Copa do Catar revela nova geração de candidatos ao prêmio de melhor do mundo
Se craques como Messi, Cristiano Ronaldo, Modric e Lewandowski não devem jogar outros Mundiais, Enzo Fernández, Gonçalo Ramos, Bellingham, Tchouaméni, Pedri e Gakpo surgiram como jovens estrelas
Encerrada no domingo, a Copa do Mundo do Catar marcou a transição entre gerações do futebol. Se craques como Lionel Messi, Cristiano Ronaldo, Luka Modric e Robert Lewandowski não devem participar de outros Mundiais, nomes como Enzo Fernández, Gonçalo Ramos, Jude Bellingham, Aurelién Tchouaméni, Pedri e Cody Gakpo surgiram como jovens estrelas internacionais que, salvo acidentes ou imprevistos, chegarão ao auge na Copa de 2026, que acontece nos Estados Unidos, Canadá e México.
Desde 2008, apenas quatro jogadores foram eleitos pela Fifa como melhores do mundo: Messi (seis vezes), Cristiano Ronaldo (cinco), Lewandowski (duas) e Modric (uma). Nunca, desde que foi criada em 1991, a premiação ficou tanto tempo concentrada nos pés de tão poucos jogadores.
Agora, com todos eles acima dos 34 anos, uma nova geração pede passagem e mostrou durante a Copa do Catar, com talento suficiente para brilhar por mais uma década.
A começar pela campeã Argentina, que se revelou uma equipe para além do fantástico Messi. Aos 21 anos, Enzo Fernández foi eleito pela Fifa o melhor jogador jovem da Copa do Catar.
Mesmo tão novo, já é considerado um dos melhores meio-campistas do mundo. Revelado pelo River Plate, hoje defende o Benfica, de Portugal, e destaca-se pela capacidade de ditar o ritmo do jogo ao comandar a transição entre defesa e ataque.
Graças à ótima leitura de jogo, ele ocupa como poucos os espaços do campo e aparece muito bem no ataque. Ou seja, reúne praticamente todas as qualidades que um bom jogador da sua posição precisa ter.
Destaque ainda para Julián Álvarez, de 22 anos. Com um jogo muito dinâmico, o atacante do Manchester City fez ótima dobradinha com Messi e, não à toa, marcou quatro gols no Mundial do Catar.
BRILHANTISMO TÉCNICO
Na França, muito do show apresentado pelo fenômeno Kylian Mbappé, que completa 24 anos nesta terça-feira, deve ser colocado na conta do volante Aurelién Tchouaméni, de 22 anos.
Extremamente calmo e com uma maturidade para além da sua idade, ele consegue conciliar consciência tática com brilhantismo técnico para roubar bolas no meio-campo e servir os companheiros no ataque. Tem sido assim no seu clube, o Real Madrid, e foi assim na Copa.
A terceira colocada Croácia revelou ao mundo o zagueiro Gvardiol, 20 anos, melhor da sua posição na Copa. Nem mesmo o baile que tomou de Messi na semifinal foi capaz de apagar a ótima impressão que ele deixou no Catar.
Sempre bem posicionado, chamou atenção pela quantidade de interceptações que fez no Mundial e pode trocar o RB Leipzig pelo Chelsea já na próxima janela de transferências.
Ponto positivo ainda para a geração jovem da Inglaterra, que caiu nas quartas de final para a França, mas deu mostras de que tem potencial para ir mais longe. Aos 19 anos, Jude Bellingham é o típico meio-campista moderno ideal: habilidoso, forte, inteligente e com poder de fogo no ataque.
Já Bukayo Saka, de 21 anos, é um ponta extremamente veloz, tem um jogo muito dinâmico pelas beiradas do campo, onde parece criar espaços que não existem. Características que dificultam - e muito - a vida dos seus marcadores e que o ajudaram a fazer três gols no Mundial do Catar.
Outra seleção que não foi muito longe na Copa, mas apresentou uma safra farta e talentosa foi a Espanha. A equipe tinha no Catar nada menos do que 14 jogadores com menos de 25 anos.
Os meio-campistas Pedri, 20 anos, Gavi, 18, e o atacante Ferran Torres, 22, todos criados no Barcelona, foram alguns dos jovens rostos que caíram com o técnico Luis Enrique nas oitavas de final diante da surpreendente seleção do Marrocos, mas que podem brilhar em 2026 sob o comando de Luis de la Fuente, treinador contratado semana passada pelos espanhóis.
SUCESSOR DE CR7?
Quem também caiu diante dos marroquinos, mas nem por isso deixou de revelar um jogador com um futuro promissor foi a seleção de Portugal.
O garoto Gonçalo Ramos, de 21 anos, espantou o mundo nas oitavas de final contra a Suíça não apenas porque foi escalado como titular e deixou o astro Cristiano Ronaldo no banco. O jogador marcou logo três gols na goleada por 6 a 1, sendo um deles um incrível chute certeiro no ângulo.
O brilho de Gonçalo Ramos, no entanto, durou pouco. Já na fase seguinte, Portugal foi eliminado por Marrocos. A expectativa agora é que ele continue em destaque no cenário mundial para ter melhor sorte na Copa de 2026.
Na Holanda, Cody Gakpo, 23 anos, foi uma das grandes figuras. Com um rendimento elevadíssimo, marcou três gols e entrou na lista de candidatos ao prêmio de melhor jogador do mundo em um futuro não muito distante.
E O BRASIL?
Sobretudo no ataque, o Brasil se apresentou no Catar com jogadores jovens, com idade para disputar ao menos mais uma ou duas Copas em alto nível. São os casos de Rodrygo, 21 anos, Vinícius Junior, 22, Richarlison, 25, Martinelli, 21, Antony, 22, Pedro, 25, e Raphinha, 26.
O aproveitamento deles na seleção para o ciclo até a Copa de 2026, no entanto, depende das respostas de duas perguntas. Quem será o sucessor de Tite? Neymar vai continuar defendendo a seleção?
O treinador já anunciou que está fora da seleção e a CBF ainda não se definiu se abrirá as portas da equipe para um técnico estrangeiro ou não.
Já o atacante saiu do Catar abalado emocionalmente por fracassar na terceira tentativa de ser campeão do mundo e, aos 30 anos, não garantiu se continuará na seleção, deixando o seu futuro em aberto.
Entre os atacantes que não foram ao Catar, mas já passaram a ser cogitados na seleção, está o garoto Endrick, de 16 anos. O jogador do Palmeiras foi vendido ao Real Madrid em uma negociação que pode superar 72 milhões de euros (R$ 408,6 milhões).