Putin nega apoio do governo a doping e culpa ex-chefe do laboratório russo
Moscou - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, voltou a negar nesta sexta-feira qualquer envolvimento de membros do seu governo aos casos de doping que vêm sendo denunciados no esporte russo nos últimos anos. Ele culpou o ex-chefe do laboratório de Moscou pelos casos escancarados pelo professor e investigador Richard McLaren, com apoio da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês).
Putin acusou Grigory Rodchenkov, o ex-chefe do laboratório, de ter forjado resultados positivos de doping e de ter forçado atletas russos a ingerir substâncias proibidas. Rodchenkov, segundo presidente russo, teria trazido as substâncias do Canadá, onde já trabalhou.
Putin também atribuiu as denúncias à ingerência da política internacional no esporte. "Sem dúvida, há um certo elemento político nestas questões. O esporte deve estar livre, assim como a cultura, de qualquer elemento político. Esporte e cultura devem ser coisas que devem unir as pessoas, e não dividi-las", declarou o presidente.
As declarações de Putin são uma resposta à decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI) de investigar 28 atletas russos, por suspeita de manipulação de amostras colhidas para exames antidoping nos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, na Rússia, em 2014. Antes, o COI já havia prometido refazer os testes de 254 amostras de urinas dos atletas russos colhidas nos Jogos de Sochi e na Olimpíada de Londres-2012.
A investigação dos 28 atletas da Rússia é a primeira grande resposta do COI ao relatório final preparado pelo investigador Richard McLaren, à pedido da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), apresentado no dia 9 deste mês.
No documento, McLaren apontou que mais de mil atletas russos foram beneficiados por manipulações no controle de doping entre 2011 e 2015, num esquema que envolveu uma "conspiração em uma escala sem precedentes" entre federações esportivas, agências antidoping e o próprio governo russo.
O caso mais grave aconteceu nos Jogos de Sochi, quando autoridades do próprio governo russo trocaram amostras de urina dos seus atletas para evitar casos de doping. McLaren afirmou ainda que o doping sistemático no esporte russo provocou a "maior fraude" esportiva durante a Olimpíada de Londres.