É cada vez mais comum ver mulheres grávidas praticando exercícios e falando sobre esse tema nas redes sociais, principalmente entre as atletas que engravidam e mostram que podem continuar treinando e ajudando a diminuir o tabu desse importante momento da vida.
Independentemente de ser atleta ou não, toda mulher precisa de cuidados e acompanhamento de profissionais da área da saúde orientando o que deve ou não ser feito, inclusive em relação à prática de exercícios físicos, como a corrida. “Correr é permitido, mas apenas para mulheres que já treinavam antes – já que a modalidade exige propriocepção do tornozelo e joelho e desde que não haja contraindicações ou complicações obstétricas durante o pré-natal”, explica a dra. Priscilla Caldeira, médica e obstetra da Care Club.
É importante fazer ajustes na intensidade e, às vezes, até mesmo na duração dos treinos para adequá-los ao período gestacional, afinal, a mulher passa por diversas adaptações fisiológicas. “Os treinos devem ser prescritos por um profissional de forma individualizada, respeitando a particularidade de cada gestante e o condicionamento físico prévio da mulher, mas uma das
principais orientações é que não se deve correr por mais de 60 minutos contínuos na gestação, para garantir a segurança do fluxo de sangue placentário, que fornece oxigênio para o bebê”, alerta a ginecologista.
“Contudo, é possível realizar dois treinos de corrida no mesmo dia, com o intervalo de 4-5 horas entre eles. Falando de intensidade, a corrida, como outras atividades aeróbicas, deve ser realizada em uma intensidade moderada, o que varia de gestante para gestante”, conclui.
PRINCIPAIS CUIDADOS
A médica sugere que gestantes corredoras realizem um acompanhamento com fisioterapeuta especializado para avaliar a sobrecarga no assoalho pélvico e fortalecer a musculatura do períneo, pensando não somente na hora do parto, mas também na prevenção de lesões e da incontinência urinária.
“É importante associar a corrida com treinos de fortalecimento muscular para evitar dor na lombar – já que na gestação ocorre uma mudança na postura e no centro gravitacional da mulher – e também para prevenir lesões ligamentares, é comum gestantes terem um aumento de relaxina e consequentemente um risco maior de lesões por frouxidão ligamentar”, explica.
Algumas atitudes podem fazer a diferença para uma gravidez saudável e repleta de atividades físicas. A dra. Priscilla dá algumas delas:
– Corra nas horas mais frescas do dia.
– Mantenha-se sempre hidratada.
– Use roupas leves e confortáveis.
– Evite terrenos acidentados. O ideal é correr em superfícies já conhecidas, planas e sem buracos ou outras irregularidades.
– Treinos na esteira são uma ótima opção, com uso de ar condicionado ou ventilador.
– Tenha cuidado com mudanças bruscas de direção, uma vez que as chances de entorses na gestação são maiores devido ao relaxamento das articulações e ligamentos.
– Sempre converse com seu obstetra e educador físico, são necessárias orientações quanto à intensidade e à duração dos treinos de corrida, que terão que ser adaptados ao período gestacional.
TIVE MEU BEBÊ, QUANDO POSSO VOLTAR A CORRER?
A médica diz que nos três primeiros meses após o parto não são
recomendados exercícios que gerem impacto na musculatura do assoalho
pélvico. “A mulher deve esperar pelo menos 12 semanas após o parto para
voltar a correr. Lembrando que o retorno à atividade física deve ser gradual.”