Waldir Alvarenga Júnior, mais conhecido como “Tiozinho”, Patrícia Pereira, Sthepany Nobre, Marco Aurélio, Douglas, Flávio, Eliane, Marcos Vinícius e Felipe, todos sob os olhares atentos dos treinadores Erich e Léo, passarão o Carnaval dentro da piscina.
Tudo isso porque alguns deles iniciaram o ano de 2016 com um único objetivo: buscar a vaga paralímpica e o sonho de representar o Brasil e o Espírito Santo nas Paralimpíadas do Rio 2016. A lista dos atletas que vão compor a seleção paralímpica de natação sairá em agosto e, até lá, eles terão duas competições.
A primeira será nos próximos dias 20 e 21 de fevereiro: a Regional Rio-Sul, em Curitiba. Para fazer bonito, a equipe está com a rotina de treinos pesada: de segunda a sábado, de manhã e à tarde. Depois de Curitiba, eles embarcam para o Rio, no Open, que é o evento teste para a Paralimpíada, na qual os atletas irão buscar o índice.
Orientados pelos técnicos Leonardo Miglinas e Erich Chiabai, que há 11 anos atuam na formação de paratletas – sendo 8 como voluntários -, eles treinam duro. Mesmo na piscina, o calor é forte e o cansaço bate, mas nenhum desiste. “Estamos começando um ano que é atípico por causa da Paralimpíada. Por conta disso, o calendário está apertado”, disse Leonardo.
Exemplo de superação na vida e no esporte
Patrícia Pereira sofreu um assalto e, por consequência de um tiro, possui uma grave lesão medular. Ela, que era atleta de basquete, não deixou que a lesão a atrapalhasse na sua história de amor com o esporte. Saiu das quadras para as piscinas. Hoje, já são oito anos de natação.
“Estamos buscando uma chance, a mínima que seja, por essa vaga. Todo mundo sonha, mas eu não desisto jamais. Eu nem sabia nadar e aprendi tudo aqui. Hoje, acredito que sou capaz e posso chegar lá. Me vejo ao lado das grandes feras que representam nosso País, e penso: ‘Se estou ao lado dela, eu também posso'”, disse Patrícia, que começou a admirar a natação paralímpica através de Clodoaldo Silva, recordista de medalhas paralímpicas. Ela é especialista no nado peito e crawl.
Ela ainda dá um recado: “Se movimente, faça o que faz você feliz. O esporte não só me tornou uma atleta. O esporte deu sentido à minha vida. Eu era depressiva e imaginava que nunca mais iria fazer nada. Hoje, as pessoas me veem como referência, e isso é muito bacana. As pessoas não veem você como uma coitada”, finalizou a atleta, que compete na Classe S5.
Futuro
Stephany Nobre tem 16 anos e, segundo seus treinadores, é uma grande promessa da natação paralímpica capixaba. “Eu comecei a nadar aos quatro anos e estou aqui nesse projeto da Prefeitura desde 2012. Meu maior sonho é participar de uma Paralimpíada e, em 2016, quero vencer o Open, participar do Brasileiro e da paralimpíada escolar”, disse a jovem, que está no segundo ano do ensino médio.
Fera do nado borboleta: Waldir Alvarenga Júnior
“Júnior é um cara dedicado. Recordista brasileiro dos 50m borboleta, um atleta fenomenal, e bateu seu próprio recorde umas quatro vezes”. Essas são palavras do técnico Erich Chiabai que definem Tiozinho.
No dia 10 de maio de 1999, ele sofreu um acidente de carro e ficou tetraplégico. Foi na natação, nove anos depois, que ele encontrou uma força gigantesca e vontade de viver. A cada dia, uma batalha e uma vitória. O ritmo de treinos é pesado: de segunda a sexta pela manhã, musculação; e de segunda a sábado à tarde, natação, sempre acompanhado dos seus técnicos.
“O treino está puxado. Treino tanto aqui quanto na academia. Saio esgotado daqui. Tudo isso para conquistar essa vaga paralímpica. Estou batalhando muito por esse sonho” , disse Tiozinho, que compete na classe S3.
Sucesso nas competições
Sobre o sucesso do Brasil em competições paralímpicas – no Parapan de Toronto, por exemplo, o Brasil dominou o quadro de medalhas -, Leonardo opinou: “A esperança é grande, e o Brasil consegue muito mais vitórias no paradesporto do que no convencional. O paradesporto é recente e possibilita que uma pessoa que nade há apenas três anos seja recordista brasileiro. O Brasil fez uma política esportiva paralímpica diferente do que o olímpico faz e investiu em modalidades que dão muitas medalhas, como natação e atletismo”.
Como participar?
Os professores Leonardo e Erich contam que qualquer um pode participar do projeto. O atendimento inicial acontece através do projeto Praia Acessível, que hoje funciona de terça a domingo, na Curva da Jurema. Depois do Carnaval, será aberta uma lista de espera. O interessado deve procurar Poliana, no Clube Álvares Cabral, de segunda sexta, a partir das 13h30.