Ficção, realidade e arquitetura acessível

“O Arquiteto Cego”, de Ruy Perini, é um livro infantil que narra a história de um arquiteto que fica cego e é estimulado pelas sobrinhas a continuar a trabalhar. A ideia surgiu para o autor, ao ler sobre a vida de Chris Downey, um arquiteto que ficou cego após operar um tumor no cérebro e começou a direcionar grande parte do seu trabalho para pessoas com deficiência. O enredo, que envolve a premissa da acessibilidade é da Editora Pedregulho, com inspiração em um acontecimento do mundo real.

A história real de Chris Downey, um arquiteto norte-americano, que é pioneiro no design acessível para pessoas cegas tem inspirado uma infinidade de profissionais da arquitetura. Cego desde 2008, Downey não deixou de planejar construções e cidades e, de quebra, ainda traz uma provocação para planejadores urbanos: “quando você coloca o deficiente visual no centro do seu planejamento, a cidade fica melhor para todos”. Sua convicção é de que a experiência arquitetônica suplanta o simples enxergar.

Envolve, sentir texturas, luz, temperaturas e outros aspectos. O arquiteto cego tem um escritório que transformou a forma de projetar. Ele possui plantas em braile e materiais que permitem “brincar” com as linhas, para criar edifícios que pensem nas pessoas que não conseguem enxergar. A Doutora em Arquitetura, e professora do Centro Universitário Salesiano (Unisales), Virgínia Magliano Queiroz, criou o Projeto Acessibilidade e Desenho Universal: sensibilização de alunos ingressantes em Arquitetura.

Foram disponibilizados, para utilização dos alunos, cadeira de rodas, andador, muletas, bengala longa com vendas e um kit desenvolvido pela professora para simulação da mobilidade reduzida de uma pessoa idosa. Após a vivência, os alunos elaboraram relatórios ilustrados sobre a acessibilidade dos espaços, precisando consultar as normas técnicas vigentes para verificar se os espaços estavam ou não de acordo.

Em seguida foram realizadas apresentações desses relatórios, em sala de aula, seguidas de discussão sobre as possíveis intervenções que poderiam ser feitas para melhorar a experiência de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida nesses espaços.

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