Capixaba Vivi Motta corre 203km em 24 horas e quebra recordes

Uma façanha e tanto! No último domingo (6), a capixaba Viviane Regina Motta venceu  a Ultramaratona 24 Horas da Cidade do Natal, no Rio Grande do Norte.

“Vivi” conquistou a primeira colocação com a marca incrível de 203.744km, quebrando o recorde capixaba (que era de 183km) e, ainda por cima, obtendo o índice para o Campeonato Mundial de 24h, em outubro deste ano, na Romênia.

Além disso tudo, ela entra no seleto grupo das seis mulheres que atingiram tal marca no Brasil (a última, há 20 anos).

Na entrevista para o Blog Corrida de Rua, a ultramaratonista como foi sua “aventura”.

Estreia

Vivi teve que correr durante 24 horas em uma pista de 400 metros, sob um sol escaldante em Natal

“Foi minha primeira prova de 24 horas. Recebi a proposta do meu treinador (Carlos Gusmão) de fazer a corrida, mas não era só uma prova de 24 horas, eram 24 horas pro índice da seleção brasileira no Mundial da Romênia, que acontece em outubro, né? Então, só tinha duas vagas. E eu fui pra Natal em busca de uma dessas vagas. Só que quando os treinos começaram, ele viu que tinha possibilidades de outras coisas. Então, nós criamos uma estratégia pra que, quando chegasse lá, eu conseguisse, primeiro, o índice da Romênia, depois a quebra do índice do recorde capixaba (183km), que foi quebrado também, graças a Deus. Fazia 20 anos que aqui no Brasil mulher nenhuma corria 200km em 24 horas, e eu fiz 203,74km. Só cinco mulheres haviam conseguido isso. Foi uma prova incrível!

Prova

“Larguei consciente de que não adiantava sair correndo desesperada porque são 24 horas. E é claro que existe aquela preocupação. Como que vai ser? O que eu vou sentir? Eu vou aguentar até o final? Era uma pista de 400 metros. Eu vou suportar? E o calor? E eu resolvi somente acreditar, acreditar que eu estava treinada, acreditar que a equipe que cuida de mim faz total diferença na minha vida. Tem fisioterapia, nutróloga, alimentação e farmácia de manipulação, que tem maior cuidado em fazer os meus pra que não tenha a parte de contaminação, já que as provas têm doping”.

Tranquilidade

“Às 8 horas da manhã de sábado (5), estava dando uma sensação térmica de 32º. Eu cheguei, estava mais frio, eu fiquei até feliz. Mas às 10 horas, o sol abriu forte, com temperatura de 34 para 35º, e a sensação térmica de quase 39º. Foi onde eles resolveram colocar o chuveiro, mas eu não me senti confortável de ir lá, me molhar, porque eu fiquei preocupada de molhar o meu tênis e, simplesmente, dar bolhas e aquilo ali comprometer minha prova. Então, eu precisei me manter firme do jeito que eu planejei, eu treinei no sol de meio-dia, sol de 14 horas, e lá eu consegui realmente correr tranquila. O Gusmão ficou como meu apoio e eu separei tudo que a Juliana (nutróloga) pediu. Separei por hora, com nome, e fiz uma lista pra ele e deu tudo certo”.

Calor e estratégia

“Tinha uma candidata lá muito forte, eu nem sabia quem era ela. Até umas oito horas de prova, eu era a quarta colocada da prova, porque eu realmente estava executando o que eu treinei sem pressa, com calma, com um sol escaldante. Todos potiguarenses lá estavam reclamando do sol, eles que moram lá estavam exaustos, porque estava muito quente. E com isso, eu procurei só focar na minha prova e focar em Deus. Elevei o meu pensamento: ‘Senhor, me sustenta, porque, aqui, se não for o Senhor, vai ser difícil!

O tempo foi passando, quando eu vi, a gente já estava avançando e já tinha muitas horas de prova. E quando eu fui saber quem era a primeira a colocada, ela já tinha me dado 36 voltas. E aquilo ali eu não me desesperei, mas eu falei, ‘meu Deus, numa pista de 400 metros, 36 voltas’.

Ela estava correndo bem forte, tinha largado muito forte. Na hora que eu vi que ela era a primeira a colocada, eu, na verdade, aplaudi, porque ela foi uma uma atleta de muita garra. Depois, somente parei e mudei a minha estratégia. Falei ‘está na hora de ser a Viviane’. Porque pra mim é mais difícil correr devagar do que correr rápido, então eu vou ter que ser a Viviane pra que eu venha conseguir sair dessa situação se quiser, né? Chegar num resultado que eu fui buscar”.

Virada

Vivi comemora primeiro lugar no pódio ao lado do treinador, Gusmão

“É claro que eu não vou falar pra você que eu almejei o primeiro lugar. Olhei o primeiro lugar e falei ‘Senhor, aquele lugar ali é meu’. Então, eu comecei a aumentar e comecei a crescer. Enfim, eu consegui tirar todas as voltas, em nome de Jesus. Foi algo surreal, porque você correr num sol daquele e simplesmente conseguir suportar depois de tantas horas correndo, você ainda conseguir imprimir velocidade e fazer a prova virar de uma tal maneira e sair de quarta colocada pra terceira, pra segunda e se tornar a primeira, e terminar a prova com simplesmente primeiro lugar e mais de 40 voltas na frente”.

Recorde

Vivi conquistou vaga no Mundial de 24 horas, na Romênia

“Essa prova foi a primeira do Rio Grande do Norte, né? Foi a primeira ultramaratona de 24 horas que eles fizeram e ela vai ficar na história. Vai ficar na história porque Deus foi tão maravilhoso que ele programou o dia, a hora, a distância e o local pra que fosse feita história, e lá eu consegui o índice da Romênia (170km). Lá eu consegui quebrar o recorde capixaba, que era de 183km. E ainda quebrei a marca de que nenhuma mulher fazer 200km em 24 horas. Sou a sexta colocada no ranking brasileiro de mulheres que conseguiram essa marca. Ainda fui terceira colocada na categoria masculino, porque o terceiro colocado fez 203km, e eu fiz 203,74km. No final, eu procurei andar mais, porque eu queria terminar a prova andando, eu não queria terminar quebrada, acabada. Então, os últimos 48 minutos eu parei de correr e comecei a andar”.

Alegria

“Corri com muita alegria, eu curti muita prova, eu sorri muito, todas as minhas fotos eu estava sorrindo, quando eu não estava sorrindo, eu estava comendo, quando eu não estava comendo, eu estava concentrada, mas o coração estava cheio de amor pelo esporte que eu tanto amo fazer. Tenho de agradecer à SA Ambiental, que me patrocinou. Eu só tive condições de estar nessa prova porque o Sérgio foi meu patrocinador total. Agradeço também à Federação Capixaba de Atletismo (Fecat) e a todos que torceram por mim.

Treinador

“O meu treinador (Carlos Gusmão) faz total diferença. Ele não faz diferença pela experiência apenas. Ele não faz a diferença porque ele é atleta e sente na pele, na carne que a gente sente. Ele não faz a diferença porque ele está lá com a gente. Ele faz a diferença porque ele é um homem de Deus e, quando ele está lá, ele pede sabedoria de Deus pra conduzir aquela situação. Então esse troféu é meu, é dele, é nosso, é do Espírito Santo”.

 

 

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