Quando falamos de futuro a tendência natural é as pessoas imaginarem robôs e espaçonaves, ou viver em outro planeta. Se não é isso, pelo menos passa pela idéia de tecnologias que ainda não conhecemos, ou naturalmente, que nem conseguimos imaginar. Acredito todavia que o futuro muitas vezes pode ser observado através de tendências que passam a se desdobrar em número cada vez maior.
A muitos preocupa o futuro do trabalho quando se fala que empregos poderão ser substituídos ou extintos, mas penso que antes disso os empregos tendem a mudar. Especificamente, mudam as relações de trabalho e aqui gosto de analisar no presente a tendência do futuro.
O exemplo do Uber e Ifood trazem algumas percepções iniciais:
- Múltiplos empregadores: o motorista/entregador trabalha através de várias empresas: Uber, Ifood, 99, Cabify, Rappi, em relações que iniciam e terminam com cada viagem.
- Compartilhamento: o veículo (carro, moto, bicicleta) pode até ser alugado e com um mesmo motorista/entregador pode servir a inúmeros clientes.
- Mobilidade: o motorista/entregador pode realizar este tipo de trabalho onde estiver, iniciando e terminando a hora que desejar, nos dias que quiser.
Pra alguns esses aspectos podem denotar liberdade e pra outros podem significar fragilidade. Em todo caso, são relações de trabalho completamente diferentes das que temos atualmente. E digo isso pois a figura de um motorista/entregador anteriormente estaria conectada, mais comumente, com um único empregador.
O bem material carro, moto, bicicleta seria comprado como próprio e colocado para trabalhar atendendo a clientes específicos previamente estabelecidos por período determinado. A jornada de trabalho seria estabelecida pelo empregador, em rotas e regiões também previamente estabelecidas.
Pra todos os efeitos ainda, a remuneração tenderia a ser fixa independente da carga de trabalho ser menor ou maior, sendo este “risco” de não faturar e ter que pagar um salário assumido pelo empregador.
Em aspecto geral, prevejo que em alguns ramos a tendência é que cada trabalhador se torne sua própria empresa e com isso os bônus e ônus dessa nova realidade. Junto a liberdade de decidir seus horários, local de trabalho e parceiros de negócios, assume-se também o risco de não faturar e a possibilidade de ganhar mais/menos proporcional ao seu trabalho.
A idéia não é julgar se é bom ou ruim mas reconhecer como real e perceber a diferença dos modelos mais antigos, desconstruindo limitações e potencializando oportunidades. A descoberta a seguir é se vamos aprimorar esses modelos ou resistir a mudanças, afinal, quem constrói o futuro é o próprio ser humano do presente.
* artigo escrito por Rafael Ottaiano, fundador da Positiv Network.
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Excelente reflexão. A responsabilidade do ser humano do presente na construção do futuro, ainda está por despertar na maioria da população. Que sejamos a cada dia mais conscientes e responsáveis.
Lamentavelmente o trabalho anda numa bicicleta alugada, traballha para uma empresa que sequer o protege contra acidentes diversos. Se ficar doente não recebe, se morrer a família não recebe uma pensão. O trabalhador está jogado a sorte! Em ruas sem ciclovias, onde acidentes ocorrem a todo instante. Chamam isso de futuro? Quero voltar ao passado. Sem contar que trabalham mais de 12h por dia para tentar se sustentar. Que DEUS os ajude.
Concordo plenamente, direitos trabalhistas já quase nem existem mais, lamentável como as coisas acontecem em nosso país, isso não é futuro é decadência… fala sério as pessoas estão parecendo robôs gostam de ser manipuladas.