Paes lamenta 'oportunidade perdida para o Brasil' com Olimpíada na crise
Os prejuízos financeiros já têm reflexo da Cidade Maravilhosa, mesmo antes dos Jogos Olímpicos. Apesar disso, ele entende que os investimentos não ignoraram a população mais pobre
Londres - Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes assumiu nesta segunda-feira que a crise atual em vários setores do Brasil manchou a imagem do País no cenário global. Os prejuízos financeiros já têm reflexo da Cidade Maravilhosa, mesmo antes dos Jogos Olímpicos. Apesar disso, ele entende que os investimentos na capital carioca não ignoraram a população mais pobre.
"Esta é uma oportunidade perdida", resumiu Paes, segundo entrevista publicada no jornal britânico The Guardian. "Nós não estamos apresentando a nós mesmos. Com todas estas crises econômicas e políticas, com todos esses escândalos, não é o melhor momento para estar nos olhos do mundo. Isto é ruim", afirmou.
A preparação do megaevento esportivo se dá em meio à troca do comando político no governo federal e na Câmara dos Deputados. Há graves efeitos da recessão econômica, com cortes de verbas importantes. O Estado do Rio decretou calamidade pública, com reflexos diretos na Segurança e Saúde.
Como se não bastasse, falhas de infraestrutura, em especial de mobilidade, e ambientais, repercutiram com ênfase na imprensa. O "palco" dos Jogos figura de maneira injustiçada no exterior, segundo Paes. "Se você ler os meios de comunicação internacionais, parece que tudo aqui é zika (vírus) e as pessoas estão atirando um no outro", comentou.
Durante a entrevista, o prefeito defendeu o impacto a longo prazo dos Jogos. Para ele, o evento esportivo foi fundamental para uma série de avanços à cidade. E, embora o Parque Olímpico se concentre na Barra da Tijuca, zona nobre do Rio, os menos favorecidos também foram lembrados nesse processo.
"Nunca houve tanta transformação para as pessoas pobres (no Rio)", afirmou ele nas duas horas de perguntas e respostas. "Os Jogos Olímpicos são uma grande inspiração para fazer as coisas."
Segundo o prefeito, 75% dos investimentos no Rio servirão aos mais necessitados. Até porque, esses eleitores têm papel fundamental em sua posição política, afirmou. "É onde eu recebo meus votos".
A maior parte das 331 novas escolas e 90 novas clínicas existentes no Rio são nessas áreas menos abastadas, disse ele, como são a maioria das novas rodovias, o que reduzirá o tempo de deslocamento para as pessoas que vivem em favelas que trabalham na zona sul da cidade.
A matéria do Guardian cita um diálogo de Paes com o ex-presidente Lula alvo de investigação da operação Lava Jato, que apura corrupção na Petrobrás. Mas nenhum comentário a respeito foi publicado.
"Nós não somos uma ilha. A crise já está nos atingindo", declarou Paes, que vai deixar o cargo no final deste ano e morar nos Estados Unidos por seis meses, antes de uma possível candidatura para o cargo de governador do estado do Rio.