É a esperança em Deus que faz a diferença dos que creem: “Ó Senhor, Deus poderoso do universo, feliz quem põe em vós sua esperança!” (Sl 83,13); por isso, São Paulo diz que: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5).
A esperança não nos deixa desanimar, mesmo no meio das aflições e tribulações da vida. Santo Agostinho recomendava: “De nada desesperes enquanto estás vivo. Nada estará perdido enquanto estivermos em busca”. Quanto maior a esperança, tanto maior a união com Deus. Nossa esperança não pode ser incerta, pois, ela se apoia nas promessas divinas, São Paulo disse: “Na esperança é que fomos salvos” (Rom 8,24). Nessa certeza, São Pedro pedia a seus filhos: “estai preparados para dizer aos outros a razão da nossa esperança” (1 Pe 3,15).
A tribulação vencida na fé e na esperança
Mas, a nossa grande esperança é a vida eterna em Deus. São Tomás de Aquino dizia que: “A esperança cristã é a espera certa da felicidade eterna”. São Paulo disse aos filipenses: “Nós somos cidadãos do Céu! É de lá que, também, esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará nosso corpo miserável, para que seja conforme o Seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de submeter a si toda a criatura” (Fil 3, 20-21).
São Paulo mostra que é vazia toda esperança colocada apenas nas realizações terrenas: “Se é para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, nós somos – de todos os homens – os mais dignos de compaixão” (1 Cor 15,19). A esperança do Céu e da sua glória fazia o apóstolo dizer: “Os olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Cor 2,9).
O paciente Jó recomendava: “Crescer na confiança enfrentando as tribulações” (Jó 1,20). Com esperança, as tribulações da vida, nos ajudam a crescer na confiança em Deus e nos fortalecem espiritualmente.
São Paulo mostra os frutos da tribulação vencida na fé e na esperança: “Nos gloriamos até das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana” (Rom 5,3-5).
O Apóstolo diz que Deus nos conforta em nossas aflições para que nós, também, possamos consolar os que sofrem ao nosso lado: “Bendito seja Deus de toda a consolação, que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia!” (1 Cor 1,3-4)
São Pedro recomenda: “Lançai sobre Deus todas as vossas preocupações, porque Ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé” (1 Pe 5,7s). Mas, São Paulo nos conforta: “O Deus da paz em breve não tardará a esmagar Satanás debaixo dos vossos pés” (Rom 16,20).
E São Pedro diz que com perseverança venceremos as tribulações na paciência: “O Deus de toda graça, que vos chamou em Cristo à sua eterna glória, depois que tiverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis, vos fortificará” (1 Pe 5,7-10).
Não podemos desanimar. A Carta aos hebreus nos diz: “Meu justo viverá da fé. Porém, se ele desfalecer, meu coração já não se agradará dele (Hab 2,3s). Não somos, absolutamente, de perder o ânimo para nossa ruína; somos de manter a fé, para nossa salvação!” (Heb 10,39).
São Paulo mostra que jamais Deus nos abandona no meio das tribulações: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada?. Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou” (Rom 8,35-39).
A Providência divina tudo controla; nada escapa de Seus olhos: “Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois!” (Mt 10,30-31. Sabemos que “o salário do pecado é a morte” (Rom 6,23), o sofrimento e as tribulações não são castigos de Deus. Mas Deus transformou o sofrimento em matéria prima de salvação com a Paixão de Cristo. “A morte foi tragada pela vitória (Is 25,8). Onde está, ó morte, a tua vitória?” (1 Cor 15,55-56).
A oração nos faz vencer
O que nos dá forças para vencer as tribulações é a oração. Na verdade ela é a mais potente das ações. Ela é a nossa força e a fraqueza de Deus, dizem os santos. É preciso rezar sempre: “orai sem cessar!” (1 Ts 5,17), e rezar com o coração; uma oração que seja humilde, fervorosa e perseverante, sem desanimar. A oração nos dá a consciência da nossa fraqueza. Gandhi, que não era cristão disse: “a oração salvou-me a vida”.
A oração é a força da alma e da vontade; ela faz os santos. Alguém disse que “o homem só é grande de joelhos”.
É próprio do homem rezar, não dos animais. Tudo pode ser mudado pela oração. Ela é a respiração do espírito e a condição para entender as coisas sobrenaturais. O grande microbiologista da Sorbone, Dr. Louis de Pasteur, dizia: “saio mais humano da oração”.
É com a força da oração que conseguimos arrancar os vícios do jardim de nossa alma e plantar as virtudes. Com ela vencemos a tristeza e aliviamos o sofrimento. Sem oração é impossível caminhar na fé e fazer a vontade de Deus.
O Senhor Jesus nos manda “orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo”. A oração é para a alma, o que o ar é para o corpo. Uma alma que não reza é uma alma que não respira; não tem vida. Ninguém pode servir a Deus sem muita oração, pela simples razão de que é Ele, e somente Ele, que realiza todas as coisas; nós somos apenas seus instrumentos. “Sem Mim nada podeis” (Jo 15,5). “Tudo o que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado” (Mc 11,24).
São Paulo recomenda com insistência: “Orai em todo o tempo” (Ef 6,18), “perseverai na oração” (Col 4,2), “orai sempre e em todo o lugar” (1 Tim 2,8). “Antes de tudo recomendo que se façam súplicas, orações, petições, ações de graças por todos os homens (…)” (1 Tim 2,1).
Por Felipe Aquino
Professor Felipe Aquino escreveu 73 livros de formação católica.