Nada melhor do que começar a semana se inspirando na trajetória e na garra da ultramaratonista Lilian Moreira, de 40 anos. Além de muita quilometragem, ela acumula conquistas para lá de suadas e muita história em seu currículo de corredora.
Ela acaba de ficar em 3º lugar na prova de 30km em sua faixa etária na RS Runners Ultramarathon, disputada em Jerônimo Monteiro, neste último domingo (26). A prova é mais uma de suas façanhas.
Lilian se prepara para correr os 160km (isso mesmo, 160km) na Ultramaratona Caminhos de Rosa, em setembro, no Sertão de Minas Gerais. Para Lilian, que é doutora em Letras, esse evento tem um significado para lá de especial. “A prova perpassa o caminho que Guimarães Rosa percorreu para escrever suas obras. É um glamour para mim e a grande prova de minha vida. No ano passado, fui a campeã da prova feminina nos 100km”.
Pode parecer loucura, mas, para ela, é amor: “Tenho paixão por corrida longa. É sofrido, mas tenho prazer de estar ali. O segredo é curtir ao máximo”.
Início de tudo
Antes da paixão pelas ultramaratonas, veio o amor pela corrida. De 2009 para 2010, quando ainda morava em São João Del Rey, em Minas Gerais, ela perdeu 30kg (pesava cerca de 90) fazendo reeducação alimentação e academia.
Depois que emagreceu, uma colega a chamou para correr e ela viu nesse esporte uma chance de não voltar a engordar. Ainda em 2010, fez a primeira prova de 5km. No ano seguinte, já partiu para a meia maratona e, em 2012, completou a primeira maratona, no Rio de Janeiro. Nessa época, ela já morava no Espírito Santo, para onde veio a convite de uma amiga.
Mas ela queria mais e iniciou as “loucuras”. “O fato de ser uma corredora lenta me fez interessar pelas corridas longas”, contou.
Em 2014, ela fez o Desafio do Dunga, composto por quatro corridas (5 + 10 + 21 + 42km), em dias consecutivos, nos parques da Disney, em Orlando, na Flórida.
Em 2015, fez 70km na Patagônia, na Argentina, onde correu mais uma vez. Em 2017, fez as 6 horas dos Bombeiros, as 8 horas da Marinha e as 12 horas do Exército (prova que já disputou outras duas vezes).
Em 2018, fez 70km no Desafio Vitória Anchieta e, em 2019, 85km, percurso no qual foi a única mulher. No ano passado, também completou o Desafio da Cidade Maravilhosa (21 + 42 km), no Rio. Além disso tudo, já são 11 maratonas na bagagem.
Trabalho
Ufa, haja disposição. Isso ainda tendo que conciliar com sua rotina profissional. Doutora em Letras, ela é professora universitária em duas faculdades e graduanda em Educação Física. Como faz para treinar? Ela explica:
“Tenho uma rotina pesada. Trabalho três turnos por dia. Durante a semana, separo uma hora por dia alternando corrida e funcional. Deixo para fazer os treinos longos aos sábados e domingos. No auge da planilha, chego a acumular 150km durante a semana. Mas eu gosto, pois a corrida me realiza. Ela ganhou um espaço muito importante em minha vida e, mesmo depois de fazer doutorado, me incentivou a fazer Educação Física, curso no qual estou no quinto período”.
Dica
Para quem pretende um dia se tornar um (a) ultramaratonista, ela dá a dica: “Subam aos poucos, sempre respeitando o corpo. Se possível, faça um acompanhamento profissional com treinador e nutricionista. Uma boa alimentação e uma boa preparação são fundamentais para manter a engrenagem funcionando”.