Os métodos de entrada no mercado de trabalho têm mudado à medida que a gestão das empresas evoluem. O nosso ensino superior, entretanto, permanece o mesmo. São cinco anos para concluir um curso, com exceção da área de biomédicas. O estágio obrigatório é tratado como uma disciplina qualquer, onde na maioria das instituições ele tem um valor menor em relação à grade normal. Dessa forma, grande parte do estudantes o faz com o objetivo de concluir o curso, mas não para se inserir no mercado de trabalho.
Ao longo dos últimos 10 anos, no entanto, começamos a ter uma mudança brusca em relação à demanda das empresas pelos jovens talentos que saem das faculdades. A mudança vem da evolução dos modelos de gestão, onde cada vez mais empresas têm aderido a modelos mais modernos, em um ambiente que se aproxima da gestão de startups. Ou seja, menos controle e mais inovação e um aprendizado contínuo de novas ferramentas e tecnologias que exigem uma formação ao longo da carreira.
Por causa do alto dinamismo das funções, a prioridade aqui é absorver pessoas capazes de aprender, mas não com uma formação técnica em si. Priorizar, portanto, as soft skills – termo usado por profissionais de recursos humanos para definir habilidades comportamentais, competências subjetivas difíceis de avaliar. Pessoas com essa capacidade também são conhecidas como people skills e interpersonal skills.
Quando falamos da capacidade de aprender, de soft skills, estamos falando de um campo que ainda é pouco explorado na formação superior. Apesar de algumas escolas se movimentarem nessa direção, é uma mudança que leva tempo. Mas enquanto ela ocorre de forma gradativa, as instituições têm um papel a fazer: enviar os universitários para o mercado de trabalho.
Cada vez mais vemos empresas não contratarem pelo currículo, principalmente para posições iniciais. Isso porque esse novo modelo de gestão mais ágil e mais aberto permite que jovens sem experiência possam ter uma chance de performar. Esse cenário acaba por criar o ambiente ideal.
Jovens sem experiência, porém dinâmicos e com muito potencial, podem começar a sua jornada no mercado de trabalho muito mais cedo do que o “normal”. Isso faz com que possam adquirir experiência e tira a pressão de se inserir de uma vez logo que se formem no mercado de trabalho.
Sendo assim, um círculo virtuoso é criado, onde a empresa pode adquirir um talento investindo menos e com menos burocracia. E o estudante começa a sua carreira com mais possibilidades de acelerar seu aprendizado.
Portanto, diante desse cenário, as instituições de ensino superior devem apoiar esse movimento, criando um ambiente favorável, grades curriculares flexíveis e se aproximando dessas empresas para inserir seus jovens. Isso não exige o governo e as instituições de melhor prepararem seus alunos para o mercado do futuro, mas já é um passo nessa direção.
Curtiu o texto sobre formação no ensino superior? Então deixe seu comentário abaixo.
Veja mais conteúdos sobre educação e tecnologia no EducaTech.