Enquanto a maioria dos atletas dos Jogos Paralímpicos realizaram um trabalho intenso de quatro anos de preparação, o ciclo da nadadora capixaba Patrícia Pereira, foi de apenas quatro meses. A Paralimpíada consagrou Patrícia como a queridinha dos Jogos, graças a sua simpatia, mas também por um feito inédito: ela termina a competição com uma medalha de prata no revezamento, quinta melhor do mundo no nado 50m peito e o recorde brasileiro e sexta melhor colocação nos 50m livre.
A atleta que treina na equipe do ACPD no Álvares Cabral sobre o comando de Leonardo Miglinas, tem em sua trajetória na natação, uma história bonita e muitos que acreditaram nela, como Fairo Brasil e Erich Chiabai. Sem contar na família, amigos e ela mesma, que transformou seu sonho em realidade.
História
Patrícia Pereira sofreu um assalto em janeiro de 2002, na casa lotérica onde trabalhava e, por consequência de um tiro, ficou com uma grave lesão medular. Antes do acidente, já praticava esportes. Buscou no basquete em cadeira de rodas sua reabilitação e não deixou que a lesão a atrapalhasse na sua história de amor com o esporte. Saiu das quadras para as piscinas. Não sabia nadar, aprendeu, se destacou e hoje são oito anos de natação.
Ela sempre dá esse recado: “Se movimente, faça o que faz você feliz. O esporte não só me tornou uma atleta. O esporte deu sentido à minha vida. Eu fiquei depressiva e imaginava que nunca mais iria fazer nada. Hoje, as pessoas me veem como referência, e isso é muito bacana. As pessoas não veem você como uma coitada”, finalizou a atleta paralímpica.”
Avaliação dos Jogos
Depois desse resultado, Leonardo Miglinas, técnico da nadadora, espera que as pessoas olhem mais para o esporte paralímpico e que o poder público e privado, possam abraçar os atletas do Espírito Santo.
“A participação da Patrícia dentro dos nossos sonhos lá atrás, foi além da nossa expectativa. A gente percebeu a possibilidade de ter a convocação para os Jogos só em abril, quando a nossa perspectiva era somente de campeonatos brasileiros. Por conta disso, foi tudo muito rápido e curto. Ter um índice paralímpico já era um sonho alcançado. E aí a teve a Patricia em três finais e com uma medalha de prata no revezamento. De todas as brasileiras no feminino, ela foi a segunda melhor, ficando atrás da Joana Maria, a Joaninha. Ter a segunda melhor do Brasil nesse evento fantástico veio da grande dedicação dos últimos meses. Patrícia acreditou e se doou 100% ao sonho. Nós tiramos dinheiro do bolso, batíamos nas portas buscando apoio, montando raia para ela nadar, correndo muito. Alcançar esse resultado incrível nos motiva. Agora ela vai descansar e depois começar a pensar em mais competições internacionais, onde o grande objetivo é chegar em Tóquio 2020, para brigar pelo ouro.”, falou Miglinas.
Ele ainda destaca a força e o potencial dos capixabas no paradesporto. “Esse resultado vai abrir as portas para a gente. Temos vários atletas com chance e às vezes enfrentamos limitações por falta de apoio. Espero que as portas sejam abertas não só para a natação, como para o atletismo por exemplo, que tem gente boa, como o projeto de atletismo no Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), coordenado pelo Professor Luiz Cláudio Locatelli. Vários desses profissionais se dedicam muito e precisam de valorização. Graças ao sucesso dos Jogos, muitas crianças e pessoas com deficiência vão procurar espaços pois viram na Paralimpíada, uma oportunidade de inclusão e até de se tornarem atletas de alto rendimento. Precisamos de muito apoio para atender essas pessoas.”, finalizou.
Patrícia Pereira desembarca no aeroporto Eurico de Aguiar Salles, em Vitória, nesta terça-feira (20), às 12h 30.
Foto Capa: Washington Alves / MPIX / CPB
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