Cena de superação extrema marca a Maratona de Austin, nos Estados Unidos. A queniana Hyvon Ngetich, de 29 anos, terminou os 42 metros da prova, no último domingo (15), assim, engatinhando! Ao brigar por um lugar no pódio, já nos metros finais da prova, a atleta atingiu os limites do seu corpo e caiu.
A organização da Maratona providenciou uma cadeira de rodas, mas a queniana recusou o auxílio e, engatinhando, com olhar fixo na linha de chegada, Hyvon Ngetich continuou o percurso de joelhos. Caso a corredora aceitasse a ajuda, ela seria desclassificada da corrida. Os últimos 50 metros da Maratona foram percorridos pela guerreira ao lado de voluntários da prova.
Todo o esforço de Hyvon Ngetich, claro, ovacionado pelo público, lhe rendeu o terceiro lugar no pódio, com o tempo de 3h04m02s, e a classificação para a prestigiada Maratona de Boston. A campeão foi a compatriota Cynthia Jerop, com o tempo de 2h54m21s, seguida pela americana Hannah Steffan, com 3h03m59s.
A diretora da Maratona, John Conley, parabenizou a queniana após a linha de chegada e lhe deu uma boa notícia. Você é a corredora mais brava que eu já vi na minha vida. Teve muita honra. Iremos ajustar o seu prêmio para as mesmas bonificações do segundo lugar.
Já recuperada, a queniana falou sobre o momento de superação e disse que o público a fez continuar. Não me lembro dos últimos dois quilômetros. A linha de chegada, então… Não faço a menor ideia.
Na categoria masculina, o vencedor foi o americano Betram Keter, com 2h16m20s, seguidos pelos compatriotas Stanley Boen, com 2h31m34s, e Daniel Bishop, com 2h31m50s. Participaram da Maratona de Austin 3.143 maratonistas – 1.893 homens e 1.250 mulheres.
Hyvon Ngetich entra para a história do esporte como mais daqueles casos de superação levada ao extremo, juntamente com as suas palavras que ressoaram como símbolo de inspiração para os maratonistas: “Quando começamos a correr, temos de ir até ao fim”.
Outros heróis das maratonas
Quem não se lembra da imagem da maratonista suíça Gabrielle Andersen-Schiess, na Olimpíada de 84, em Los Angeles? Completamente desidratada e desorientada pelo esforço no calor, além de estar com uma forte cãibra na perna esquerda, a maratonista cambaleou nos últimos 200 metros da maratona levando 10 minutos para completá-los até cair desacordada nos braços dos médicos sobre a linha de chegada. Após a prova ela disse aos jornalistas que queria terminar o percurso, pois aquela talvez fosse sua única oportunidade olímpica devido aos seus trinta e nove anos. A briga não era pelo pódio. A maratona feminina foi conquistada pela norte-americana Joan Benoit. Gabrielle Andersen chegou na 33ª colocação entre 44 corredoras.
Vanderlei Cordeiro de Lima surpreendia o Brasil liderando a maratona de Atenas 2004, até que um fanático religioso irlandês, o ex-sacerdote Cornelius Horan, entrou no meio da rua para empurrar o líder. Depois de ser atacado e derrubado, o brasilerio foi ajudado por alguns espectadores da corrida, retornou a prova e ainda conseguiu garantir a medalha de bronze, sendo aplaudido de pé quando entrou no estádio Panathinaikos.