Medalhistas Olímpicos: os reis das areias gregas, Ricardo e Emanuel

Emanuel não consegue ouvir o Hino Nacional sem voltar a Atenas, na Grécia. Mais precisamente para o dia 25 de agosto de 2004. Ele está em pé no pódio, ao lado de seu parceiro Ricardo. E o degrau que eles ocupam é mais alto do que aqueles onde estão os outros times posicionados à direita e à esquerda do brasileiros. Ali, Emanuel ainda se enxerga a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos no peito, recém-conquistada nas areias da arena do vôlei de praia.

Desde aquele dia, os acordes que marcam a introdução do Nino Nacional servem como um gatilho para Emanuel. E ao ouvi-los é impossível para ele não reviver o que sentiu ao ser coroado na capital grega. “Ali eu comecei a entender o que era ser campeão olímpico. Me marcou muito. De tal forma que até hoje começo a me emocionar quando escuto o Hino. Seja na escola do meu filho ou em qualquer lugar que eu vou. Hoje, praticamente 12 anos depois, ainda sou reconhecido”, conta.

O pódio, como não poderia deixar de ser, não é a única lembrança de Emanuel daquela campanha perfeita em Atenas. O campeão olímpico se lembra com detalhes da preparação, dos dias na Vila Olímpica, dos treinos e até de declarações dos adversários que o ajudaram na hora de entrar em quadra. Foram 10 dias, sete jogos, sete vitórias, apenas três sets perdidos e muitas histórias até que ele e Ricardo pudessem chegar à primeira e até hoje única medalha de ouro do vôlei de praia masculino do Brasil.

Preparação em Portugal

Antes de embarcar para Atenas, Emanuel e Ricardo, então a dupla número um do mundo e os atuais campeões mundiais, optaram por realizar toda a preparação em Portugal, em Espinho. Emanuel conta que a areia fofa, semelhante à que seria utilizada na Grécia, e a proximidade com a Europa foram os principais motivos para estabelecer a base no país. Dali eles teriam que viajar menos para participar das etapas restantes do Circuito Mundial.

O histórico da dupla nas Olimpíadas também foi levado em conta. Emanuel já havia participado dos Jogos de Atlanta 1996 e Sydney 2000, mas saiu de ambos sem medalha. Já Ricardo tinha sido prata ao lado de Zé Marco na edição australiana, quatro anos antes de Atenas 2004. “A grande palavra foi humildade. A primeira coisa que a gente pesou foi isso: Ricardo foi prata e eu fui a duas Olimpíadas e não consegui ser campeão. O que fizemos de errado e precisamos agregar para melhorar?”, recorda o jogador.

“É fundamental na evolução do atleta entender em que momento você está. Em 1996, eu tinha apenas 23 anos, era muito inexperiente. Aprendi muito durante a Olimpíada. Entendi que a gente tem que ter confiança no planejamento. Na segunda edição, em 2000, estava mais preparado, mas não consegui dominar muito bem o fato de ser favorito. Eu e meu parceiro na época, Loyola, éramos um time muito forte, mas chegamos lá e não conseguimos formar uma dupla coesa na hora da pressão”, reconhece Emanuel. “Essas pequenas atitudes de experiências anteriores que a gente conseguiu modificar nos deu muita tranquilidade”, diz.

Pagode, não!

Com o título mundial de 2003 e a posição de número um do mundo na bagagem, Emanuel e Ricardo chegaram a Atenas como cabeças de chave número um e favoritos ao título. Os brasileiros optaram por se hospedar na Vila Olímpica devido a outro aprendizado vivido por Emanuel anteriormente.

O único momento de distração no período em que a dupla ficou em Atenas foi durante a cerimônia de abertura, outra decisão tomada depois de avaliar o que aquilo representaria para o futuro deles nos Jogos Olímpicos. “Eu e o Ricardo fizemos uma opção de fazer tudo, sentir todos os elementos que criam pressão. Ficar dentro da Vila, participar da cerimônia e conviver com os atletas no refeitório. Fizemos tudo isso como se fossem pequenos gatilhos de foco e concentração. Fomos lá para curtir um pouco, mas sabendo que tínhamos que voltar com a cabeça na competição. Fomos conscientes de tudo que a gente tinha que fazer.”

Antes de pisar na quadra montada para o primeiro desafio olímpico, Emanuel e Ricardo viveram uma situação inusitada na Grécia. Como chegaram oito dias antes dos Jogos começarem, a área de treinamento oficial ainda estava interditada. Assim, os brasileiros acabaram tendo que treinar em uma quadra localizada em uma praia no norte de Atenas, encontrada pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Não demorou para que a torcida brasileira os encontrasse lá.

A tensão da estreia

O primeiro capítulo da história de Emanuel e Ricardo em Atenas teve como coadjuvantes os noruegueses Horrem e Maaseide. Foi um verdadeiro duelo entre Davi e Golias. De um lado da rede estavam os brasileiros, líderes do ranking e campeões mundiais. Do outro, o time da Noruega, último cabeça de chave do torneio. Resultado? Vitória tranquila para o Brasil, certo? Só que não foi bem assim…

Depois de vencer o primeiro set por 21/15, os brasileiros foram surpreendidos na segunda parcial e acabaram derrotados por 21/19. Além de todo o componente natural de pressão que uma estreia proporciona, Emanuel e Ricardo tiveram que lidar com um tiebreak logo na primeira partida da Olimpíada.

“Eles mudaram o estilo de saque. Estavam sacando mais forte, como gostavam, mas passaram a sacar uma bola mais curta, tirando a velocidade e fazendo a gente jogar mais lento. Demoramos um pouco a acordar para essa mudança”, analisa Emanuel.

A dificuldade, no entanto, acabou sendo positiva. “Foi até bom acontecer isso no primeiro jogo, por que a gente entendeu que a areia estava muito fofa. Os times não estavam aguentando o jogo todo forçando o saque. Muitos outros times iam fazer esse tipo de jogo mais lento, para tentar nos cansar e tirar nossa velocidade”, continua.

Depois da surpreendente derrota no segundo set, Emanuel e Ricardo retomaram o controle do jogo e sacramentaram a primeira vitória, aliviando o peso da estreia com a parcial de 15/10 no tiebreak.

Os noruegueses Iver Horrem e Bjorn Maaseide, os australianos Andrew Schacht e Joshua Slack e os norte-americanos Stein Metzger e Dax Holdren: os primeiros rivais. Fotos: Getty Images

Os “estudiosos” australianos

O segundo confronto pela fase de grupos colocou Emanuel e Ricardo frente a frente com os australianos Schacht e Slack. Uma dupla que tinha uma característica um tanto inusitada no vôlei de praia. Segundo Emanuel, os australianos tinham por costume estudar apenas as melhores duplas do ranking, o que rendia jogos duros contra os favoritos e derrotas inexplicáveis para equipes teoricamente mais fracas.

“A filosofia deles era a seguinte: precisamos estudar somente os melhores, por que a gente evolui desse jeito”, conta Emanuel. “Tínhamos feito alguns jogos contra eles durante o ano e entendíamos que eles jogavam muito rápido conosco, com muitas bolas chutadas. Então a gente arrumou uma maneira de neutralizar essa velocidade, que era jogá-los no fundo e no meio, onde eles não tinham muitas variações e a gente conseguia ler mais. Fizemos um estudo de praticamente um mês antes de jogar contra eles”, conta o brasileiro.

Com o jogo dos adversários devidamente mapeado e a estratégia traçada, Emanuel e Ricardo não passaram o sufoco da estreia e conquistaram a segunda vitória em Atenas com 2 x 0 no placar, parciais de 21/17 e 21/17.

Reedição da final do Mundial

A última partida da primeira fase reservou um reencontro de Emanuel e Ricardo com Holdren e Metzger, dos Estados Unidos. Em 2003, um ano antes dos Jogos Olímpicos, os brasileiros superaram os norte-americanos na final do Campeonato Mundial, no Rio de Janeiro. Naquele jogo, disputado na praia de Copacabana, os brasileiros venceram por 21/18 e 21/15, selando um título importantíssimo para a dupla.

Em 2004, os Estados Unidos chegaram aos Jogos com a hegemonia olímpica no vôlei de praia masculino. O país havia sido campeão nas duas primeiras edições, com Kiraly e Steffes, em Atlanta 1996; e Blanton e Fonoimoana, em Sydney 2000. Assim, mesmo ocupando a liderança do ranking mundial em Atenas, Emanuel e Ricardo sabiam que os norte-americanos eram perigosos em grandes eventos como os Jogos Olímpicos.

“A gente tinha uma consciência muito grande de que os norte-americanos têm uma habilidade única de se preparar para os grandes eventos. Muitas vezes eles abdicam de outros campeonatos para focar em um só. A gente conversou que tinha que tomar muito cuidado. Tínhamos que entrar usando todas as nossas táticas. E foi o que aconteceu. Não demos mole em momento algum”, comenta Emanuel, ao lembrar a tranquila vitória por 2 x 0 (21/17 e 21/10) sobre Holdren e Metzger.

O viking provocador

Depois de passarem invictos pela primeira fase das Olimpíadas de Atenas, Emanuel e Ricardo encararam a primeira partida eliminatória. Em caso de derrota, todo o projeto e o planejamento iriam por água a baixo. Para evitar o retorno precoce para casa, os brasileiros teriam que passar pelos noruegueses Kjemperud e Hoidalen.

O desafio não seria apenas vencê-los, mas tentar não se irritar com Vegard Hoidalen, um gigante de 1,93m e longos cabelos loiros. “Parecia um viking”, compara Emanuel. “Ele era do estilo provocador. Toda hora ia à rede falar alguma coisa, falava com o juiz, falava da linha… Reclamava o tempo inteiro. Uma das nossas preparações psicológicas era para enfrentar esse tipo de jogador”, frisa.

A experiência não seria novidade, é claro, já que a equipe do Brasil havia enfrentado Hoidalen no Circuito Mundial. As provocações eram uma constante. Então Emanuel e Ricardo entraram em quadra sabendo o que os esperava.

“Lembro que teve um momento em que eles conseguiram nos tirar do sério. Mas pelo trabalho que a gente tinha feito, conseguimos nos recompor emocionalmente”, diz Emanuel. A partida terminou em 2 x 1 para os brasileiros, parciais de 21/15, 19/21 e 15/6.

Cerca de três meses depois da partida, Emanuel conta que encontrou Hoidalen e conversou com o norueguês sobre o duelo em Atenas. “Ele me falou: ‘naquele jogo a gente começou sacando no Ricardo, mas depois só sacamos em você. A gente sabia a pressão que você tinha por uma medalha e tinha que provar que era um jogador melhor’. Esse comentário dele foi o exemplo do que a gente já entendia, de que eles eram provocadores”, relata Emanuel.

Os irmãos brigões

Em 22 de agosto, Emanuel e Ricardo teriam pela frente o jogo teoricamente mais complicado da campanha olímpica. Os adversários seriam os irmãos Martin e Paul Laciga, da Suíça, cabeças de chave número três do torneio olímpico. Eles haviam eliminado os também brasileiros Márcio e Benjamim nas oitavas de final, evitando um confronto brasileiro por uma vaga na semifinal.

O detalhe é que os Laciga não se suportavam. Emanuel conta que os dois nem se falavam e jogavam juntos por não ter outra opção. “A gente tinha uma estratégia que era fazer com que eles brigassem e não tivessem confiança um no outro. E foi mais ou menos isso que aconteceu. A gente jogou tão bem no início que eles começaram a ficar perdidos, discutiram e a partida foi embora“, conta Emanuel.

Com a vitória por 2 x 0, parciais de 21/13 e 21/16, a dupla brasileira já estava na briga por uma medalha. Só faltava definir a cor.

Os franco-atiradores suíços

Para chegar à final, Emanuel e Ricardo teriam que passar por outra dupla da Suíça: Heuscher e Kobel. Os europeus eram os quintos cabeças de chave em Atenas, formavam uma parceria jovem e não tinham nada a perder contra os favoritos campeões mundiais. Todos os componentes necessários para transformar o duelo no mais difícil para os brasileiros em Atenas. E assim foi.

“Eram dois garotos mais jovens, na primeira Olimpíada, e estavam jogando realmente bem. A gente nunca tinha perdido para eles. Isso criou aquela motivação para eles”, cita Emanuel. Depois de vencer o primeiro set por 21/14, os brasileiros sofreram novo revés na segunda parcial. Com o 21/19 dos suíços, a partida foi para o tiebreak.

Com o jogo em 12/11 a favor do Brasil, Emanuel pediu tempo e foi conversar com Ricardo no banco. Dali saiu a decisão tática que definiu o duelo. “Era o Ricardo que estava sacando e eu falei para ele que a gente ia fazer diferente. ‘Você saca, fica na defesa e eu vou para o bloqueio’. A gente queria pegá-los de surpresa. O Ricardo deu um saque muito bom e eu consegui bloquear. Fizemos 13/11 e demos uma relaxada”, lembra Emanuel. Pouco depois daquele ponto, o próprio Emanuel fecharia o set em 15/12 e o jogo em 2 x 1.

A medalha de prata já estava assegurada. Mas ainda faltava uma vitória para chegar ao ouro.

Combustível foi a provocação

A partida valendo a medalha dourada nos Jogos Olímpicos de 2004 seria contra uma dupla da Espanha, 15ª cabeça de chave em Atenas. Emanuel e Ricardo já eram favoritos, mas os espanhóis Bosma e Herrera fizeram o favor de instigar os brasileiros para a decisão. O episódio que incendiou a dupla verde e amarela veio na véspera da decisão, em 24 de agosto de 2004.

“Todo dia saía um boletim com notícias e entrevistas da federação internacional. Nesse dia, era um texto com mais ou menos 12 parágrafos. O primeiro sobre a nossa equipe, outros oito ou nove com comentários dos espanhóis e mais dois com comentários sobre as Olimpíadas”, lembra Emanuel.

“Esses parágrafos dos espanhóis, eu lembro que peguei cada um e ia circulando (com uma caneta). O Bosma dizia o seguinte: ‘eu sei como jogar contra brasileiro na Olimpíada’. Em 1996, ele tinha eliminado o Franco e o Roberto Lopes. E em 2000, eu e o Lolyola. Essa foi a primeira que eu circulei, em vermelho. A segunda foi uma frase que dizia que eles já tinham nos vencido na etapa da China do circuito e sabiam o caminho”, diz o brasileiro.

Com as frases separadas, Emanuel foi mostrar o boletim para Ricardo. As palavras acabaram coladas no armário da dupla e serviram de combustível para o duelo que decidiu a medalha de ouro na Grécia. Os brasileiros confirmaram o favoritismo e derrotaram os espanhóis por 2 x  0, parciais de 21/16 e 21/15.

“Eu saquei o meu melhor e o Ricardo nunca jogou tão bem. Sacaram todas nele e ele virou todas. Eles instigaram o nosso time. Fomos com intensidade para não deixar respirar. Não demos chances”, afirma Emanuel.

Em um momento de empolgação no segundo set, quando alcançou o 19º ponto, Emanuel conta que chegou a comentar com Ricardo que eles iam ganhar. Mas logo foi trazido de volta para o jogo pelo companheiro.

“Ele virou para mim, sério, e disse: ‘isso aqui não acabou ainda’. Não sei se ele tinha o sentimento da outra Olimpíada, em que ele estava na frente e não conseguiu finalizar o jogo, mas aquilo foi uma energia tão forte que eu pensei ‘então tá, vamos embora finalizar aqui’. Fizemos dois pontos logo em seguida. Era para ser. A gente se preparou para isso”, diz.

A recompensa, além da medalha de ouro, veio em forma de mais palavras proferidas pelo espanhol Javier Bosma, mas desta vez em tom de elogio. “Em uma coletiva depois do jogo, ele falou o seguinte: ‘hoje estou satisfeito com a prata por que era impossível vencer o Emanuel e o Ricardo’. Isso me deixou satisfeito”, saboreia Emanuel.

Comemoração

Quando a medalha de ouro se confirmou, na forma do 21º ponto do segundo set contra os espanhóis, a reação de Emanuel foi de gratidão. Paralisado por breves momentos na areia, ele externou o sentimento de ser campeão olímpico abraçando aquele que esteve ao seu lado em cada passo da caminhada: Ricardo.

“Fiquei estagnado na quadra. Não queria correr nem gritar. Só queria abraçar aquele cara, por que nós dois juntos tínhamos feito uma coisa que parecia impossível para o nosso país. Sempre tinha dado Estados Unidos”, lembra.

Passado o choque inicial, Emanuel e Ricardo cumprimentaram os adversários, os árbitros e foram celebrar na arquibancada, onde estavam o técnico Gilmário Batista e a comissão técnica, e Leila, à época namorada de Emanuel, hoje esposa do campeão olímpico. “A gente subiu na arquibancada, eram quase dois metros e meio. Nos jogamos, fomos lá em cima e ficamos comemorando com eles, dividindo todos os louros da vitória, por que eles nos ajudaram bastante naquele processo todo.”

A última noite na Vila foi desfrutada com muitos abraços e reconhecimento. “Foi fantástico. Muitos atletas tinham terminado a competição e ainda estavam lá. Fomos ovacionados, abraçados. Foi uma emoção muito grande ver que tinha muita gente torcendo para a gente, Foi marcante”, resgata Emanuel, lembrando ainda do “prédio de ouro” brasileiro em Atenas.

“Nosso prédio na Vila era muito simbólico. A vela estava no primeiro andar, no segundo estava o vôlei e nós no terceiro. Aquele bloco de apartamentos foi todo dourado”, recorda, citando os ouros em Atenas da Seleção Masculina de vôlei, e do velejador Robert Scheidt, na classe Laser; e da dupla de velejadores Torben Grael e Marcelo Ferreira, da classe Star.

A edição de Atenas 2004 foi ainda mais marcante para o esporte brasileiro porque, na Grécia, os jogadores de vôlei Maurício e Giovane, que estavam no time que conquistou o ouro nos Jogos de Barcelona 1992; e Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira, todos campeões olímpicos em Atlanta 1996; juntaram-se a Adhemar Ferreira da Silva (ouro no salto triplo em Helsinque 1952 e Melbourne 1956) e tornaram-se bicampeões olímpicos. Até hoje os seis permanecem como os únicos homens no Brasil com duas medalhas de ouro no currículo como atletas. Além deles, seis jogadoras de vôlei – Paula Pequeno, Sheila, Jaqueline, Fabiana Claudino, Fabiana Oliveira (Fabi) e Thaisa – todas campeãs em Pequim 2008 e Londres 2012, integram a galeria dos bicampeões olímpicos do Brasil.

12 anos depois…

Os Jogos Olímpicos Sydney 2000 foram os últimos em que Emanuel não subiu ao pódio olímpico. Após a conquista do ouro em Atenas 2004, ele ainda participou das edições olímpicas de Pequim 2008 e de Londres 2012. Em ambas, o brasileiro conquistou medalhas, uma de bronze na China e uma de prata na Inglaterra.

O ouro na Grécia segue como o momento mais especial de sua vitoriosa carreira. O resultado mais resultado significativo e satisfatório de todas suas conquistas.

“Mudou muito. As pessoas me veem como um atleta de sucesso. Consigo passar muito mais os valores que quero passar, de amizade, união, comunidade dentro do esporte. Tudo que eu construí se tornou mais forte com a medalha de ouro”, avalia.

Enquanto alguns atletas guardam as conquistas para si, Emanuel adota outra filosofia, carregando as três medalhas olímpicas consigo sempre que possível. “Desde que eu parei de jogar elas têm sido importantes, por que eu uso-as para motivar outras pessoas e atletas. Onde eu posso levá-las, carrego. Não sou daqueles que querem guardar as medalhas em um cofre. Prefiro fazer com que elas sirvam de motivação, de orientação, de fé e de coragem, para passar experiência para outros”, ensina.

Rio 2016: otimismo e torcida especial

Após se aposentar do vôlei de praia neste ano, Emanuel vai viver nos Jogos Rio 2016 a primeira experiência como torcedor olímpico. Para ele, o fator casa será positivo para o Brasil, principalmente no vôlei de praia, já que os atletas estão acostumados a disputar grandes competições no país.

“Sou muito otimista. Quando você joga em casa, você tem uma energia a mais. Eles têm todas as oportunidades para ser campeões ou medalhistas”, opina, destacando a qualidade da preparação das duplas. “Até seis meses atrás, eu estava na corrida olímpica e fui beneficiado por todo esse processo. Nesses quatro anos, tivemos um apoio muito grande do Ministério do Esporte, do COB e da confederação. Nessa preparação, nada faltou”, elogia.

Mesmo fora de quadra, Emanuel terá uma ligação especial com as duplas que estarão representando o Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Entre Alison, Bruno Schmidt, Pedro Solberg e Evandro, apenas Bruno não foi seu parceiro ao longo da carreira. “Joguei junto com o Pedro quase um ano, com o Evandro dois eventos e com o Alison mais de quatro anos. São atletas por quem tenho muito carinho, que passei um pouco da minha experiência e aprendi com a juventude deles. Vou torcer com toda minha energia”, promete.

Fonte: Ministério dos Esportes


 

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