Longe de ser apenas fenômeno social, as mudanças que vemos atualmente são também fenômenos tecnológicos. Ontem realizei uma Live (@rafaelottaiano) com o Cyberpsicólogo Emanuel Querino, que estuda os efeitos da tecnologia e os impactos na vida das pessoas. Impacto neste caso abrange a influência tanto positiva quanto negativa.
Pegando gancho no tema “cultura do cancelamento” iniciamos um bate-papo como este movimento tem sido bastante frequente no mundo digital. Citou a questão dos efeitos cibernéticos e como a internet potencializa os sentimentos predominantes, inclusive polarizando, tendo em vista que diferente do mundo físico não existem os “freios sociais” como gestos, ou postura e expressões de desagrado a serem observados.
Em geral, é cultural do ser humano tecer críticas e chamar atenção para coisas que estejam acontecendo de forma ofensiva ou desagradável. A mudança neste aspecto é o meio no qual ela ocorre que vem evoluindo. A título de exemplo, na época do Orkut, o cancelamento ocorria mas não de forma tão abrangente como hoje.
Ferramentas sociais como Facebook, Instagram, TikTok evoluíram para facilitar o compartilhamento e o efeito viralizante, e ainda, estatisticamente o acesso a informação cresce a cada dia, com isso temos o efeito exponencial na propagação de assuntos/sentimentos. O Twitter também é um exemplo de como isso ocorre.
Emanuel ressaltou que todo este processo é considerado recente se observarmos que a popularização dos smartphones se deu nos últimos 10 anos, período no qual também aumentou a polarização de nossa sociedade.
A partir desta análise, trata-se o cancelamento como um fenômeno a ser observado muito mais do que uma cultura, sem saber se irá se estabelecer como padrão. Destaca os riscos inerentes a internet pelo fator eternidade. Explica que em geral as pessoas nem sempre acompanham a mudança e evolução dos seres humanos em seus conceitos, de forma que posicionamentos passados muitas vezes são utilizados como recorte em contextos distintos.
Neste ponto, sem avaliar se houve uma evolução e crescimento da pessoa, cerceamos sua possibilidade de melhorar ou mudar, de modo que independente do que tenha acontecido, importam somente seus erros e nem tanto quanto ela possa ter aprendido com eles. Aqui a figura do cancelamento deve ser observada, uma vez que expande seus efeitos além do erro pontual, eternizando-o em toda trajetória daquela pessoa/marca.
No aspecto de empresas, o cancelamento como fenômeno social tem sua importância pois pode inibir ofensas a direitos por exemplo. O perigo é quando ocorre com pessoas e ao invés de conscientizar sobre temas, excede no julgamento de massa que não há controle.
Pra todos os fins, algoritmos se adaptam ao engajamento humano, então se queremos ver menos coisas negativas, essa mudança deve começar em nós.
*artigo escrito por Rafael Ottaiano, fundador da Positiv Network.
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Excelente matéria.
Parabéns por abordar esse assunto.
Demais!!!! Se usássemos a internet para disseminação do bem da mesma forma que acontece para o desagradável acredito que todos seríamos ferramentas potentes de empoderamento no crescimento pessoal e social. Ao invés de nos cancelarmos seríamos capazes de praticar a inclusão(que tanto falamos) e disseminar a conscientização para muito mais pessoas. Desejo que num futuro não muito distante sejamos propagadores do bem e do amor universal em nossa maioria. A ti desejo paz e luz pra continuar nos “contaminando” com o melhor. Gratidão 🙏