'Rock pesado é altamente teatral', diz Lloyd Webber
Sobre as canções, Webber justificou a necessidade de criar melodias adicionais em relação à trilha do filme
Em abril de 2013, o compositor e produtor inglês Andrew Lloyd Webber anunciou ter comprado os direitos para o teatro do filme Escola do Rock, dirigido por Richard Linklater, em 2003. Mas, ao contrário do longa, cujo foco estava na atuação de Jack Black, Webber disse se interessar pelos alunos. "Eu queria saber detalhes das crianças e de seus pais."
Na verdade, foi sua mulher, Madeleine, quem percebeu o potencial teatral do filme. Webber concordou, especialmente depois de verificar a grande quantidade de escolas de rock existentes nos EUA. E seu toque magistral foi o de incluir crianças que tocam os próprios instrumentos ao vivo, no palco.
Sobre as canções, Webber justificou a necessidade de criar melodias adicionais em relação à trilha do filme. "Você pode apresentar um show de heavy metal durante horas, no cinema, fazendo a plateia gritar sem parar. Mas, no teatro, é preciso um respiro, para que a história seja bem contada."
Mesmo assim, ele manteve a base da estrutura musical do filme, pois acredita que o rock pesado é altamente teatral. "Em muitos momentos, somente um som pesado pode mexer com a emoção da plateia em cenas capitais", disse ele, exemplificando com um momento de uma de suas criações, Jesus Cristo Superstar: "Quando Jesus chega ao templo onde afugenta a chicotadas os comerciantes mercenários, a cena é puro metal pesado", comentou, em entrevista à imprensa australiana, em 2018. "Eu não conseguia pensar em outra trilha: era preciso ter acordes rasgados de guitarra."
"Gosto muito da teatralidade exagerada de algumas bandas de metal, embora não acredito que eu passaria bem uma noite inteira sem algum tipo de luz e sombra", continuou.
Para Escola do Rock, Webber compôs canções que fazem lembrar o ritmo nos anos 1970, com letras de Glenn Slater. Também o roteiro do espetáculo, assinado por Julian Fellowes (criador da série Downton Abbey), foi atualizado, ainda que mantenha trechos do longa.
"Na verdade, o espetáculo é fundamentalmente sobre a força de empoderamento da música", diz. "É sobre o fato de que a música pode libertar a criança. E me agrada o fato de não existir personagem cuja vida não seja alterada pela música."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.