Desde que a pandemia chegou ao Brasil, as escolas regulares e demais instituições de ensino se viram obrigadas a suspender as aulas presenciais. A única forma encontrada para amenizar esse problema foi aderindo as aulas remotas. Diante desse cenário, a edtech capixaba LUMA Escola Individualizada realizou uma pesquisa com pais e responsáveis de estudantes de escolas particulares da Grande Vitória a respeito do ensino remoto.
Cerca de 68% dos entrevistados disseram que o desempenho dos filhos mudou com as aulas remotas na pandemia. Desse número, 92% alegaram uma piora nas performances dos filhos nos estudos. Alguns pais e responsáveis relataram que os filhos continuam tendo boas notas, mas acreditam que não estão aprendendo de fato os conteúdos passados nas aulas on-line. Outro ponto também destacado pelos responsáveis é a respeito das avaliações, que estão sendo aplicadas de forma remota e com consulta.
De acordo com a tutora da LUMA Escola, Alexia Chaves, as aulas remotas podem ser prejudiciais por causa dos aparatos tecnológicos e da forma como o aluno lida com elas. “Algumas questões tecnológicas, muitas vezes, acabam prejudicando a aula. Nem todos os alunos, por exemplo, têm acesso a uma boa internet, ou nem sempre a internet vai estar boa. Então, às vezes, eu estou explicando alguma matéria e o aluno diz que não compreendeu porque a internet está caindo. Além disso, muitos alunos se sentem intimidados com a tecnologia e não ligam a câmera ou o microfone durante a aula. Em alguns casos o professor dá um semestre todo de aula e não conhece o rosto do aluno”.
Mas para a pedagoga Karin Soares, o fato de os alunos estarem imerso nesse ambiente tecnológico e poderem estudar dentro da sua residência ajuda no desempenho. “As crianças de hoje são da era tecnológica, então os obstáculos que eles enfrentam são muito fáceis de serem resolvidos. O que também facilita o desenvolvimento escolar é o fato de eles estarem no ambiente deles. Eles estão em casa, não é um ambiente fora, que tem toda a adaptação escolar. Só de eles estarem em frente ao computador, que é deles, facilita”.
Aulas remotas e a presença do professor
A figura do professor também foi enfatizada na pesquisa realizada pela edtech capixaba. E 85% dos pais apontaram que a presença do professor no dia a dia do aluno em sala de aula faz muita falta.
Os motivos para esse número alto são os mais variados, mas alguns se destacam: dificuldades em fazer perguntas ao professor durante as aulas on-line; dentro de casa há muitas distração; e alguns alunos desligam a câmera do computador ou tablet e se distraem com outras coisas, como, por exemplo, o celular.
Segundo Karin, a falta da presença física do professor tem seus pontos positivos e negativos. “Tem o lado do prejuízo e o do lado bom. Do lado do prejuízo existem algumas questões onde precisa-se de uma intervenção pessoal. Por exemplo, o aluno vai trabalhar com tesoura no início da alfabetização, onde precisamos trabalhar a coordenação motora, então, pela imagem, a criança não tem uma visualização muito clara. Às vezes o professor não consegue trabalhar de uma forma pontual. Mas, por outro lado, conseguimos envolver a família, o que supera o ponto negativo. Isso fortalece o vínculo com os responsáveis e eles conseguem observar as metodologias, a forma como o professor está aplicando determinada atividade. Dessa forma eles se tornam um colaborador, e, depois, conseguem desenvolver outras atividades”.
A resolução desse problema, de acordo com Alexia, não é simples. Mas passa muito pelo papel do professor em adotar novas metodologias e se aproximar dos familiares dos alunos.
“As metodologias precisam ser mais ativas. Ter muita sensibilidade para identificar como o aluno responde a cada método que usamos, o que ele prefere. Então passa pela sensibilidade do professor, as metodologias ativas e estar em contato também fora de aula. Pois ajuda a criar e aumentar esse vínculo entre professor, família e aluno”.
Falta de socialização
Não foi apenas a falta de contato presencial com os professores que os pais disseram ser prejudicial para o desempenho dos filhos. De acordo com os responsáveis, a falta de socialização dos filhos com os demais colegas de turma e escola é muito prejudicial para eles.
Dentro de casa, a rotina torna-se basicamente a mesma. Nos primeiros dias, é mais fácil se adaptar, mas com o passar das semanas uma situação fica insustentável. A saudade dos colegas cresce, a vontade de brincar na rua aumenta, e isso culmina numa ansiedade enorme.
Neste ponto, Karin vê as crianças muito afetadas. Aqui entra o papel do professor, em tentar amenizar esse dano na preparação de uma aula.
“Esse é um prejuízo bem, porque a criança tem um instinto de socialização. Em questão de saúde mental, a criança é bem prejudicada. Nós somos seres feitos da socialização, a gente precisa ver gente, então, dependendo da criança, ela só vive no meio de adultos. É mais um ponto que o profissional precisa ser flexível e, às vezes, não focar tanto no conteúdo que ele preparou”, finaliza a pedagoga.
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