Ao longo do tempo, o jeito como entendemos a educação mudou. Novas demandas surgiram e os profissionais, como professores, coordenadores e psicólogos educacionais, tiveram que se adaptar.
Por exemplo, um tempo atrás, o aluno era o único culpado pelo seu fracasso. Hoje em dia, já se entende que o contexto em que a aprendizagem ocorre também interfere nesse processo. Ou seja, a família, as condições sociais e econômicas, as relações de interações e inclusão etc.
Quando ignoramos os fatores externos (como a vida do aluno em casa, a interação dele com os outros alunos e as suas necessidades), perdemos a oportunidade de entender as reais razões do fracasso escolar.
O que é psicologia educacional?
Já não se acredita mais que a criança vai para a escola e aprende matemática, português e ciências só porque está sentada à mesa em frente ao professor. O pacote da aprendizagem tem muitos outros elementos, em especial os contextuais.
Mas o que isso significa?
Os elementos contextuais são o maior foco do psicólogo educacional. Ou seja, o foco é entender quais são as necessidades da criança, do professor e da escola, para que o aluno se desenvolva sem discriminar ou negligenciar nenhum ponto.
Isso evita a romantização da aprendizagem e desfaz mitos, como pessoas que pensam que todos os alunos aprendem e estudam do mesmo jeito e que as escolas, mesmo sem condições mínimas, terão como desenvolver uma criança da melhor forma.
Para que serve?
Antigamente, a psicologia educacional apenas avaliava o aluno e o caracterizava, como se fosse uma divisão em classes ou tipos.
Hoje, o papel dessa área é muito maior. Além de observar e avaliar, o psicólogo educacional também se preocupa em entender o quanto as estratégias educacionais usadas na escola estão dando certo. O melhor de tudo é que, a partir disso, o psicólogo pensa em projetos e estratégias que melhorem o aprendizado naquele ambiente, como essas:
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Qual a função da psicologia educacional?
Perceba: a psicologia educacional faz um trabalho completo. Ou seja, envolve família, aluno, professor e todos os outros profissionais desse mesmo contexto.
O psicólogo educacional vai observar a situação, definir formas de prevenção e construir caminhos que ajudem na adaptação dos alunos à escola. Como, por exemplo, no caso de pessoas com deficiências e distúrbios. Nesses casos, o psicólogo vai pensar em formas de garantir o bem-estar à pessoa e, consequentemente, melhorar o desempenho escolar dela.
Qual a importância dessa disciplina para o processo de ensino?
Até aqui, você viu que o processo de ensino-aprendizagem ocorre por meio de um trabalho coletivo e que o professor e a família, por mais dedicados que sejam, precisam da orientação de um profissional – como o psicólogo educacional. Mas por que é tão importante?
Para que o aluno aprenda, é importante que ele se sinta ouvido, compreendido, acolhido e, além disso, que ele tenha interesse pela aula. E é aí que psicólogo educacional vai ajudar o professor a:
- Adquirir habilidades para lidar com os problemas apresentados pelos alunos;
- Criar um ambiente saudável na sala de aula;
- Estimular o interesse pelo desenvolvimento do aluno.
Além disso, ele tem uma maior percepção de casos que devem ser encaminhados para atendimentos psicológicos clínicos.
O que o psicólogo educacional pode fazer?
Agora que você já sabe a importância da psicologia educacional e o quanto ela pode ajudar crianças e jovens a verem a escola com outros olhos, vamos entender o que, na prática, um psicólogo educacional pode fazer:
- Conhecer as etapas do desenvolvimento: quando os profissionais da educação entendem e respeitam as etapas do desenvolvimento do aluno, fica mais fácil ajudar e estimular a criança, o adolescente e a pessoa com deficiência;
- Atualizar os métodos de ensino: a educação é dinâmica e os estudos vão evoluindo as formas como se aprende e como se ensina. Então, a escola precisa acompanhar isso para que o resultado seja eficiente;
- Dar aconselhamento e orientação: o psicólogo educacional tem a função de encaminhar a família e o estudante para atendimentos psicológicos, fonoaudiológicos e outros. Por exemplo: foi detectado que a criança não está aprendendo pois tem sinais de dislexia. Então, será encaminhada pelo psicólogo educacional para o fonoaudiólogo para fazer uma avaliação;
- Conhecer os estudantes e suas individualidades: os estudos modernos em educação mostram que em uma sala com 20 alunos, cada um deles deve ser olhado de forma individual, pois isso influencia na forma como a criança aprende e na escolha das melhores estratégias pelo professor;
- Entender os princípios de avaliação: uma instituição de ensino precisa ter muito clara a sua forma de avaliação e cabe aos profissionais que atuam na escola explorar ao máximo as opções dessa avaliação. Por exemplo, se você só faz provas com seus alunos, você corre o risco de não estar avaliando todas as potencialidades deles. E mais, um aluno ou outro sempre vão mal nas suas provas, pois, talvez, precisem ser avaliados de outras formas;
- Compreender a saúde mental dos alunos: este é um ponto muito importante, já que atualmente a escola lida com quadros de ansiedade, depressão e outros tantos diagnósticos. Esses quadros precisam ser levados em consideração no planejamento da escola;
- Resolver conflitos em sala de aula: a escola é um lugar de conflitos e isso é perfeitamente normal. No entanto, é preciso que esses momentos sejam mediados da forma correta, para que não se criem situações de preconceito, inimizade, bullying e desconforto entre famílias;
- Compreender a essência da aprendizagem: a escola precisa ter bem claro o que pretende com o seu plano de estudos. Suas ações, portanto, devem estar de acordo com os objetivos definidos para aquele ano – sem ignorar a cultura dos alunos e o que eles trazem de casa;
- Desenvolver habilidades: este aspecto vai além das operações matemáticas e dos exercícios de geografia. Para os estudiosos, os professores têm que estimular comportamentos como autonomia, autoconhecimento, autoconfiança, responsabilidade social e respeito;
- Estimular o interesse em ensinar e aprender: o psicólogo educacional ajuda no trabalho de coordenadores e professores os incentivando a gostar de ensinar e aprender. Pensa comigo: se o aluno tiver um professor motivado, certamente, irá se interessar pelos estudos, não é?;
- Direcionar o autoconhecimento: o ambiente da escola é propício para estimular os alunos a desenvolver habilidades e gostos como dança, esporte, culinária, leitura, escrita e outros. Um aluno que se conhece melhor, que sabe como funciona, passa a entender também de que forma aprende melhor;
- Incentivar disciplina positiva e criativa: professores e alunos não podem ter como único objetivo a memorização para uma prova. Por isso, o espaço da escola precisa ser um lugar para desenvolver a cooperação, a criatividade, o autoconhecimento, a integração, a preocupação com o meio ambiente, a empatia etc.
Qual a diferença entre a psicologia educacional e escolar?
Apesar de serem vistos como sinônimos, as atribuições de cada um são bem claras: a psicologia educacional faz a pesquisa sobre o processo de ensino-aprendizagem de determinado contexto. Por exemplo, se o profissional trabalha em uma escola em que uma turma de 1º ano está com dificuldades para se alfabetizar, ele vai estudar essa turma e identificar quais são os maiores problemas.
A partir daí, inicia o trabalho da psicologia escolar. Ela vai agir na prática, buscando alternativas para ajudar o indivíduo com dificuldades de aprendizagem, fazendo encaminhamentos, produzindo material para os professores agirem.
Mas veja: o profissional da psicologia que trabalha diretamente com educação pode atuar nas duas práticas. Ou seja, primeiro fazendo a pesquisa, detectando o problema e, depois, criando estratégias práticas para ajudar o aluno a se desenvolver.
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