O período menstrual costuma ser um momento do mês onde muitas mulheres se sentem menos dispostas para treinar, e isso não é por acaso. São diversas as oscilações e variações hormonais que o corpo enfrenta.
A ginecologista e obstetra da Care Club, um espaço criado para promover a saúde e cuidar das pessoas, desde atletas de alta performance a quem busca o bem-estar, Priscilla Caldeira, explica que, dependendo da resposta individual da mulher às diferentes fases do ciclo menstrual, vale a pena realizar ajustes personalizados nos treinos pensando em otimizar a
performance.
Muitas mulheres no período menstrual sofrem de cólicas, desânimo, inchaço e outros sintomas incômodos próprios dessa fase, o que pode refletir nos treinos e na performance. Porém, isso é muito individual. “Existem quebras de recordes olímpicos em todas as fases do ciclo menstrual, demonstrando que cada organismo responde de forma diferente. Por isso, ouça seu corpo e
adapte seu treino de corrida às suas condições físicas e mentais.”
Para quem busca o alívio das cólicas, praticar exercícios pode ser benéfico, já que a atividade é responsável por liberar substâncias no organismo que aliviam e ajudam no controle das cólicas e proporcionam sensação de bem- estar, melhoram o humor e inibem a dor e a fadiga, ajudando a combater também os sintomas da TPM.
“Durante o ciclo menstrual, ocorrem variações nos níveis hormonais no corpo feminino, o que pode gerar reflexos na rotina de treinos e no desempenho. As mulheres têm dois hormônios principais: o estrogênio e a progesterona. O estrogênio tem efeito anabólico, aumenta as reservas de glicogênio e a utilização de gordura, tem efeito antioxidante, melhorando a recuperação muscular, e também tem efeito neuroexcitatório, aumentando a motivação e
a cognição. Já a progesterona antagoniza os efeitos do estrogênio”, explica.
ENTENDA COMO OS HORMÔNIOS FUNCIONAM DURANTE O CICLO E OS
MELHORES TREINOS PARA CADA PERÍODO
- A 1ª é a menstrual ou folicular inicial (dias 1-5): quando os níveis de
estrogênio e progesterona estão baixos e a mulher pode estar incomodada
com cólicas, o próprio sangramento e falta de ânimo. Por isso, é interessante
apostar em treinos leves e regenerativos. - A 2ª é a folicular tardia (dias 6-12): período pós menstrual, no qual ocorre um
aumento gradual na produção de estrogênio e, com isso, há um aumento da força, da resistência e da disposição. É quando alcançamos o potencial máximo no treino e é, portanto, um bom momento para investir em treinos de força e resistência aeróbica. - A 3ª é a ovulatória (dias 13-15): quando ocorre a ovulação e os níveis de estrogênio ainda permanecem altos. Manter treinos mais intensos nessa fase é uma boa opção.
- A 4ª é a lútea (dias 16-28): essa fase engloba o período pré-menstrual e é quando há um aumento e um predomínio da ação da progesterona. Devido aos sintomas da TPM e aos efeitos da progesterona, pode haver uma queda no desempenho e aumento da fadiga muscular. A recomendação seria investir em exercícios leves a moderados para aumentar a produção de substâncias no organismo, como serotonina e endorfina, que melhoram o humor e inibem a dor.
“Estas são apenas sugestões de adaptações de treinos”, explica a médica. “O
mais importante é fazer uma avaliação caso a caso, baseada na resposta
individual de cada mulher ao exercício físico longo durante o ciclo menstrual e
nas queixas específicas da paciente.”