Reportagem: Alissandra Mendes|Folha Cachoeiro
A história de vida de Valdemir de Matos sempre foi de superação, determinação e força de vontade. O maratonista encarou grandes desafios e aos 71 anos, ele enfrenta o maior de todos: o de voltar a andar. No dia 11 de março deste ano, uma agressão praticada pelo próprio filho o fez interromper, temporariamente, os planos de seguir participando de maratonas Brasil afora.
Quase oito meses depois, Valdemir tenta superar as sequelas do incidente. Ele sofreu uma luxação na coluna que o impede de se sentar e de andar. Segundo a irmã, Joselita de Matos, os médicos comunicaram aos familiares que ele voltará a andar, mas pode demorar algum tempo.
“Ele já está bem melhor, não anda e não consegue se sentar. Mas, está consciente e conversa bastante. Sabemos que ele não está feliz em cima de uma cama, pois sua grande paixão sempre foi correr. Mas, agora e preciso paciência. As pernas ainda continuam sem movimento”, conta.
Valdemir já voltou a mexer os braços. “Ele já consegue pegar um copo de água e beber sozinho. Em setembro, notamos que ele estava um pouco desanimado e só dormia. Os exames apontaram que ele estava com anemia e problema nos rins, e precisou ficar internado por 16 dias. Mas, agora já está melhor graças a Deus”, continua Joselita.
Na última segunda-feira (7), uma equipe de enfermeiros esteve na residência de Valdemir, no bairro Zumbi, e coletaram amostras de sangue para novos exames. Os resultados ficam prontos na próxima semana. “A filha e a esposa cuidam dele diariamente. Quando uma precisa sair, a outra fica. Ele está reagindo e estamos confiantes em sua melhora”, completa a irmã.
Vida de atleta. Valdemir é conhecido em todo o Espírito Santo por participação em maratonas. Durante sua trajetória, o atleta conquistou diversas medalhas e o respeito de outros maratonistas. Quando aconteceu o incidente, ele tinha recebido a notícia que era um dos escolhidos para conduzir a Tocha Olímpica durante a passagem por Cachoeiro, no dia 16 de maio deste ano, véspera de seu aniversário.
A condição de Valdemir não o tirou do evento. Depois de passar um mês internado na Santa Casa de Cachoeiro, ele carregou a Tocha no trecho na rua Dr. Deolindo até a rua 25 de Março, no centro da cidade, em uma cadeira de rodas. A esposa Cely o acompanhou o trajeto.
A força de vontade de Valdemir emocionou não só os organizadores, mas também os outros condutores e o público que pode acompanhar de perto. O maratonista também se emocionou durante o percurso.
Agressão. O maratonista foi agredido pelo filho mais velho Júlio César da Cruz de Matos, de 33 anos. Usuário de drogas, o agressor teve um surto e exigiu que o pai arrumasse dinheiro. Como se negou, o filho atirou uma pedra, que atingiu a nuca do maratonista. Ele estava próximo à escada da residência, perdeu o equilíbrio e caiu.
Valdemir foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado até a Santa Casa, onde permaneceu um mês internado. O filho foi autuado em flagrante por tentativa de homicídio e está preso e permanece detido no Centro de Detenção Provisória (CDP) do município.