A Empodera, em parceria com a Rise Up, Cummins Brasil e Fundação Tênis, está realizando o projeto As Vozes das Adolescentes. A ação tem o intuito de empoderar e desenvolver liderança em meninas adolescentes, para que se tornem líderes e impactem positivamente a escola e os lugares em que vivem. Ao todo, 42 meninas, entre 13 e 18 anos, da rede pública de ensino de SP, foram selecionadas para participar do projeto.
Após passarem pelo processo de formação em liderança ao longo do último ano, as meninas estão entrando na segunda fase do projeto. Nesse estágio, as participantes vão receber mentorias, bem como o acompanhamento de tutoras para estruturação de planos de ação de incidência política que mudem a realidade de problemas que enfrentam no cotidiano e ajude outras meninas a conhecer e exercer seus direitos.
Seis temas foram identificados pelas meninas e serão trabalhados. A maior parte para enfrentar desafios no ambiente escolar. Entre eles estão a discriminação LGBTQI+; falta de absorventes nas escolas; falta de apoio psicológico; desigualdade de gênero nas aulas de educação física; insegurança de mulheres para denunciarem violência; e educação sexual e saúde das meninas nas escolas.
“As meninas passaram por oficinas virtuais, de agosto a fevereiro, e agora elas estão aprendendo a como definir os objetivos dos planos de ação delas e criar um plano de incidência política para mudar as estruturas da sociedade”, destaca Jane Moura, presidente da Empodera-Transformação Social pelo Esporte.
As Vozes das Adolescentes trabalha liderança e empoderamento
No total, a formação promovida pelo projeto As Vozes das Adolescentes mobilizou e envolveu cerca de 60 estudantes na metodologia criada pela Rise Up e adaptada ao contexto brasileiro pela Empodera. As atividades, que ocorreram de agosto a fevereiro, tiveram como foco a participação ativa das meninas que, por meio de jogos lúdicos, práticas corporais e rodas de conversa, discutiram como garantir seus direitos na sociedade. Mas, por causa da pandemia, a maior parte das atividades foi realizada virtualmente.
Entre os conteúdos abordados, as meninas adolescentes trabalharam habilidade de comunicação, negociação, empatia, garantia de direitos e advocacy, fundamental para colocarem seus projetos em ação e promover a transformação social na escola, família e lugares em que vivem.
A estudante Giullya, de 14 anos, destaca os planos de ajudar outras mulheres do seu convívio a conhecerem seus direitos. “No futuro isso vai me ajudar a ser segura de mim mesma, para minha família, vou ajudá-las”.
Já Lívia, de 15 anos, acredita que o conhecimento adquirido ao longo da participação do projeto vai apoiar na construção de ações relevantes para que mais meninas adolescentes tenham espaço. “Acredito que a gente pode realizar vários projetos para que a gente tenha mais lugar na sociedade. Nós, meninas, queremos igualdade”.
Mas por que meninas?
É na infância e na adolescência que as questões de gênero são construídas e que situações de vulnerabilidade têm impactos na vida adulta. De acordo com dados do Instituto Data Folha (2018), 536 mulheres sofrem violência física por hora – quase 5 milhões por ano. A triste realidade não para por aí.
É na puberdade que a autoconfiança das meninas diminui duas vezes mais que a dos meninos, de acordo com levantamento da ONU Mulheres. Isso também se reflete na prática de esportes, pois 34,8% das meninas brasileiras abandonam quando chegam à adolescência, segundo o Ministério do Esporte (2013) por não serem espaços considerados “para meninas”.
Dessa forma, o projeto As Vozes das Adolescentes aposta no empoderamento e no desenvolvimento da liderança de meninas adolescentes para garantir a igualdade de gênero. A metodologia desenvolvida pela Rise Up e adaptada ao contexto brasileiro pela Empodera combina práticas esportivas, espaços de escuta, desenvolvimento de habilidades de liderança e incidência política e conhecimento.
“As meninas são impedidas de realizar todo seu potencial na adolescência. Seja por questões sociais, como controle e sexualização do corpo das meninas, bem como a falta de oportunidades. Por isso é tão importante trabalhar a liderança com essas meninas. E o esporte é um meio para trabalhar a saúde física e mental”, finaliza Jane Moura.
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