Elena Mukhina: A estrela que o mundo não pode esquecer

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Continuando a série dos heróis olímpicos (ou quase olímpicos), hoje vou falar de uma história triste do esporte: a de Elena Mukhina.

A ginástica olímpica/artística é um dos esportes mais belos e difíceis. Muitos nomes fizeram história na modalidade: Ludmilla Tourischeva, Nadia Comaneci, Olga Korbut, Daniela Silivas, Yelena Shushunova, Catalina Ponor entre outras. Ginastas de sucesso que conquistaram o mundo. E hoje destaco uma ginasta em especial. Uma carreira brilhante que foi interrompida por uma fatalidade. Uma atleta que o mundo não pode esquecer: Elena Mukhina.

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Nascida em primeiro de junho de 1960, na Rússia, Elena Mukhina foi um talento nato e uma das principais promessas da equipe da ex URSS. Ela teve uma vida difícil. Abandonada pelo pai, perdeu a mãe aos cinco anos de idade e foi criada pela avó, Anna do Ivanovna. Iniciou na ginástica aos sete anos e logo começou a brilhar. A ginasta tinha uma técnica indiscutível, um amor pelo esporte que praticava e uma persistência que a levou ser campeã mundial em Estrasburgo 78 e a conquistar três medalhas de ouro no campeonato europeu. Era a melhor ginasta soviética e o principal trunfo de uma equipe em que os interesses iam além das competições e medalhas…

A vida da ginasta foi dura. Treinos pesados e desgastantes, onde algumas vezes fora obrigada a treinar com diversas lesões. Às vésperas das olimpíadas de Moscou 80, Elena sofreu  um acidente nos treinos ficando tetraplégica ao executar uma pirueta no solo de 540 graus, caindo de queixo e fraturando a espinha cervical.

Infelizmente a notícia não foi divulgada de imediato e foi abafada pela URSS. Na época a imprensa divulgou que Elena havia sofrido “apenas uma lesão” e que estava fora dos jogos olímpicos. Durante dois anos esta história ficou escondida, para mais tarde, ser revelada:

Elena Mukhina estava tetraplégica. Naquela época as ginastas eram treinadas como máquinas e o objetivo principal da Ex URSS era destronar a romena Nádia Comaneci, campeã olímpica em 76 em um feito único, atingindo pela primeira vez o “perfect ten”, em uma olimpíada.

Mukhina esteve quase a ser Sthakonovista da Ginástica, Heroína da União Soviética, Heroína do Trabalho Socialista, condecorada com a Ordem de Lenine e a Ordem da Bandeira Vermelha. Depois de ter sido campeã do mundo em 1978 e do acidente fatal em 1980, apenas recebeu uma cadeira de rodas e a Ordem do Esquecimento.

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Em 1988, em uma entrevista para a Oksana Polonskaya do Ogonyok magazine, disse:

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“Há conceitos como a honra do clube, a honra da equipe, a honra da esquadra nacional, a honra a bandeira. São palavras e as pessoas não são percebidas… Eu não condeno qualquer um e nem responsabilizo qualquer um pelo o que me aconteceu. Eu fui estúpida, queria ser heroína, queria justificar a confiança que depositaram em mim”.

Elena assume a culpa do acidente e diz que Mikhail Klimenco seu técnico, não era o responsável e que se houvesse era o chefe da delegação da ginástica: Oman Shaniyazov que insistiu nos treinos, sem ela estar recuperada totalmente de uma fratura anterior. Em 1991, em uma entrevista a ABC, no Documentário “More than a Game” (Mais que um Jogo), ela conta sua saga e critica o modelo soviético de treinos na qual os atletas eram submetidos.

Hoje a ginástica é um esporte mais seguro graças a ela. Muitos movimentos antes executados, hoje são proibidos como a pirueta que Elena executava nas paralelas. 

Ela faleceu em 22 de dezembro de 2006, vítima de parada cardíaca.

 

 

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7 Respostas para “Elena Mukhina: A estrela que o mundo não pode esquecer

  1. Muito bom saber da História do esporte. Elena Mukhina, como muitas jovens, deu a vida por seu país e por ele foi esquecida. Lamentável.

  2. Ótimo conteúdo. Conheci melhor a história da Elena aqui, foi uma pena perder uma atleta deste nível é ainda ser esquecida. Foi um ícone no esporte.

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