O término de um ano sempre nos provoca uma invasão de “reflexões”, que tendem a nos deixar meio “atordoados”: Por que não fiz aquela dieta para perder os quilos que insistem em aumentar a cada dia? Ah, eu poderia ter lido mais nesse ano… planejei ler no mínimo dois livros por mês, e olha ao ponto que cheguei: ler artigos de sites, revistas e jornais sem chegar ao fim (espero concluir este, pelo menos). Não consegui visitar meus familiares… praticamente resumi minha presença a telefonemas rápidos – “amortecedores de consciência” (a minha).
Enfim, poderia colocar aqui uma lista de 100 coisas que nos arrependemos de não ter feito durante 2016 e, num clima bem depressivo, ficarmos chorando o leite derramado. Mas o pior é que um novo ano está à frente e eu novamente transformo lamentações do “não ter feito” em “agora farei isso, isso e mais isso”.
Um novo ano pode nos colocar neste frenesi de muitos planos e projetos, que tendem a se tornar futuras lamentações. Não quero dizer que não tenhamos que fazer planos e projetos! É preciso ter uma vida planejada, sim. Porém, quero chamar atenção para algo que precisa ser a base de qualquer projeto: o “agora”. O sucesso do para sempre feliz é o agora bem vivido.
O que faz do seu tempo chamado “agora” já lhe dá bons indícios do que virá. Agora você se determina a ir até ao fim deste artigo e, estando inteiro neste “agora”, poderá transformar sua consciência para estar mais inteiro no tempo e espaço em que vive.
O que você tem vontade de fazer agora quando lê este artigo? Talvez ligar para alguém que há tempos não vê e nem fala, mas que faz uma baita falta. Dou licença para parar a leitura e ligar “agora”. Não tenha dúvida, você marcará para sempre esse alguém, e também a si próprio.
Este exemplo simples do dia a dia nos desafia a deixar a cultura do depois. A dieta que começa na segunda, a viagem do segundo semestre, os filhos depois do PPPD (pós-pós-pós doutorado). É um grande desafio viver do agora, desse tempo que grita a nossa apropriação dele como nosso, do espaço ocupado por uma existência que vive do que tem, agora. O depois não existe, a não ser como classe gramatical chamada advérbio. Quando o depois chega, ele se transforma em seu “agora”.
Que em 2017 seus planos e metas sejam permeados por um “agora”, cheio de vontade, determinação, de começos e recomeços. Pois a vida é a busca de um “para sempre feliz”, que inicia em um “agora” bem vivido!
*Adriano Gonçalves é missionário, formado em filosofia e psicologia.