A fama do primeiro moinho de trigo do Espírito Santo, fundado em 1941 pela Buaiz Alimentos, no ano em que a empresa nasceu, ecoa até hoje nas rodas da sociedade do Espírito Santo.
E não é para menos: à época, até a geografia do Centro de Vitória foi moldada pela indústria do Grupo Buaiz e o jet set ficou em polvorosa com o que foi considerado um marco para o desenvolvimento da indústria capixaba.
Para se ter ideia, a inauguração da empresa, na ocasião, influenciou do trânsito do entorno da Avenida Florentino Avidos à logística de carregamento dos navios no Porto de Vitória, que contava até com dutos subterrâneos para passagem de produtos e mercadoria.
Além disso, o lançamento da alimentícia capixaba provocou um boom imobiliário no Centro da Capital aproveitando a onda de investimentos. Os frutos disso são vistos até hoje com construções que foram feitas à frente de seus tempos e dezenas de prédios que já foram verdadeiros points da high do Estado.
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Mas fato é que, agora, 80 anos depois, celebrados nesta quarta-feira (27), a empresa que desde 2016 passou a ser dirigida, pela primeira vez, por uma mulher se consolidou como uma das maiores e mais importantes do segmento em todo o Brasil. E dai a César o que é de César: parte do mérito dessa solidificação fica com Eduarda Buaiz, diretora-geral da Buaiz Alimentos.
“Desde 2016 fizemos o novo centro de distribuição em Vila Velha, construímos a fábrica de mistura para bolo, todo o equipamento foi renovado e nossa produção aumentou em 25%, fizemos a aquisição e novos terrenos para expansão e o último pool de investimentos foi de R$ 5 milhões, mas desde o início foram anunciados já R$ 80 milhões”, fala a empresária com exclusividade à Coluna Pedro Permuy.
Eduarda assume o cargo depois do avô, Américo Buaiz, fundar a empresa; e de Américo Buaiz Filho, seu pai, dar continuidade aos trabalhos da família tradicional libanesa.
E confidencia: “Quando você entra em uma empresa da família, você tem que provar que não está ali porque é da família. A que eu vim? Hoje não sou só uma diretora, sou a diretora, uma profissional, de uma empresa que tem a questão familiar em jogo. Mas eu não tenho medo de desafio. Meu pai já mudou muito, para melhor, a cultura do grupo e nós vamos seguir trabalhando muito para trazer sempre coisas novas”.
“A empresa tem que estar sempre viva para trazer inovação” – Eduarda Buaiz
Nos primeiros anos, Eduarda se dedicou a renovar a Buaiz Alimentos internamente, como explica. Mudou maquinário, modernizou as operações e se preocupou em estar de corpo presente no trabalho.
Nos últimos períodos, empenha forças em aproximar a marca do público final com parcerias e construção de relação com consumidores dos produtos da empresa.
“Nós mudamos todas as embalagens do produto e estamos refazendo as do Café Número Um, agora. Lançamos o brownie com a Flávia Gama, o bolo de cenoura com a Paletitas, como um ‘picolé’, e agora teremos a mistura para cookies. A marca está viva na sociedade e nunca fomos tão ativos com o consumidor final”, declara.
Com parceiros, o trabalho tem sido parecido: “Hoje a gente continua pensando em coisas novas. Desde antes da pandemia, mas sobretudo na pandemia, também reforçamos um trabalho com nosso consumidor que é importante. Fizemos contato com boleiras, confeiteiras, padeiros, cozinheiros, gente que é a cara da Buaiz Alimentos, para um afinamento entre todo mundo. Para termos a melhor relação possível. E já estou pensando no que vamos lançar de novo”.
“Eu brinco que a empresa está fazendo 80 anos, mas com carinha de 20 (risos)” – Eduarda Buaiz
O segredo para chegar às oito décadas de existência e ainda com perspectiva de crescimento e expansão é viver o que se faz. E Eduarda corrobora: “Todo mundo enxergava a grandeza da empresa e meu papel, no início, foi expandir isso de dentro para fora. A remodelação toda que a gente faz é uma continuidade”.
A empresária vai romper 2022 coordenando quase 400 funcionários diretos e com ideia de começar o ano otimizando os processos de produção e distribuição. E reforça: “Eu já assumi a empresa, em 2016, com outros olhos. Com inovação. Vim depois de receber proposta para uma empresa de bebidas, no Rio, quando me formei”.
Antes de ser diretora-geral da Buaiz Alimentos, Eduarda também estudou in loco o processo de fabricação do trigo em fábrica na Europa. E conclui: “A minha cabeça é sempre lá na frente, nas coisas novas. E essa será a tônica daqui para frente nesta etapa. Coisas novas, inovação e tecnologia sempre”.