Está ficando evidente cada vez mais que a graduação a distância é altamente inclusiva. Além da flexibilidade de horários, que permite ao aluno trabalhar, geralmente as mensalidades dos cursos a distância são mais acessíveis e a sua dinâmica de estudo evita gastos com deslocamento, alimentação fora de casa e até mesmo com materiais, pois boa parte bibliográfica fica disponibilizada on-line. Além do diploma ter o mesmo valor formal que da graduação presencial, um aluno formado em um curso EAD pode ter até mais chances de sair na frente em um processo seletivo. Isso porque o modelo de ensino predispõe mais disciplina e organização do aluno. O ensino a distância também exige docentes mais capacitados, preparados para a digitalização das metodologias educacionais.
Muito além da regulamentação do Ministério da Educação (MEC), no Brasil, os cursos superiores (graduação e pós-graduação) a distância possuem a mesma validade que os presenciais. É importante, no entanto, escolher uma instituição de ensino de qualidade e aproveitar o máximo possível de todos os benefícios que a modalidade oferece.
De acordo com o Censo da Educação Superior de 2019, 63,2% das vagas oferecidas para o nível superior foram para a modalidade EAD. Pela primeira vez na história, o total de ingressantes no ensino a distância superou o presencial na rede privada. Ao todo, 50,7% dos alunos que ingressaram em instituições privadas optaram por cursos de EAD.
“Há 20 anos eu estudo e trabalho com educação, mas sempre com a lógica de inclusão social pela educação superior. Além do aumento na remuneração, um diploma de graduação no Brasil é sim uma forma de inclusão, mas deve ser feita de maneira séria. O aluno que depende dessa inclusão trabalha, então ele tem que estudar a noite, sábado, domingo, que é o tempo que ele tem. Ele não pode estar vinculado aos horários das aulas porque ele pode ter um chefe que vai fazê-lo trabalhar umas duas ou três horas a mais e se ele não quiser fazer isso, tem outro que fará no lugar dele”, declara Solange Ferreira de Moura, doutora na área de Direito e Diretora Acadêmica de Graduação na Unyleya, instituição de ensino superior pioneira em EAD no país.
Segundo Solange, o perfil de alunos para a Ensino Superior a Distância é geralmente composto por pessoas das classes C e D que estudaram em escolas públicas e que estão fora da sala de aula há mais de cinco anos. Isso porque, infelizmente, a maioria das pessoas que consegue pagar uma Universidade que trabalha com o modelo de ensino presencial ainda pertence ao topo da pirâmide social brasileira, mesmo que a política de cotas tenha auxiliado o processo de inclusão.
A diretora explica ainda que até então os professores eram todos formados em cursos presenciais e com cabeça analógica. A pandemia foi um fator determinante para essa mudança. O professor que ficou só dentro de sala de aula foi preservado por muito tempo pelo avança da tecnologia que atingiu tantas outas carreiras, mas em 2020 a impacto nas aulas foi definitivo.
Recrutadores também já começaram a reconhecer algumas características diferenciadas nos egressos dessa modalidade de estudo – disciplina, determinação e responsabilidade. Esses atributos, por si só, fazem dele um profissional com qualidades essenciais para o ambiente corporativo. De acordo com pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), quem investe em um curso de nível superior tem mais possibilidades de desenvolver uma carreira de sucesso. No Brasil, a formação é ainda mais valorizada e promove um aumento de renda de até 156% em comparação aos profissionais sem diploma de nível superior.
“Você tem que partir da realidade do estudante e do país, do chão que o estudante pisa, do repertorio que ele traz e começar a construir algo a partir daí. Disponibilizar para o estudante esse mar de fontes. Eu posso no presencial colocar o aluno dentro de um museu e depois um documentário de um fato histórico. Nunca devemos esquecer o estudante, o que ele traz, valorizando a origem, a história dele, quem ele é. Acredito muito que nós docentes temos a honra de ser espelhos e os estudantes se olham em nós e se nós refletirmos as histórias deles, de que são grandiosas, potentes, que são capaz de aprender, transformar, serem grandes”, diz a diretora.
Ensino a distância e cursos presenciais não serão mais rivais
Solange acredita que 2020 foi decisivo na quebra de paradigmas, porque não há mais como produzir um modelo bancário de educação. Foi evidente que a incorporação da tecnologia na educação deve ser um meio, não um fim de si mesma.
“A transformação não é alterar as modalidades de educação para torna-las mais barata e ampliar a margem de lucro. Instituições com esse viés não têm vida longa, pois não é viável do ponto de vista da qualidade, permanência e desenvolvimento”, analisa.
A diretora conclui que a divisão entre ensino presencial e a distância tende a desaparecer e que cada vez mais haverá espaço para cursos híbridos, dependendo, claro, da natureza do curso e das atividades desenvolvidas.
“Temos que sair dessa divisão e parar de ditar o que é bom e o que não é. A qualidade não está na modalidade, mas na forma de produzir. Eu parto sempre da premissa de que o ponto chave para a educação é o docente. A formação do docente que vai ter que dar uma virada. O conteúdo para formação do professor digital é o mesmo. Nós vamos trabalhar com as formas, com experimentações, não vamos mudar o conteúdo que deve ser trabalhado”, finaliza.
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