Hoje celebra-se o Dia Mundial do Livro. E nosso blog não poderia ficar de fora dessa pauta! Antes de aclamar o fato de ter-se aberto em nosso Estado mais uma Livraria Leitura, em shoppings, agora perfazendo um total de três, na Grande Vitória; não podemos deixar de lamentar a morte de tantas outras livrarias de rua, Brasil afora e, sobretudo, em solo capixaba. Podemos contar nos dedos, as que restaram na capital do Espírito Santo, Vitória, incluindo os sebos, para engrossar essa conta.
Se devemos atribuir culpa às tecnologias eu não sei, mas que elas poderiam ajudar a mobilizar leitores, com certeza! Hoje, olhando o Instagram, eu vi uma propaganda conclamando as pessoas a “darem um pulo em uma livraria”, por conta da data comemorativa, claro! Pena que essa sugestão seja só por hoje. Se tivéssemos uma campanha constante e ampla em prol do livro, certamente teríamos muito mais motivos para celebrar o dia de hoje!
Além do advento do mercado de livros na internet, e das opções de livros digitais, a verdade nua e crua é de que temos um país com mais de 200 milhões de habitantes, conforme o Censo de 2022, do IBGE e, destes, apenas 16% dos indivíduos, acima de 18 anos, adquiriram livros nos últimos meses; de acordo com dados da Câmara Brasileira do Livro (CBL). Tais dados ilustram o consumo pífio de livros no Brasil, cuja causa não deve ser computada tão somente a questões de ordem financeira, visto que a redução está mais concentrada nas classes com maior poder aquisitivo.
Essa realidade, ao contrário de inibir iniciativas voltadas à produção do livro, angaria olhares determinados, de escritores, produtores de livros, e outros envolvidos na cadeia do livro, além dos aficionados pelo mundo da literatura, no afã de buscar reverter essa realidade. É uma luta muitas vezes inglória, mas que vale a pena ser levada a cabo, pois os livros mudam a perspectiva do olhar dos indivíduos. Quem tem o hábito de leitura, desenvolve uma perspectiva diferente de estar no mundo, se torna mais humano, resumindo.
Consumir um livro engloba degustar todo o suporte de conteúdo textual. Abarca o aguçar de cada sentido humano, todos os cinco sentidos, na verdade. O tato – no toque da materialidade, sentindo a aspereza de uma capa, ou o relevo de outra. O olfato – no cheiro de um livro novo, recém-saído da gráfica, ou de um livro velho, que reverbera toda a sua existência e história de muitos leitores. A visão – na contemplação das ilustrações, dos tipos de letras, dos espaçamentos entre cada letra… O paladar – pois quem nunca folheou um livro colocando o dedo na língua para virar as páginas… e a audição – nossa primeira forma de enlace com a literatura, por meio da contação de histórias.
Aprendemos a ler, primeiramente, ouvindo pais, avós, professores… e depois, quanto mais lemos, mais aprendemos a ler o mundo. Hoje, como escritora, educadora, pesquisadora e contadora de histórias, testemunho que, se não fossem os livros, eu não teria sentido de existência nesse mundo. Parabéns a todos aqueles que contribuem para espalhar sementes de leitura para que possamos celebrar o Dia Mundial do Livro!