“Colocar um pouquinho de esperança em nossos alunos”. Esse é o lema seguido por professoras, como Rita de Cássia, para continuar ensinando mesmo diante dos desafios criados pela pandemia da COVID-19. E o esforço, compartilhado por familiares dos estudantes e pelos próprios alunos, já pode ser visto em um minidocumentário lançado pela Bracell na semana passada. Disponível no canal da empresa no YouTube e nas redes sociais, o minidoc é uma homenagem às professoras que estão na linha de frente da educação na região do Litoral Norte e Agreste da Bahia, onde a empresa capacita gestores e educadores da rede pública de ensino, por meio do projeto de Educação Continuada.
No vídeo, a pró Rita, como é carinhosamente chamada pelos alunos, conta os seus esforços para continuar educando na crise sanitária, principalmente na zona rural. De acordo com ela, o campo sofre ainda mais por conta das dificuldades de acesso às tecnologias usadas no ensino a distância. Além disso, tem também o estigma de analfabetismo dessa população, enraizado no imaginário de quem não conhece esta realidade.
“Quando se pensa em zona rural, vem logo à cabeça que o analfabetismo mora ali. E esse estigma é cruel, porque os alunos da zona rural precisam de incentivo, de bons professores, e não de preconceito”, afirma a professora, hoje vice-diretora da Escola Municipal Manoel Alcântara, na zona rural de Itanagra.
Rita não está só nessa luta por um ensino de qualidade e acessível a todos. Com ela, há outros que abraçam a função de educar como missão de vida. É o caso de Auciléia Santiago, que, durante a pandemia, teve que lecionar uma turma multisseriada. Para superar ainda mais esse obstáculo, ela e os colegas criaram, junto com as famílias dos alunos, estratégias de ensino virtual com foco na realidade desses pequenos moradores da área rural.
“Não posso planejar uma aula para os alunos do campo igual planejo para os da zona urbana. Tenho que ver seu dia a dia, tenho que observar se realmente aquela aula vai servir para ele, porque não posso fugir da realidade deste aluno e de sua família”, diz ela, que leciona para crianças de 4 e 5 anos, da educação infantil I e II.
Essa nova maneira de educar ganhou apoio dos pais dos estudantes. Dessa forma, assim como os professores, eles passaram a ter papel determinante no processo de aprendizado dos filhos durante a pandemia.
“A pró Auciléa sempre fala: ‘mãe, se tiver dúvida, me procure’. Esse apoio foi ótimo, porque pude ajudar meu filho a aprender a formar as palavras”, alegra-se a agricultora Cleide, que acompanha as aulas com o filho por meio do celular. “Me dediquei bastante para poder ajudá-lo”, complementa ela. Segundo ela, só após o fim das tarefas virtuais do filho, é que eles vão à roça, de onde a família tira o ganha-pão.
Ampliando o acesso
Maria José Pereira é outro exemplo de educadora dedicada a minimizar o impacto da pandemia na vida dos estudantes. Ela conta que, por conta da falta de estrutura tecnológica, muitos alunos ficaram, inicialmente, sem poder acompanhar as aulas, mas isso foi resolvido com o esforço coletivo.
“Percebemos que não estávamos conseguindo chegar a todos os alunos, porque alguns não tinham internet, celular, computador, e isso não era aceitável”, relata. Junto com outros professores, ela começou a imprimir as atividades e a disponibilizá-las para que os pais pudessem retirar o conteúdo na escola para seus filhos.
Por conta das dificuldades, nem todos iam buscar o material. Foi aí, então, que os professores começaram a entregar as atividades nas casas e até mesmo nos locais de trabalho dos responsáveis pelos estudantes.
“Quando não conseguimos que todos fossem ao colégio, a gente ia nas casas dos pais. Nós insistíamos para entregá-las, até mesmo na feira, para que os alunos tivessem acesso à educação. No final das contas, nossa ação conseguiu alcançar 98% dos alunos”, festeja Maria José, diretora da Escola João Pereira dos Santos, na comunidade de Catuzinho, em Aramari.
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