Um estudo recente de investigadores norte-americanos conclui que, especialmente entre as mulheres abaixo dos 30 anos, ter um Índice de Massa Corporal (IMC) baixo não significa, necessariamente, melhores resultados em termos de desempenho. Pelo contrário: mais do que procurarem perder peso, as corredoras jovens devem dar atenção a fatores como alimentação, sono e aeróbica.
Embora sempre que nos dirigimos ao médico seja natural ele querer saber a nossa altura e peso como forma de obter o nosso Índice de Massa Corporal (IMC), sobressaindo daí a ideia generalizada de que um IMC baixo contribui para um aumento dos níveis de aptidão cardiovascular, particularmente entre os atletas, a verdade é que o estudo concluiu que, especialmente entre as corredoras jovens, apresentar um IMC baixo poderá não ser tão benéfico para a performance quanto se pensava até aqui.
Estes investigadores observaram o IMC e o VO2 max de 2.224 pacientes (805 mulheres e 1419 homens) com idades entre os 17 e os 91 anos, todos seguidos no âmbito do Cardiovascular Performance Program, desenvolvido entre 2011 e 2019 no Massachusetts General Hospital.
Os investigadores chegaram à conclusão que mulheres com um IMC baixo e com idades entre os 17 e os 30 anos também tinham um pico de VO2 mais baixo. O que significa que nem sempre um IMC baixo corresponde a elevadas aptidões físicas.
Segundo revelou, em declarações àRunner’s World, J. Sawalla Guseh, o co-autor sênior do estudo e professor de Medicina na Harvard Medical School, além de cientista e médico cardiovascular no Massachusetts General Hospital, em Boston, mulheres com idades entre os 17 e os 30 anos e com um IMC perto de 23 – valor que se aproxima do limite superior do peso normal na escala IMC -, apresentavam os níveis mais elevados de aptidão física.
Numa perspectiva mais geral, os investigadores encontraram, efetivamente, uma pequena melhoria no desempenho dinâmico em adultos com idades acima dos 30 anos e com um baixo IMC, mas já não em mulheres (menos de 30) também com baixo IMC.
De acordo com este mesmo estudo, ter baixo peso pode tornar-se prejudicial para a capacidade de funcionar a um elevado VO2.
“Temos a ideia de que correr com um baixo IMC é um pré-requisito para um elevado desempenho, mas a verdade é que os dados sugerem que isso não é necessariamente verdade”, afirma Guseh, defendendo que “temos de desmantelar a ideia de que mais leve é forçosamente sinônimo de melhor desempenho”.
Segundo ele, os atletas, e em particular as mulheres jovens, devem tentar antes de mais nada procurar melhorar a capacidade aeróbica, focando-se, ao mesmo tempo, em outros fatores, como a alimentação, o sono, o treino e a eficiência da corrida. Tudo isso ao invés do peso.
Assim, e embora seja necessário continuar com os estudos, Guesh defende desde já que, embora a métrica de IMC possa chumbar atletas acima de 25, sinônimo de excesso de peso, tal não deverá ser tomado como o único fator a levar em consideração. Desde logo, porque esse valor é utilizado para tirar conclusões relativamente à saúde de uma pessoa apenas e só em função do peso e da altura.
“A principal ideia a retirar dos dados apurados é que é preciso retirar importância à perda de peso como forma de melhorar o desempenho”, conclui o cientista.