O principal desafio, consensualmente aceito, está direcionado à formação de alunos autônomos e criativos. Isso demanda que a escola siga modelos formativos diferenciados, enfatizando-se, nesse sentido, a chamada escola criativa, um modelo onde alunos e professores sejam capazes de adotar um paradigma cognitivo e comportamental que os conduza à solução de problemas em face dos desafios cognitivos, científicos e profissionais dos novos tempos, inaugurados, na verdade, antes do novo milênio.
Nessa perspectiva de fundamentos da escola criativa, surgem duas demandas:
- Precisa-se de professores criativos;
- É necessário que o processo formativo escolar seja criativo.
Ambas as exigências poderiam ser sintetizadas na busca de modelos libertos de todo o formalismo pedagógico e didático e, especialmente, na atribuição de diferentes papéis a professores e discentes.
O resultado seria sempre um aluno melhor, capaz e idôneo, com preparação suficiente para andar por si só e ter sua participação garantida na formulação e busca de soluções científicas, tecnológicas e sociais, assim como um professor mais dinâmico, atualizado, inovador e nada formalista. Aquele seria livre para perguntar, propor soluções e buscar caminhos para conseguir ambas as coisas. Este, um gerador de provocações, instigando, permanentemente, seus discentes a pesquisar e criar perguntas e respostas, sem que, para tanto, tenha ideias preconcebidas. Assim, nesses papéis, o processo ensino-aprendizagem iria muito além das aulas e do espaço escolar e se tornaria um nexo entre teoria e prática, escola e sociedade, bem como a passagem do desconhecido ao conhecido.
Assim sendo, a escola criativa de que se fala tem, como seus fundamentos, um processo formativo escolar transformador. Traz os avanços científicos e técnicos às atividades escolares, ao mesmo tempo em que propicia a transformação progressiva de professores e alunos.
O desafio, como estratégia e metodologia, a superação dos estágios cognitivos e comportamentais alcançados precedentemente, a busca de novos conhecimentos e o avanço ilimitado ao desconhecido são imanentes à criatividade.
Nesse processo, não se pode pensar num professor tradicionalista, formalista e despreparado. Aquele que repreenda as potencialidades dos seus alunos em vez de incentivá-las, porque teme as mudanças e evita sair da zona de conforto. O professor manualista, que sempre se apresenta com um roteiro fechado, o qual encerra tanto ele como seus discentes, é uma negação no caminho da formação criativa e do avanço à escola criativa.
As instituições escolares deveriam transformar os professores com esse perfil educativo, convidando-o, de maneira permanente, a enfrentar desafios pedagógicos e didáticos. Pois nesse constante enfrentamento dos problemas, ele se tornaria também criativo ou, pelo menos, num primeiro momento, teria consciência do imperativo da mudança.
Um professor criativo leva os alunos à análise consciente, estimula e promove o desenvolvimento de habilidades expressivas e participativas. E, de modo geral, cria um ambiente pedagógico adequado para um intercâmbio fluido e livre. É, ademais, flexível, disposto à mudança, aberto a sugestões, transformador e acessível. Até porque a escola criativa onde trabalha precisa de professores criativos, que, de maneira peremptória, definem sua fisionomia.
Entretanto, a escola criativa precisa também de um tipo diferente de discente, um discente criativo, cujo comportamento deve se caracterizar pela capacidade de interrogar e de buscar respostas, com autonomia e independência crítica que permitirão selecionar, ponderar, organizar e apresentar suas conclusões. Esse discente terá uma representação do cotidiano como constante desafio às suas competências, ora para formá-las, ora para utilizá-las.
Escolas, professores e alunos se unem no objetivo comum de planejar e concretizar um processo formativo escolar criativo, no qual os três atores possam realizar, de forma cooperada e corresponsável, suas ações educativas, que, de forma definitiva, levaria tanto os discentes como os professores a aprender a evoluir. As instituições educativas são, na sua essência, transformadoras das pessoas, dos saberes e da sociedade. Para tanto, elas haverão de utilizar uma metodologia que faça dos seus processos e atividades momentos de aprendizagem e criatividade.
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*Artigo escrito pelo Prof. Dr. Angel Rafael Mariño Castellanos, Doutor em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo (USP). Professor universitário desde 1983. Gestor institucional. Consultor e assessor de processos institucionais em IES. Autor de livros sobre direito, pedagogia e educação.
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