Você leu aqui no Blog Corrida de Rua que a cerveja reidrata tanto quanto a água após a corrida. Agora um novo estudo está causando polêmica no meio esportivo ao afirmar que o consumo de fast food após atividades físicas tem o mesmo efeito que suplementos. Cientistas da Universidade de Montana, nos Estados Unidos, avaliam que, durante o período de recuperação muscular, não faz diferença o tipo de alimento consumido.
Mas o médico Fernando Del Piero, que atua aqui no Espírito Santo, é contra a pesquisa e afirma que não foram levados em consideração a qualidade da comida, os nutrientes dela e o ganho de peso. Segundo ele, os cientistas só analisaram os níveis de glicemia intra e extra muscular, esquecendo-se de avaliar o ganho de peso, intoxicação por aditivos químicos e elevação de lipídios.
“O uso de alimentos com alto índice e carga glicêmica no pós-treino, aceleram a recuperação do glicogênio muscular, mas isso não quer dizer que os fast food’s estão na lista dos alimentos mais recomendados. O ideal seria o pão branco, tapioca, frutas e mel, pois tem a mesma finalidade que o fast food, mas com alimentos saudáveis e que não representam nenhum risco para a saúde”, disse Fernando.
A pesquisa foi publicada no International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism. Durante os experimentos, onze atletas homens fizeram um jejum por 12 horas, antes de um treino de resistência de 90 minutos.
Duas horas depois, a metade dos atletas comeu bolos, batatas e suco de laranja, seguidos de hambúrguer, fritas e refrigerante. Os outros consumiram isotônico, manteiga de amendoim orgânica e cafeína, além de suplementos protéicos e energéticos. Após ambas as refeições, todos os participantes percorreram 20 quilômetros em uma bicicleta ergométrica.
Segundo os pesquisadores, os testes mostraram que o desempenho dos atletas permaneceu o mesmo após horas de descanso, enquanto os níveis de glicogênio — substância avaliada como combustível pelos músculos — se apresentaram ligeiramente maiores depois de os voluntários ingerirem fast food em vez de suplementos durante a recuperação muscular. Também não foram encontradas diferenças nas taxas de insulina, glicose e colesterol. Nenhum atleta reportou desconforto estomacal.
Os cientistas admitiram que o experimento foi feito com uma amostra relativamente pequena de voluntários e assumem que os efeitos em longo prazo da ingestão de fast food sobre a recuperação muscular não são conhecidos.
O médico capixaba ainda alerta: “Não podemos esquecer que a glicose é muito importante para a recuperação muscular, mas sem aminoácidos não há regeneração e, muito menos, o crescimento dos músculos conhecido pelos médicos como hipertrofia”, revela Del Piero.