O Dia Mundial das Missões é celebrado anualmente no mês de outubro. Dom Juventino Kestering, bispo diocesano de Rondonópolis (MT), faz uma reflexão sobre essa importante data para os cristãos católicos.
“Celebrar o Dia Mundial das Missões é avivar o compromisso missionário dos cristãos católicos e promover a solidariedade em favor da missão universal da Igreja Católica. Os cristãos são chamados a repensar a sua vocação, sua responsabilidade com toda Igreja e sua co-responsabilidade na evangelização no mundo inteiro.
A data teve inicio com Pio XI, em 1922. Naquele ano, o papa deu um grande impulso à missionariedade da Igreja além-fronteiras. Foi o primeiro a nomear um bispo indígena, ao qual seguiu uma série de bispos locais que deram uma dimensão universal à Igreja católica.
O católico vive e sente este momento de universalidade da fé, superando o fechamento em sua paróquia, no seu movimento, na sua pastoral e abre o coração para o mandato de Cristo de ir ao mundo inteiro e anunciar o evangelho. Dessa maneira, o cristão católico vive sem limitações de fronteiras, raças e culturas, a alegria de ser filhos e filhas de Deus, na solidariedade espiritual e humana.
Tem como gesto concreto, a solidariedade com as Igrejas mais carentes do mundo. Todos os países, até os mais pobres, dão sua colaboração para este fundo de caridade que traduz, de maneira concreta, a comunhão e a unidade. As contribuições confluem em um único fundo que é repartido conforme as necessidades de cada Igreja pobre.
Missão é doação, por isso a Igreja pede de cada fiel, rico e pobre, mesmo que seja o óbolo da viúva, uma oferta, um gesto de partilha e de solidariedade para a missão. Tudo o que for arrecadado será enviado para as missões e para os missionários. Ser cristão é ser generoso e solidário.
Assim, o cristão aprende olhar para o mundo, sentir as necessidades, escutar os clamores dos mais pobres num abraço das Igrejas entre si, das mais ricas e antigas para as mais pobres e novas, segundo o mandato de Cristo: ‘Ide pelo mundo inteiro e pregai o Evangelho a todas as criaturas’ (MT 28,18). ‘Exorto todas as Igrejas, os pastores, os sacerdotes, os religiosos/as e os fiéis a se abrirem à universalidade da Igreja, evitando toda forma de particularismo, exclusivismo ou qualquer sentimento de auto-suficiência’, afirmava (João Paulo II, RM 85).
A Igreja, ‘por natureza é missionária, porque deriva da missão do Filho e da missão do Espírito Santo, segundo o designo de Deus Pai’. Esta é ‘a graça e a vocação própria da Igreja, a sua identidade mais profunda. Existe para evangelizar’ (EN 14).
A Igreja não pode jamais fechar-se em si mesma. Está presente em lugares e espaços para se fortalecer e ir adiante anunciar o evangelho à outras culturas. Que adere à Palavra de Deus, coloca Jesus Cristo como fundamento de sua vida, abre-se para a escuta do Espirito Santo descobre a missão de evangelizar.
Ignorar os problemas temporais da humanidade significaria ‘esquecer a lição que vem do Evangelho sobre o amor ao próximo sofredor e necessitado’ (EN, 31); não estaria em sintonia com o comportamento de Jesus que ‘percorria todas as cidades e aldeias. Ensinava nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo mal e toda enfermidade’ (Mt 9,35). Por meio da participação co-responsável para com a missão da Igreja, o cristão torna-se construtor da comunhão, da paz, da solidariedade que Cristo nos doou e colabora com a realização do plano de salvação de Deus para toda humanidade.
O Papa Francisco assim exorta: ‘Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de o procurar dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que ‘da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído. Quem arrisca, o Senhor não o desilude; e, quando alguém dá um pequeno passo em direção a Jesus, descobre que Ele já aguardava de braços abertos a sua chegada’ (EG). O Dia das Missões revive em cada um o desejo e a alegria de andar ao encontro da humanidade, levando Jesus Cristo a todos”.
Pra pensar
Sou cristão não porque a fé cristã é atrativa, mas porque é verdadeira – John Stott