra. Porque eles foram feitos debaixo da areia, tinha toda a parte cara, não tinha jeito.

Nós copiamos o Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro é melhor, o banheiro não aparece, o nosso infelizmente o banheiro aparece. Mas foi uma obra muito importante. Nós fechamos com R$ 1 milhão e pouco. O Luciano completou o recurso e concluiu.

É assim que funciona, porque era recurso de engenharia, não é prefeito que bota preço em casa, bota preço em quiosque, nem asfalto.

Isso é licitação. Quando você licita, o preço é mercado. Então ali teve questionamento. Quando órgão como Ministério Público fiscaliza, é bom. Ministério Público, Tribunal de Contas, existem para isso. Se tem uma suspeita, uma dúvida, vai investigar. Quando falam que alguém vai investigar, eu fico feliz. Eu sei que ele vai constatar que eu não tenho culpa. Tanto que eu não tenho nenhuma culpa, nenhum envolvimento.

Mas o senhor falou agora há pouco que o prefeito tem que ser o gestor da cidade, tem que lidar com o dinheiro da cidade, que é o dinheiro dos impostos, que é dinheiro da população. E isso não tem que ser papel do gestor: procurar viabilidade, procurar preços menores? Porque há época dos quiosques, mais de R$ 1 milhão foram os preços considerados absurdos na época quando o Ministério Público teve essa intervenção.

Eu não sou engenheiro, tem um monte de engenheiro que bota preço nas coisas, faz projeto, apresenta projetos. Eles vão identificando valor, licita. O preço é preço de engenharia, preço de mercado, de mercado forma preço. Não é o prefeito que bota preço, nem de compra, nem de obra, mas fiscaliza, sim.

O prefeito tem que decidir o que faz. Eu decidi fazer obras. Camburi foi minha decisão. Fazer a Ponte da Passagem, foi minha decisão. Fazer escolas, foi minha decisão. É decisão política. Mas a engenharia, quanto a escola custa, a conta, eu não consigo controlar. Eu consigo controlar o macro.

Candidato, o senhor propõe criar as secretarias da Mulher e do Centro de Vitória. Existe necessidade de criar mais secretarias, mais cargos? Isso não vai representar mais gastos para a prefeitura?

As mulheres, elas são maioria, e ainda estão muito aquém e distante de tudo o que a gente precisa. A representação na Câmara Municipal só tem uma mulher. É Karla, que é até minha filha, uma mulher. É um absurdo isso. As mulheres precisam estar presentes em todas as políticas de uma secretaria para elas.

Valoriza, mas não valoriza o sentido de fazer média. Valoriza para elas cobrarem que todas as políticas levem em consideração a existência da mulher, a importância dela. As mulheres demoraram muito a ser respeitadas no Brasil. O próprio voto veio muito tarde. Ser votada muito mais tarde e tem um processo de compensação e elas estão crescendo.

Felizmente, elas estão aqui fazendo entrevistas. É um processo de ocupação de espaço legítimo, importante. A secretaria tem objetivo de valorizar isso.

Com relação ao Centro, o Centro é um outro desafio nosso. O Centro precisa de alguém que cuide dele. Não é coisa paliativa. Nós fizemos, pegamos quatro edifícios, fizemos habitação, mas é pouco e tem mais de 100. Então tem que fazer uma política macro, pensar ocupação de comércio, ocupação habitacional, ocupação cultural, secretaria.

Como a prefeitura estruturada, as pastas não dariam conta também do Centro de Vitória?

De pontual dá para fazer, mas se você tem alguém só com a cabeça nisso, considerando um grande problema, eu estou considerando o Centro um grande problema. Então, considerando que é um grande desafio, precisa.

O governo federal fez agora com o desastre no Rio Grande do Sul, uma secretaria, um ministério. Fez para cuidar de lá, porque era um choque.

O Centro não pode ser tratado com ações paliativas, não vai recuperar. Nós precisamos dar para o Centro um novo tratamento, eu diria, um tratamento diferenciado do conjunto da cidade.

O Centro precisa de um planejamento, um projeto de porte, buscar recurso fora, nacional e internacional e do governo do Estado, para a gente tentar recuperar o centro histórico nosso, que é a parte mais linda e mais nobre. Eu estou vocacionado a tentar fazer isso e considero um desafio.

Agora nós vamos zerar o cronômetro e o senhor tem dois minutos para as considerações finais.

Primeiro, agradecer vocês pela oportunidade ímpar. Vocês estão aqui me entrevistando. Agradecer a Deus por estar aqui, firme, muito motivado. Tenho uma vocação pela cidade.

Eu falo que o gestor, a gestão de uma cidade é um ato de amor, de carinho. Fazer obra física todo mundo faz. É preciso cuidar das pessoas, do jovem, da idosa que está lá e não tem o centro de convivência. Eu saí com quatro, continuo com quatro. Quero fazer pelo menos mais oito.

Nós não estamos cuidando de idoso, não estamos cuidando do adolescente, não estamos formando mão de obra. Eu quero ser prefeito de Vitória primeiro para garantir um líder para construir um projeto de desenvolvimento para a cidade. Projeto econômico, social e político.

O prefeito agora não é líder político porque não se articula com ninguém. Ele não é líder de desenvolvimento porque não tem nada para Vitória. E nós perdemos toda a nossa articulação com o governo do Estado.

Nós precisamos voltar para o mapa nacional, voltar para o mapa estadual. Vitória vai ficar para trás. Vila Velha cresce, Cariacica cresce. Serra cresce mais do que a gente. Então, a primeira coisa é fazer esse movimento.

O segundo é tratar com muita seriedade, aplicar de forma diferente o dinheiro. Gente, eu nunca faria esse asfalto. É jogar dinheiro fora, são R$ 220 milhões. Dava para fazer 15 escolas ou 12 unidades na saúde, 18 equipamentos para idosos, para as pessoas com deficiência. É muita coisa que nós perdemos.

Asfalto em cima de asfalto bom. Nunca aconteceu em Vitória algo assim. É lamentável. Quero pedir apoio de vocês, quero pedir voto. Meu número é 13. Meu nome é João Coser.

Tenho compromisso… ouvir muito a sociedade, ouvir muito a cidade e, principalmente, trabalhar para vocês com coração. Meu coração é de amor, não é um coração de asfalto. Eu quero ouvir as pessoas e cuidar das pessoas, que é meu grande objetivo.

Obrigada, Deus, obrigada todos vocês, que já me deram três mandatos. No dia 6 de outubro, vote 13, vote João.

VEJA A ENTREVISTA COMPLETA COM JOÃO COSER:

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