Rotina de estudos, dedicação, foco e renúncias. Essas são algumas das características do ano letivo de um estudante de pré-vestibular. O 2020, no entanto, está sendo totalmente atípico para muitos desses jovens. A pandemia da Covid-19 suspendeu as aulas presenciais e bagunçou todo o planejamento de escolas e alunos.
De acordo com Lorenzo Tessari, diretor e sócio do Gama Ensino, as escolas não conseguiram se planejar de uma forma adequada para o que estava por vir, pois a pandemia obrigou as instituições de ensino a suspenderem as aulas presenciais logo no início do ano letivo.
“As mudanças foram muitas, porque (a pandemia) bagunçou totalmente os estudos dos alunos. A suspensão das aulas logo no início do ano e de maneira tão repentina fez com que muitas escolas não tivessem tempo de se adequar a um EaD. As maiores escolas tiveram problemas para migrar completamente o seu modus operandi para um formato de aulas on-line”, destacou.
A suspensão das aulas presenciais de uma forma tão rápida causou, obviamente, muitos prejuízos aos estudantes. Para Heloísa Mannato, diretora do Pré-Vestibular do Darwin de Vitória, além das dificuldades pedagógicas, a pandemia também abalou o lado emocional desses jovens.
“O aluno passou a vida inteira estudando de uma forma (aulas presenciais), com o professor explicando e dando toda a atenção, e de repente o aluno se viu preso dentro de casa, tendo que se adaptar às aulas on-line, sem ter o feedback do professor com aquela rapidez que se tem em sala de aula. Além disso, juntou o lado emocional, o medo de pegar a Covid-19, e de não poder estabelecer as relações interpessoais com os amigos, porque isso é um dos grandes lances da escola, o desenvolvimento com os amigos, onde cria-se laços, aprende-se a lidar com o diferente. O aluno, portanto, perdeu tudo isso”.
Aumento da ansiedade
O ano de um estudante de pré-vestibular traz uma carga emocional gigantesca: compreensão de conteúdos, simulados, horas e mais horas de estudos, pressão dos pais pela aprovação, dúvida em relação a qual curso fazer etc. Esse turbilhão de emoções ocasiona em uma enorme ansiedade.
“Para alunos de pré-vestibular a ansiedade é muito presente, porque é o ano da primeira grande decisão da pessoa, e muitos acham que eles vão decidir o que eles serão para o resto da vida. Os jovens são imaturos, então é uma pressão, e muitos pais colocam uma pressão em cima deles, que eles têm que passar no vestibular”, explica Lorenzo.
Na visão de Lorenzo, o isolamento social intensificou toda essa pressão e ansiedade que os alunos normalmente já têm.
“E com a pandemia e isolamento social, tudo isso se intensificou, porque o que ameniza a ansiedade, a pressão, é compartilhá-la. Em sala de aula você ver seus amigos estudando, os professores estão tirando as suas dúvidas, então isso acaba tirando um pouco da ansiedade”.
Heloísa revela que no primeiro momento, muitos estudantes sentiram o desgaste emocional gerado pelo cenário que foi apresentado a esses jovens. Foi, portanto, necessário que a instituição de ensino entrasse em ação para cuidar do aspecto emocional dos alunos.
“No começo, ocorreu um desânimo (nos alunos), eles ficaram desmotivados e desestimulados. Tive alguns alunos que ficaram tão angustiados, que não conseguiam estudar. Então tivemos que fazer um trabalho de resgate desses alunos. Não pode ficar dando matérias num momento que o emocional do aluno está falando mais alto. Mas depois eles se restabeleceram”.
De acordo com Heloísa, apesar do isolamento social, é de extrema importância que esses jovens procurem fazer algumas atividades que tirem a tensão dos estudos.
“Para relaxar, a gente orienta um trabalho de música, dança, oração, meditação. Também damos dicas para o aluno, já que ele está em casa, na hora que ele quiser descansar após os estudos, ele colocar um som alto, dançar, para que ele produza mais serotonina, que é o hormônio que produz bem-estar”, finaliza.
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