Os cultos de matriz africana, como a umbanda, o candomblé e a religião dos orixás, conquistam cada vez mais adeptos. Antes frequentados por pessoas de origem humilde e de baixa escolaridade, hoje o cenário nacional é outro.
Segundo os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 47% dos adeptos das religiões afro no Brasil são brancos e 13% do total de fiéis tem nível superior completo índice acima da média nacional, de 11%.
Mas quando o assunto é o número de frequentadores, os números podem não traduzir a realidade. De acordo com dados do censo do IBGE de 2000, as denominações afro-brasileiras agregam apenas 0.3% da população, mas estudiosos do tema afirmam que os percentuais das pesquisas são subestimados, pois boa parte dos afro-brasileiros declaram-se católico ou espírita, por uma questão histórico-cultural, ou seja, a maior parte dos participantes nasceu católico.
De acordo com Luiz Augusto Labuto, da Fraternidade Tabajara, em Cariacica, os dados do IBGE informam que no Brasil há um número menor de seguidores do que de terreiros existentes. Somos atuantes e fortes no cenário religioso nacional. A pesquisa não retrata a realidade de forma alguma.
A Tabajara, que foi fundada na década de 40, possui mais de 500 membros. Mas há os que são atendidos regularmente. Em 2013 foram registrados 11.533 atendimentos diretos. O fluxo de frequentadores é grande.
A Fraternidade realiza evangelização individual e coletiva, conselhos, descarrego, desenvolvimento mediúnico, passes, trabalhos de cura espiritual, além de obras sociais como distribuição de sopa aos domingos, de cestas básicas mensalmente, atendimentos gratuitos de médicos, assistentes sociais e advogados.
Creio que todas as religiões têm suas finalidades. A Umbanda é caridade, sem interesses financeiros. Neste mundo, se propaga muito o que envolve dinheiro. Essa não é nossa prática, falou Luiz Augusto Labuto.
Ele alega que falta espaço para destacar as atividades das religiões afro e, assim, combater o preconceito. Há conceitos mal formados que se tornam preconceitos, infelizmente. Temos nosso credo, nossos rituais, mas muitas vezes somos cognominados como não-religião, não-cristãos. A falta de informação nos prejudica. Vale lembrar que religiões africanas são principal alvo da intolerância religiosa no Brasil. Isso tem que mudar,concluiu.
O mundo virtual reflete a situação do mundo real. De 2006 a 2012, a organização não-governamental SaferNet Brasil, através da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos (CNDCC), recebeu 247.554 denúncias anônimas de páginas e perfis em redes sociais que continham teor de intolerância religiosa.
Muitas vezes uma página ou perfil é denunciado dezenas, centenas ou até milhares de vezes. Dessa forma, nesse período, 15.672 páginas foram reportadas por conter teor de intolerância religiosa. A tendência é de queda: de 2.430 páginas em 2006 para 1.453 em 2012.
No Espírito Santo, casos de intolerância religiosa podem ser denunciados à Rede Capixaba de Direitos Humanos por meio do site www.rcdh.ufes.br.
No ato da denúncia não é necessário a identificação do nome ou endereço. O tipo de encaminhamento dado depende da demanda, que pode ser enviada ao Ministério Público, à SEADH-ES, entre outros órgãos. As denúncias também podem ser feitas por meio do disque 100.
Pra pensar
A paz do coração é o paraíso dos homens Platão
*Fotos: divulgação
Realmente, os dados estatísticos oficiais não condizem com a realidade.
Em função do forte preconceito, muitos omitem que simpatizam, frequentam e/ou seguem alguma religião de matriz africana-indígena.
Outro fato curioso é que de certa forma, as religiões de matriz africana estão ficando cada vez mais “brancas” no sentido de que há uma forte e crescente presença deste “grupo racial”.
adorei esse artigo, me ajudou bastante em um trabalho que eu estou trabalhando falando as sobre religiões africana, Obrigada…