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Saúde: especialistas apontam desafios e soluções para problemas que afetam a população no ES

Para os especialistas consultados pelo Folha Vitória, os novos prefeitos que estiverem à frente dos executivos municipais entre 2025 e 2028 devem prestar atenção na Estratégia de Saúde da Família, na vacinação e nos salários dos médicos. 

Pesquisas eleitorais realizadas pela Futura em municípios do Estado apontam que a saúde deve ser prioridade para os próximos prefeitos, segundo os eleitores. O que também reforça a importância do tema na discussão pré-eleitoral é o resultado de uma votação realizada na capa do Folha Vitória. Os leitores escolheram os postos de saúde como a segunda prioridade entre os temas que devem ser tratados com prioridade pelos prefeitos, ficando atrás apenas da segurança.

Mas quais são os principais problemas na área da saúde que afetam a população das maiores cidades do Estado? E de que forma os novos eleitos deverão combatê-los?

Para os especialistas consultados pelo Folha Vitória, os novos prefeitos que estiverem à frente dos executivos municipais entre 2025 e 2028 devem prestar atenção, por exemplo, na importância da estratégia de Saúde da Família, saúde bucal e vacinação. O cenário atual das cidades com relação a esses pontos você encontra no final desta reportagem.

Educar a população para as responsabilidades dos municípios

A mestre em saúde coletiva e doutora em odontologia Alice Sarcinelli chama a atenção para o fato de a saúde ser matéria de responsabilidade coletiva: “A gente precisa educar a população para o que é papel do Estado, do município e do governo federal”, ressalta.

Alice, que está à frente do projeto Rede de Saúde na Rede Vitória, acredita que entender as responsabilidades de cada ente evita que as pessoas caiam em falsas promessas de candidatos

“O SUS traz uma premissa forte de obrigatoriedade de gasto de recurso público baseado no PIB, então tem um percentual mínimo que cada prefeitura tem que investir”, aponta. Ela salienta que é importante entender se há propostas para além do “mínimo constitucional”. 

“O controle social existe na saúde, então o prefeito pode definir o gasto de saúde também para além do que é obrigatório, mas a força maior está na participação popular: os conselhos municipais de saúde”, explica a especialista, destacando que é preciso ver se o prefeito valoriza os conselhos. 

Na prática, Alice Sarcinelli acredita que 80% dos problemas de saúde são resolvidos na atenção primária, que é de competência da prefeitura. Ela explica que consulta com ginecologistas e estratégia de saúde primária são funções da prefeitura. 

Já os serviços mais especializados são responsabilidade de governos estaduais e federais. Porém, as coisas caminham juntas. “Se atenderem mais mulheres no preventivo, vai precisar de mais mamografia”, exemplifica.

A especialista também enfatiza que existe a necessidade de uma boa articulação entre município e estado, e isso pode ser observado na hora de escolher o voto.  

“Observar o quanto o candidato vai investir em atenção primária que é a função dele e o quanto ele vai articular com o estado a compra dos exames que a população espera, porque está aí a maior demanda reprimida”, disse. 

Mesmo o que é função do estado pode ser fruto de articulação do prefeito para que os cidadãos tenham atendimentos melhores. 

Prevenção e médicos de Atenção Básica

O professor de medicina da Ufes, pesquisador, médico e doutor José Geraldo Mill frisa a importância da prevenção. “Na verdade o que se demanda muito de saúde é do cuidado com as pessoas doentes e está se abandonando o cuidado com as pessoas com saúde, só vejo cuidado com exames”.

Mill acredita que seja necessário mais investimento na formação de médicos de atenção básica, inclusive prevendo melhoria na remuneração para que os melhores profissionais possam atuar nessa esfera. 

“Os prontos socorros e pronto atendimentos são poucos e muitos pronto atendimentos não têm pessoal qualificado para fazer esse atendimento, que deveria ser feito por médicos experientes”, avalia.

“A política de contratação de médicos tem que mudar, não pode contratar o mais barato, tem que contratar aquele com mais experiência”, defende. 

É preciso recuperar índices de vacinação 

Mill destaca que todos os prefeitos precisam se responsabilizar em manter os esquemas vacinais atualizados, e que isso será um desafio porque o índice de vacinação caiu

“Recuperar os índices de vacinação que a gente tinha até 2016 tem que ser meta das prefeituras, vai ter que ser um envolvimento não apenas financeiro como um envolvimento pessoal dos prefeitos, dos secretários de saúde, igrejas e outros agentes”, defende.

Ele frisa que em doenças virais como sarampo, coqueluxe e difteria só dá para quebrar a cadeia de transmissão se houver mais de 95% da população vacinada.

“Se você não cuidar da vacinação, a mortalidade infantil vai aumentar. As doenças infecto-virosas eram as principais causas de mortalidade infantil”, alerta o médico. 

Ele destaca o impacto que a falta de vacinação traz ao sistema de saúde como um todo. Por exemplo, “sarampo é uma doença cara, eleva mortalidade, sobrecarrega o SUS”, explica. 

Mill ainda frisa que as campanhas antivacinas precisam ser combatidas pelos prefeitos. “Os prefeitos têm que encampar a luta pró-vacinação, não se omitir”.

Saiba como estão as políticas de Saúde atualmente

O Folha Vitória entrou em contato com as prefeituras de Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra, Viana, Guarapari, Linhares, Colatina e Cachoeiro de Itapemirim. Apenas a Prefeitura de Linhares não respondeu até a publicação desta matéria.

Veja abaixo um panorama com dados dos últimos anos sobre a cobertura de Saúde da Família e situação da estratégia de saúde bucal.

Vitória

A cobertura da Estratégia de Saúde da Família em Vitória em 2024 é de 104,35%. Já a cobertura da Saúde Bucal em Vitória em 2024 está em 44,03%.

Vila Velha

Em Vila Velha, 100% das Unidades Básicas de Saúde (UBS) contam com a Estratégia de Saúde da Família (ESF). A prefeitura informou que aumentou de 39 para 101 as equipes de ESF nas UBS.

Os atendimentos odontológicos estão disponíveis em todas as unidades de saúde, sendo que os munícipes cadastrados nas Unidades de Jaburuna e Coqueiral de Itaparica são referenciados para atendimento nas Unidades de Saúde da Prainha e do Divino Espírito Santo, respectivamente.

Cariacica

A Prefeitura de Cariacica informou que atualmente conta com 54 equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), totalizando uma cobertura de atenção primária de 66,83%

Na saúde bucal, o município oferece o atendimento odontológico nas Unidades de Saúde de Bela Aurora, Bela Vista, Campo Verde, Flexal II, Itapemirim, Itaquari, Jardim América, Jardim botânico, Nova Brasília, Nova Canaã, Rio Marinho, Santa Bárbara, Santa Fé, São Francisco, São João Batista, Valparaíso, Sotelândia, Porto de Santana, Padre Gabriel e Operário.

Nas referidas unidades é realizado todo o atendimento básico, independente da idade do paciente, como restaurações, extrações simples, raspagens de tártaro, limpeza, aplicação de flúor, dentre outros.

Serra

 Ainda neste semestre, a previsão é de que a Secretaria de Saúde da Serra amplie o número de equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) de 32 equipes para 98 equipes, o que representa aumentar de 45% para 65% a cobertura do território.

À medida que novas convocações do último concurso forem realizadas, o objetivo é alcançar 100% do território do município. Em 2021 e 2022, a cobertura de ESF na Serra era de 42%. 

A cobertura das equipes de saúde bucal na Atenção Primária que está presente em 34 das 40 unidades de saúde da Serra. 

Viana

O município apresenta 100% de cobertura da Estratégia de Saúde da Família. “No último ano, ampliamos nossas equipes de 25 para 28, o que tem fortalecido nosso atendimento”, diz a nota.

A cobertura da Estratégia de Saúde Bucal abrange 100% das unidades de saúde do município.

Guarapari

A Prefeitura de Guarapari, através da Secretaria de Saúde (Semsa), informa que atualmente a cobertura de saúde da família é de 84%. A cobertura da saúde bucal é de 53%.


Colatina

 O Município adotou a Estratégia de Saúde da Família em todas as nossas 42 Unidades de Saúde da Família. A cobertura está em 94.67%. Em nota, a prefeitura disse ter ampliado de 36 para 50 equipes de Estratégia de Saúde da Família.

Ampliamos de 09 para 23 equipes de Saúde Bucal e temos um Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) tipo III e um Programa Municipal de Próteses Dentárias com a confecção de mais de 80 próteses por mês.

Cachoeiro de Itapemirim

O município conta com 24 equipes de saúde bucal da Estratégia em Saúde da Família perfazendo uma cobertura de 41,75%, de acordo com as fontes de dados do site do e-gestor e do IBGE (dados da população estimada (2024).

Também oferta atendimento odontológico no Centro Municipal de Saúde, Casa Rosa, plantão odontológico 24hrs no Pronto Atendimento Paulo Pereira Gomes e Centro de Especialidades Odontológicas.

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