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Pandemia atrapalha negociação de São Paulo para renovar contrato com a F-1

Sediando a corrida brasileira desde 1990 de forma ininterrupta, a cidade de São Paulo tem vínculo somente até este ano e tem enfrentado obstáculos para novas rodadas de negociação com os dirigentes da Fórmula 1

Redação Folha Vitória
Foto: JONNE RORIZ

A pandemia do novo coronavírus não atinge apenas a atual temporada da Fórmula 1. O campeonato de 2021 já foi afetado nas negociações para renovar contratos das etapas para os próximos anos. E o principal prejudicado no momento é o GP do Brasil, que ainda não está garantido no calendário do próximo ano.

Sediando a corrida brasileira desde 1990 de forma ininterrupta, a cidade de São Paulo tem vínculo somente até este ano e tem enfrentado obstáculos para novas rodadas de negociação com os dirigentes da Fórmula 1. Além disso, tem a concorrência do Rio de Janeiro, que pretende retomar a categoria a partir de 2021 em um autódromo ainda a ser construído, no bairro de Deodoro.

Como vem sendo recorrente, as duas partes avaliam que estão perto de um acerto com a F-1. Mas não escondem a preocupação com o futuro, uma vez que o foco da direção da categoria agora está todo no ajuste da atual temporada, totalmente afetada pela pandemia de covid-19.

"Faltam apenas detalhes para fechar o acordo, mas na atual situação emergencial, a FOM está focada nas soluções imediatas e realocação das provas adiadas por causa do covid-19. Por enquanto os encontros ainda necessários estão suspensos", admite Tamas Rohonyi, promotor do GP do Brasil, ao Estado. A Formula One Management (FOM) é a empresa que gere a F-1.

Em razão da nova doença, a temporada ainda não começou - deveria ter iniciado no dia 15, na Austrália. Duas das etapas previstas para o ano já foram canceladas, seis foram adiadas. E o tradicional recesso de verão na Europa foi antecipado para os meses de março e abril, de forma a abrir espaço no calendário no meio do ano. Ou seja, boa parte do calendário precisará ser reconstruído nas próximas semanas.

Com estas preocupações, o chefão da F-1, Chase Carey, deve deixar novamente o GP do Brasil em segundo plano em sua lista de prioridade, como fizera durante boa parte de 2019. No ano passado, o discurso da organização era de que estava negociando primeiro com as etapas cujos contratos se encerravam naquele ano, caso de GPs tradicionais, como o da Inglaterra, disputado em Silverstone.

Desta forma, o futuro do GP do Brasil segue em aberto mais uma vez. Para São Paulo, há um agravante. O prefeito Bruno Covas (PSDB), um dos principais responsáveis pela negociação com a F-1, está concentrado nas ações da cidade no combate ao coronavírus. A capital paulista é o epicentro da nova doença no País.

SÃO PAULO X RIO - Pelo lado carioca, o principal responsável por tentar levar a F-1 de volta para a cidade mantém o otimismo quanto às negociações. "Posso dizer que o coronavírus não tem atrapalhado as tratativas da nossa Fórmula 1. Zero. Temos trabalhado em cima de várias áreas: sustentabilidade, negociação, financeiro, patrocinadores. Estamos no momento final de definição de detalhes. Não notei nada de desconforto (na gestão da F-1) por causa do coronavírus", afirmou ao Estado o empresário JR Pereira, que lidera o consórcio Rio Motorsports, vencedor da licitação para construir o novo autódromo da cidade.

Em novembro, Chase Carey afirmou que o prazo para definir o futuro do GP brasileiro era agosto. Pela programação inicial da cúpula da F-1, seria neste mês que o martelo seria batido quando ao calendário da temporada 2021. Mas, diante da pandemia e das mudanças drásticas no atual campeonato, é possível que a definição seja adiada para os meses seguintes.