Quarentena obriga artistas da música a se adaptarem a nova realidade e promove uma surpreendente dança das cadeiras no que diz respeito ao ‘sucesso’.
É inegável que durante a quarentena, provocada pela pandemia do novo coronavírus, todo mundo precisou se reinventar de alguma forma, mas o mercado musical sofreu uma grande reviravolta após a popularização das lives. Um estudo mostrou que consumidor de música mudou radicalmente durante o isolamento social.
Com o advento das lives, uma verdadeira revolução no mercado fonográfico forçou os artistas a se adaptarem a nova realidade. As transmissões online, muito provavelmente vão continuar bombando depois do fim do isolamento social, percebe-se isso por conta da forte audiência desses shows online. Um estudo feito por algumas gravadoras do Brasil, mostram em detalhes essa mudança de comportamento do público consumidor e também a troca de cadeiras no que diz respeito a ‘quem é sucesso’.
Quando falamos de lives, estamos falando de cantores que precisaram virar verdadeiros apresentadores de seus próprios shows, experimentando a realidade de apresentadores de tv, aprendendo a lidar com ponto eletrônico, merchans e interação com o público em uma transmissão ao vivo.
Também podemos falar sobre a guerra inicial da ostentação, onde alguns artistas optaram por produção de cenários, tecnologia, quando precisavam focar no repertório e no carisma. Um exemplo claro de sucesso com o carisma foi o Gusttavo Lima que começou esse movimento de lives, e por conta do seu comportamento natural, diferente do que era visto nos shows, deixou o público preso em mais de cinco horas de transmissão.
Também é nítido que com a popularização das lives, o público se mostrou nostálgico ao ponto de pedir sucessos já ‘ultrapassados’ e não os recentes lançamentos. Um exemplo de ‘reviravolta’ durante a quarenta é o caso da dupla Matheus e Kauan que são considerados uma potência no streaming, mas as lives da dupla não emplacam. Já César Menotti e Fabiano, uma dupla mais “tradicional”, tiveram números surpreendentes. No Spotify, eles não passam de 1 milhão por mês, mas a live chegou a incríveis 700 mil simultâneos e 4 milhões ao todo. A explicação é o saudosismo que a dupla representa: eles cantaram seus grandes sucessos e modas sertanejas de muitos anos atrás. Outro bom exemplo é a live de Jorge e Mateus que atendendo ao pedido do público, a maior parte do repertório tinha canções antigas da dupla. Entre esses podemos citar outros exemplos como Marília Mendonça que veio na contramão das super produções e fez uma live simples, porém, muito aclamada. Também não podemos ignorar a irreverência de Bruno e Marrone, Zé Neto e Cristiano, e por ai vai.
Nas lives de samba e pagode o movimento retrô é ainda mais gritante. Dilsinho e Ferrugem dominam hoje em dia as plataformas de streaming. No entanto, nas lives os números de ambos foram bem abaixo do esperado. Eles chegaram a 400 / 500 mil simultâneos, enquanto Thiaguinho chegou a 1 milhão, Sorriso Maroto bateu 1,5 milhão, Raça Negra 1,6 milhão. A live de Belo chegou a quase 10 milhões de visualizações e seu canal, no Youtube, ganhou mais de 200 mil inscritos. Estar bombando no Spotify não significa o mesmo no Youtube.
Também podemos destacar que os DJs nesse meio tempo entenderam a importância do after, live antes de grandes shows não tem audiência e no repertório, também não pode faltar hits das antigas. Dennis Dj captou a mensagem do público e interage fortemente pelas redes sociais, dando o controle do show para o público. Durante a quarentena o streaming desabou. O consumo de música através do Spotify caiu absurdamente, havendo uma crescente de audiência das Rádios, TVs e Youtube.