Casal que corre junto é mais feliz e unido. Os corredores Alessandro Herzog e Agda Vieira dos Santos Herzog, casados há 16 anos, comprovam a tese. Eles criaram até o perfil nas redes sociais “casalrunneragdaeherzog”.
Antes de descobrirem o mundo das corridas, eles contam que acordavam aos sábados e domingos por volta das 11 horas, quase na hora do almoço. “Nossa vida era baseada na preguiça e no sedentarismo”, disse Alessandro, que tem 39 anos e é técnico em Mecânica.
O “puxão de orelha” para mudar de vida partiu dele mesmo. “Em 2014, eu estava no auge do meu sedentarismo. Comia muita besteira, bebia muito refrigerante e cerveja. Matava minha sede com refrigerante. Batia uma “pelada” umas duas vezes por semana, mas isso nem fazia diferença para o meu condicionamento físico. Entrei de férias em fevereiro de 2014 e, quando voltei a trabalhar, tinha que fazer o exame periódico no serviço. Foi um desastre. Minha taxa de triglicerídeos estava acima de 500 e a glicose estava muito alta também. Isso acabou me prejudicando até no serviço, pois fui bloqueado de executar algumas tarefas por cauda da minha saúde”, lembrou.
Foi aí o início do “percurso”. Alessandro decidiu ir a uma nutricionista, que a assustou mais ainda. “Disse que eu poderia ter pancreatite se continuasse naquele ritmo. Depois de ouvir isso, criei coragem e decide mudar de vida. Em agosto de 2014, comecei a dar uns trotes na avenida Beira-Mar, no trecho Saldanha da Gama/Álvares Cabral/Centro), com o meu calção de futebol, tênis de futsal e camisa de algodão (risos). Comecei com 3km e, aos poucos, fui aumentando e gostando do negócio, já que os resultados estavam aparecendo. Até que em fevereiro de 2015, fiz inscrição na minha primeira corrida oficial: 5km da “Corre folia”, em Camburi. Fui cada vez mais se interessando e me apaixonando por esse esporte”, declarou Alessandro.
De lá para cá, 22kg já ficaram para trás sem cirurgia ou dietas. “Hoje, minhas taxas estão normais. Parei de beber refrigerantes e bebidas alcoólicas em excesso. Minha esposa sempre me prestigiou e incentivou em tudo. E na corrida não foi diferente. Todas as corridas ela estava lá me esperando na chegada e trabalhando como minha fotógrafa oficial (risos)”.
Acompanhar o marido foi o ponto de partida para Agda, que tem 36 anos e é recepcionista, começar a correr. “Até que ela também se apaixonou e começou a treinar. Ela nunca foi de praticar esporte antes de conhecer a corrida. Nem Educação Física na escola ela gostava. A corrida ajudou a ela controlar a ansiedade e controlar o peso. Ela sempre diz que, quando corre, sente-se livre e leve”.
A primeira corrida dela foi em 2016 – um ano depois do esposo -, também na Corre folia, em Camburi.
A corrida, então, passou a fazer parte da rotina do casal. Eles correm e fazem fortalecimento em academia juntos durante a semana e acordam antes das 7 horas aos aos domingos para treinar.
As viagens do casal também são planejadas conforme o calendário de corridas fora do Estado. “Nossas viagens são baseadas nas corridas. Hoje, tenho 96 corridas, sendo cinco maratonas, e ela tem mais de 30 corridas, sendo uma meia maratona. Eu prefiro distâncias maiores e ela, menores. Então é difícil cruzarmos a linha de chegada juntos. Mas em todos as corridas estamos lá firmes e fortes. Mas ano que vem, se Deus quiser, vamos fazer uma meia maratona juntos até o final. Vou para o Desafio Cidade Maravilhosa, no Rio, fazendo a meia maratona no sábado com ela e a maratona no domingo”, disse Alessandro.
Além de correr, o casal usa as redes sociais para estimular outras pessoas. “A corrida para nós é vida! É saúde! Procuramos publicar nas redes sociais para incentivar as pessoas, pois acreditamos que a corrida pode mudar a vida para muito melhor. Na corrida, o único adversário é você mesmo. A cada desafio, você pode tentar se superar”, disseram eles.
É claro que a Dez Milhas Garoto também faz parte do currículo do casal. Para eles, a prova tem um significado especial. “É incrível! É a principal corrida do ES e tem um dos percursos mais lindos. Aquela chegada com milhares de pessoas te aplaudindo e incentivando é emocionante. Qualquer corredor do Brasil que ainda não correu ela não está com seu currículo completo. Eu vou para a minha quinta edição consecutiva e minha esposa vai para segunda Garoto consecutiva. No ano passado, que foi a estreia dela, ela tinha medo da subida da Terceira Ponte e também era a maior distância que ela tinha corrido até aquele momento. Mas deu tudo certo também e ela completou a prova super bem, com muita emoção”, disse Alessandro.
O maior desafio nas corridas que ele superou foi a primeira maratona. “Foi na Maratona do Rio, em 2017. Tinha muito medo de não conseguir concluir devido à distância. Mas, graças a Deus, deu tudo certo. E hoje é minha distância favorita. A maratona sempre me deixa muito emocionado na chegada. Eu vou às lágrimas quando encontro minha esposa e a abraço. Outro desafio especial foi também a Muralha Marathon deste ano, em Penedo-RJ. Percurso lindo e desafiador que concluí muito bem”.
A paixão já está rendendo frutos também na corrida. O filho mais velho do casal, Pedro Lucas, de 15 anos, também começou a se interessar por corrida e já está fazendo seus treinos. Alessandro e Agda também são pais de Ana Clara, de 12 anos.