O apelido impõe respeito e comprova que a corrida está no sangue. Marcelo Siqueira da Costa, mais conhecido como “Garibolt”, é um talento nato que a limpeza pública deu ao atletismo capixaba.
Sua velocidade foi descoberta enquanto trabalhava no serviço de coleta, no qual precisava correr para deixar sacos e resíduos no caminhão de lixo.
“O pessoal falava para eu disputar corridas oficiais, pois me achava muito veloz”, lembrou.
Fã de Usain Bolt, ex-velocista jamaicano multicampeão olímpico e mundial, Marcelo carrega com orgulho a referência a ele.
“Tem quem fale que sou até parecido fisicamente com Bolt. Já deixei até a deixar a barba crescer (risos). Assisto a vídeos dele para ter uma base para minha performance e potência nos treinos”, contou Marcelo.
Carreira
Sua carreira só foi engrenar, no entanto, quando foi para o Rio de Janeiro conhecer o pai, aos 28 anos. Lá começou a trabalhar em uma empresa que patrocinava corridas.
“Lá tinha uma professora de Educação Física e, quando viram que eu tinha força para correr, me colocaram para fazer um teste de 5km. Completei em 15 minutos (pace 3). Ganhei apoio, tênis, e passei a representar a empresa nas provas. Foi quando realmente passei a focar e me apaixonei pela corrida”, recorda Garibolt.
Filhos
Morando no Rio, a saudade dos filhos, Martielyn e Bryan (hoje com 12 e 10 anos, respectivamente), bateu mais forte e Marcelo retornou a Vitória.
Ele voltou a trabalhar como gari e, focado nos treinos, dizia aos colegas de serviço que seria destaque no atletismo capixaba. E realmente foi.
Treinado inicialmente pelo profissional Hudson Reis, passou a pegar pódio em várias provas no Estado:
- 1º lugar na Corrida dos Bombeiros
- 1º lugar na Corrida Sesi Senai
- 2º lugar na Corrida Fortlev
- 2º lugar na Corrida Track & Field
- 4º geral capixaba na Dez Milhas Garoto e 1º na categoria (30 anos), em 2018
Obstáculos
O corredor também precisou superar algumas barreiras. Primeiramente, uma lesão no tendão em 2019 o tirou das pistas durante dois anos. “Eu chorava muito por isso”.
A volta às pistas aconteceu apenas este ano. Treinando atualmente com o ultramaratonista e experiente professor Carlos Gusmão, ele retomou o condicionamento e já corre em nível alto. Prova disso foi um treino de 16km em 1h03min50 (pace 3:59) nesta semana.
“Gusmão monta minhas planilhas semanais e está sendo fundamental na minha evolução. O trabalho é para eu participar de competições de atletismo fora do Estado, quando as coisas voltarem ao normal, e também ser o primeiro colocado capixaba na Dez Milhas Garoto. Deus tem um momento para cada um. Também sou muito grato ao Gusmão pela oportunidade que está me dando. Ele está me mostrando coisas que lá atrás eu jamais imaginaria”, disse Marcelo.
Além de vencer a lesão, agora ele também precisa superar o desemprego. Há três semanas, ele perdeu o emprego e está correndo atrás de outra chance no mercado de trabalho como gari ou auxiliar de serviços gerais. “Sei que o momento está muito difícil, mas agradeço a Deus por ter saúde”, afirmou o corredor, que também busca um patrocínio e apoio para suplementação.
Pandemia
Por conta do período de quarentena, Marcelo, que no dia 2 de abril vai completar 35 anos, sai para treinar no período das 12 ou 13 horas. Aos finais de semana, vai logo após o nascer do sol.
Afinal, quando tudo isso passar, as provas vão voltar.
Que venham novas vitórias e medalhas de superação e força de vontade! Continue correndo atrás de seus objetivos, Marcelo! quer ajudá-lo? o contato dele é 99978-0649.
Você já é um vitorioso!