Não adianta as famílias cobrarem um serviço impecável alegando mensalidade alta. Elas têm que bancar o erro “controlado” da escola e entender que ele é tão rico quanto qualquer outro aprendizado programado e previsto no currículo. Além disso, elas precisam entender que a equipe pedagógica e de apoio é nota 10 e que vai tirar de letra o que quer que aconteça.
A operação da “boa escola” é tão redondinha e impecável que virou símbolo de profissionalismo – “eles sabem o que estão fazendo”. Aí tudo vira um circo: só vamos fazer o que temos certeza. Só vamos repetir o espetáculo exaustivamente ensaiado – como se o improviso não pudesse ser também um belíssimo espetáculo. “É melhor a gente não tentar isso. Não sabemos se vai funcionar. Se tivermos qualquer problema com essa sua ideia aí você já viu, não é? Os pais ligam aqui na hora”.
O palhaço é a figura que mais improvisa no circo. É ele que interage com a plateia sem saber quem vai encontrar por ali. Ele aparece entre um espetáculo e outro, como que para tomar o tempo das pessoas enquanto o próximo artista se prepara – e a equipe vai mudando o cenário. No entanto, o símbolo do circo é justamente o palhaço.
Dessa forma, quanto mais a família cobra solidez e familiaridade de processos em um ambiente escolar, mais a escola se engessa e mais distante ela fica das novas gerações. Precisamos entender que na senda da inovação somos eternos amadores e que está tudo bem! Temos de ensinar as crianças que o fracasso faz parte da vida e que a virtude está em saber o que fazer com ele, e não em ser capaz de evitá-lo a qualquer custo.
Vamos evitar as lágrimas diárias de adolescentes que acreditam que estão “fracassando” e que nada entenderam sobre “aprendizado”. Vamos curar as crianças do estresse e da depressão precoce.
Entre os malabares e o elefante que se equilibra em uma perna só, precisamos permitir que o palhaço conduza o espetáculo: “as crianças adoram”.
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*artigo escrito por Patrick Bonnereau formado em Física pela UFMG, tornou-se Microsoft Innovative Expert e representou o Brasil no Educator Exchange, em Paris, com novas metodologias envolvendo tecnologia computacional. Há 4 anos trabalha com inovação educacional em redes de escolas em Belo Horizonte e realiza formação de professores. Patrick é co-fundador da área de inovação da mantenedora dos Colégios Santo Agostinho, que tem o objetivo de criar negócios educacionais inovadores.